Boa Vista recebe oferta da Equifax: ação deixará o Ibovespa?

 | 21.12.2022 12:11

Pouco mais de dois anos depois da abertura de capital, a Boa Vista (BVMF:BOAS3) pode deixar a bolsa brasileira. Isso porque a empresa recebeu uma proposta para combinação de seus negócios com a norte-americana Equifax (NYSE:EFX).

A Equifax, que já tem 10% da Boa Vista, está oferecendo R$ 8 por ação, o que representa um prêmio de 70% sobre o fechamento da ação da Boa Vista na terça-feira, de R$ 4,79. 

Pode parecer um bom negócio, no entanto, a oferta de R$ 8 fica abaixo dos R$ 14 da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). Desde a estreia na bolsa em outubro de 2020, o papel caiu quase -50%.

Ou seja, a Equifax pode levar a companhia por um valor menor do que ela já valeu.

Apesar de o prêmio representar um valor inferior ao preço do IPO, a ação reagiu com forte alta de +48,23%, a R$ 7,10, na B3 (BVMF:B3SA3), após o anúncio.

 

Sobre a Boa Vista/h2

Fundada há mais de 60 anos como SCPC (Serviços Central de Proteção ao Crédito), a Boa Vista atua no mercado de birôs de crédito, que é basicamente um sistema que opera por trás de todas as pesquisas de score, pendências e informações para solicitação de crédito.

Esse mercado, de soluções analíticas, representa 65% da receita da companhia, enquanto os 35% restantes são bastante pulverizados.

O segmento de análise de dados e birôs de crédito no Brasil está concentrado em poucos players: Boa Vista Serviços, Serasa Experian (LON:EXPN), Quod e SPC Brasil.

A Boa Vista era o único player antigamente, mas, com a entrada de startups no mercado de crédito, foi possível criar novos “scores (notas de 0 a 1.000) baseados em políticas de crédito de cada empresa que opta por utilizar seus próprios bancos de dados.

Além disso, vemos que um mercado de crédito mais deteriorado impede o crescimento da companhia.

Apesar da Boa Vista ter se beneficiado positivamente dos dados fornecidos pelo Cadastro Positivo — o número de cadastros saltou de 8 milhões para 135 milhões — as leis de LGPD têm elevado a necessidade de proteção de dados, trazendo mais riscos para o negócio.

Do SCPC ao IPO /h2

A Boa Vista Serviços estreou na B3 com a promessa de se reinventar mais uma vez.

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Com esse aceno ao mercado, a companhia captou R$ 2,17 bilhões, com a maior parte dos recursos (75%) usada para aquisições e o restante para novas iniciativas e pagamento de credores.

Parece um bom uso do dinheiro, mas, desde a oferta, a companhia fez duas aquisições e ambas não foram transformacionais.

A Boa Vista adquiriu a Acordo Certo, que auxiliou no crescimento de ‘soluções para consumidor’, mas foi pouco representativo no resultado consolidado (com cerca de 6%); e a aquisição da Konduto elevou as linhas de receita de ‘soluções antifraude’, mas também se mostrou pouco representativa em seus resultados (4% do consolidado).

O que o futuro reserva?/h2

Com a Equifax, a companhia brasileira parece ter ganhado perspectivas melhores de futuro diante de um cenário mais complicado e com pouquíssima visibilidade de melhora.

A Equifax tem sede em Atlanta e concorre com empresas como Experian e Transunion.

Especificamente no setor de crédito nos EUA, a companhia possui expertise centenária para manter os investimentos e se inserir no mercado de crédito com menor risco — dado que o portfólio internacional deve representar cerca de 25% do faturamento total e Brasil, apenas 10%.

A perspectiva de crescimento da Boa Vista era baixa e, com um novo board, é possível que os processos possam ser acelerados, além de utilizar a companhia que já conta com sistemas e cadastros rodando para replicar nos países da América Latina

Vale lembrar que outros players de crédito como Creditas, Nubank (NYSE:NU) (BVMF:NUBR33) e grandes bancos tradicionais já estão em outros países oferecendo soluções de crédito e investimento.

Nesse sentido, vemos com bons olhos a possibilidade de um player de birô de dados alcançar a mesma capilaridade.

Principal sócio diz que aceita a oferta/h2

A proposta da Equifax já tem o apoio do principal acionista da Boa Vista, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que detém 30% do capital da companhia.

Se a fusão entre a Boa Vista e a Equifax ocorrer, a ACSP deverá se comprometer a celebrar um contrato de 15 anos com a norte-americana durante os quais se absterá de competir com o negócio da companhia.

Além disso, a associação fornecerá acesso exclusivo aos seus dados e fornecerá serviços de consultoria e suporte regulatório.

Como ficam os investidores após a fusão?/h2

Para o investidor que está posicionado no ativo desde o IPO, a notícia é prejudicial dado que as ações foram precificadas a R$ 12,20 e com o prêmio pago pela Equifax ficariam em torno de R$ 8,00, gerando prejuízo de -34%.

Diante de um cenário como esse, impossível não se perguntar: o que fazer com as ações de BOAS3?

Sugiro avaliar a expectativa dos próximos resultados — que, segundo o mercado, é de crescimento estável — e aguardaria a avaliação da compra para entender o prejuízo de cada investidor. Se for acima do preço médio, o investidor terá ganhos já esperados com a OPA e em caso de prejuízo — que iria ocorrer desde já, caso realizasse a posição — uma estratégia interessante é abatimento dos prejuízos com os lucros futuros.

 

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