Bovespa Pode Ir aos 70 mil pontos para Cair 50%?

 | 17.10.2016 11:10

Alguém ainda se lembra que o Brasil perdeu o grau de investimento em dezembro de 2015 pela agência de classificação Fitch e em fevereiro último pela Moody's?

Alguém ainda se lembra que a Petrobras (SA:PETR4) ainda carrega uma dívida bilionária?

Alguém ainda se lembra que os bancos brasileiros, principalmente os bancos públicos, carregam em suas carteiras de crédito vultosas somas de empréstimos de empresas ligadas à Lava Jato, de empresas ligadas ao setor de Construção Civil, e estão no meio do maior patamar de recuperações judiciais de toda a história econômica brasileira?

Por enquanto, tudo isso foi esquecido nos últimos 8-9 meses. Pelo menos no mercado financeiro, mais especificamente no Bovespa. O índice Bovespa saiu de 37.000 pontos e já está em 61.800, pelo fechamento de sexta-feira, depois de bater a máxima de 62.000.

Não é a primeira vez que valorizações como essas são vistas no Bovespa depois de quedas fortes. Desde o início da Bovespa, em todos os Bear-Markets, quedas de 80% ou 90% em dólar provocaram, em suas posteriores recuperações, pernas de alta gigantes. Cada uma dentro de um contexto econômico. O atual momento é outro. E põe outro momento nisso. Experiências surreais de política monetária de taxas de juros quase zero eternas em todo mundo estão em curso, distorcendo várias classes de ativos.

Mais. No Brasil, tivemos, e ainda estamos nele, o maior e mais intenso terremoto financeiro de toda sua história econômica. 2 anos seguidos de queda de PIB em torno de 3,5% (o ano de 2016 ainda por fechar) provam isso, não há registro em toda a história econômica brasileira, nem mesmo na Crise de 29, tamanha queda do PIB em 2 anos.

Esses dois componentes é que jogam todos na seguinte dúvida:

A recuperação do Bovespa vale tudo isso? Até onde podemos ir? Tudo isso faz sentido?

Numa outra direção, alguns dos principais investidores do mundo estão sendo recorrentemente questionados por insistirem na tese de que o mundo vive uma situação fora do comum, e de que crashes nas diversas classes de ativos são iminentes. É claro, em se tratando de mercado financeiro, o timing do investidor pode não ser o mesmo do algoritmo, correto? Muitos desses investidores sobrepõem dados econômicos para não justificar o otimismo corrente dos mercados de ações em várias partes do mundo. Praticamente todo o mundo acionário, segundo esses mesmos investidores, vive situações esdrúxulas, com correlação de ativos-lucros, preços de ações e previsões de lucros, avanço dos mercados acionários e tantos outros fora do lugar.

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Bem. Por questões políticas óbvias, o Brasil havia passado longe desse otimismo mundial até 6-7-8 meses atrás. Esqueçam. Havia. Hoje, o Brasil faz parte desse otimismo. As questionáveis correlações vistas nas empresas lá fora, sejam elas quais forem, ativos-lucros, endividamento-previsão de lucros, preços de ações-lucros, passam a ser vistas aqui também, aque mais chama atenção, é a do setor bancário.

Vamos tangenciá-la. A próxima reunião do Copom se aproxima no Brasil. Deu-se nos últimos dias um frenesi em torno dela como há muito não se via. Parece reunião do Fed. Há uma forte expectativa de que as taxas de juros começarão a cair.

O que os analistas estão ensaiando? Nove entre dez analistas vão dizer, e já estão dizendo, que os bancos vão se beneficiar com a queda, pois o crédito vai crescer. etc. etc. etc. Como assim?

Vejam abaixo o gráfico e a evolução da receita com Títulos e Valores mobiliários dos bancos Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Bradesco (SA:BBDC4) na linha vermelha No caso do BB, um aumento de 4 vezes. Isso mesmo. 300% de 2013 para 2016. No caso do Bradesco, um aumento de 2 vezes. 100% de 2013 para 2016.