Bomba-Relógio da Dívida Pública: o que Isso Significa para Seus Investimentos?

 | 27.07.2020 15:37

Os jornais do final de semana seguem tomados por notícias sobre a reforma tributária. As discussões seriam travadas em outubro, e só seriam aprovados os itens de maior consenso.

A oposição diz que o governo não está criando um entendimento. Situação é otimista em relação aos pontos-chaves.

Ao contrário da Reforma da Previdência, que traria uma economia brutal para o fiscal e era urgente e inadiável, a Reforma Tributária visa simplificar e reorganizar o sistema. Ou pelo menos deveria fazer este papel.

Mas, a julgar pelo que estamos vendo até agora, a reforma traria também um novo aumento de carga tributária. A nova contribuição vinda da união do PIS e Cofins poderia ter uma alíquota de 12 por cento, onerando fortemente o setor de serviços.

Novamente, entramos em um espiral de baixa produtividade no país. Começando com uma necessidade de aumento de gastos, que desta vez veio por causa da pandemia. Essa despesa faz crescer a dívida, e a preocupação com a sua sustentabilidade.

A necessidade de gastos aqui, que deveria ser combatida com redução de gastos acolá, é na verdade combatida com o aumento de impostos. O aumento de impostos é repassado para os preços e criamos uma economia pesada, ineficiente e de baixa competitividade.

Nossa economia não sendo eficiente gera baixo crescimento, o que prejudica o pagamento da dívida, que por sua vez aumenta a necessidade de gastos.

É um círculo vicioso que estamos vivendo desde 1999. Um contínuo aumento da carga tributária. Enquanto isso, somos um país inchado, ineficiente e com saúde e educação de baixa qualidade.

Me perdoe o pessimismo em plena segunda-feira, mas é que dá muita tristeza ver que mais uma vez vamos encarar o aumento de gastos dessa forma.

h2 Aumentar os gastos é ruim?/h2

O aumento de gastos em si não é um problema, se ele vem para financiar um setor produtivo e gerar maior crescimento futuro, como explicou o economista Armínio Fraga na sua coluna da Folha neste domingo.

Mas não é o nosso caso. O nosso aumento de gastos veio para financiar o Coronavoucher, que era necessário, mas que não vai gerar crescimento.

Por outro lado, estamos aumentando nossa dívida e chegaremos até o ano que vem em uma dívida bruta de 100 por cento do PIB.

Além de tudo isso, estamos encurtando o prazo médio da nossa dívida. O Tesouro reduziu fortemente a colocação de títulos longos durante a crise, para não piorar as taxas de juros do mercado.

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Ele passou a emitir mais pós-fixados que, com a queda da Selic, baratearam muito o financiamento da dívida pública. Por outro lado, reduziram bastante o prazo médio da dívida, de 4,5 anos em 2016 para 3,7 anos hoje, segundo o próprio Armínio.

O aumento da dívida com redução do prazo médio nos deixa em uma situação muito delicada para o futuro. Ficamos com uma margem de manobra muito estreita para se financiar.

Qualquer nova crise ou baixo crescimento aciona a bomba-relógio. Se tivermos inflação e necessidade de aumentar mais rápido a Selic então, nem se fala.

h2 Seus investimentos/h2

Por isso que eu sigo falando que não gosto de investir nos juros longos.

É preciso tomar muito cuidado com este tipo de investimento.

Muitas pessoas possuem fundos passivos, de IMA-B, por exemplo, ou títulos como IPCA ou prefixados, que performam muito bem desde 2016.

Os investidores deste tipo de título passaram 4 anos vendo rentabilidades maravilhosas, e por isso seguem nesses investimentos.

Mas esses retornos só foram possíveis por conta de uma tendência inédita no Brasil e no mundo de quedas enormes das taxas de juros.

O gráfico abaixo mostra o comportamento dos juros prefixados de 5 anos no Brasil desde 2015. Podemos ver claramente a tendência de queda.