BRC-20: O que é e como afeta o Bitcoin?

 | 25.05.2023 14:35

Se você é um usuário ativo em comunidades crypto, sem dúvida já ouviu falar de um tal “BRC-20”, um novo padrão de token que tem sido objeto de muita discussão ultimamente em razão dos aumentos das taxas e da lentidão no Bitcoin. Aliás, quem não se lembra que no final de semana do dia 6 de maio a rede Bitcoin parou temporariamente quando o número de transações não confirmadas atingiu recorde? As taxas começaram a subir e a Binance teve que pausar saques dos usuários por duas vezes. Mas você sabe exatamente o que é esse padrão e como ele funciona? O que será que aconteceu?

O padrão de token “Bitcoin Request Comment 20 (BRC-20)” foi introduzido em março de 2023 por um desenvolvedor anônimo conhecido como “Domo”. O termo é uma alusão ao famoso padrão da Ethereum, o “Ethereum Request Comment 20 (ERC-20)”, e é basicamente a “versão Bitcoin” desse padrão da rede de Vitalik, ressalvadas algumas diferenças importantíssimas que veremos mais à frente. Vamos ao início de tudo!

Origem do padrão BRC-20/h2

As bases que possibilitaram a criação do padrão BRC-20 foram construídas com o lançamento do protocolo Ordinals no início deste ano, cuja estratégia é demarcar e numerar cada satoshi da rede Bitcoin para que, posteriormente, possam ser vinculados aos dados extras (as “inscriptions”, que podem ser textos, áudios, vídeos, imagens, etc) que são adicionados nas transações dentro dos blocos. 

Em síntese, a marcação dos satoshis com números únicos já daria certo caráter de “individualidade” e raridade a cada um deles, certo? Afinal, imagine ser detentor do primeiro satoshi do primeiro bloco da história? Agora imagine vincular um desses satoshis individualizados a um determinado dado extra que foi inscrito na blockchain (ex: uma imagem do atacante German Cano). 

Isso faria com que a imagem de Cano ficasse unicamente sinalizada com aquele número ordinal (daí o nome) específico que a identifica! Aí sim os dotes de infungibilidade estão completos. Por este motivo, muita gente passou a falar em “NFTs do Bitcoin”! Temos alguns artigos e relatórios no Hub do Investidor onde simplificados o tema!

Acontece que, em 8 de março, Domo, que era um detentor de um desses “NFTs” proporcionados pelo protocolo Ordinals, resolveu lançar um padrão de token experimental para o Bitcoin. Sua ideia era usar a camada base do Bitcoin para criar tokens alimentados por inscriptions, os denominados BRC-20. Domo planejou inscrever alguns dados JSON (Javascript Object Notation) nos satoshis, o que, pulando as tecnicidades, abriu as portas para mintar esses tokens!

O que é o padrão BRC-20 na prática? Qual sua diferença para o ERC-20?/h2

Seguindo a linha do padrão ERC-20 da Ethereum, a ideia do BRC-20 é possibilitar a criação e transferência de tokens fungíveis na blockchain Bitcoin, fazendo isso por meio do protocolo Ordinals. E, assim como os tokens ERC-20 da Ethereum, os BRC-20 tem diferentes mecanismos e funções. Mas há uma diferença essencial!

À primeira vista, o padrão BRC-20 pode se parecer com qualquer outro token que usa uma camada de base específica, como o ERC-20, BEP-20 e outros. No entanto, não há qualquer funcionalidade integrada de contratos inteligentes! Mas então como o BRC-20 funciona? 

O token BRC-20 usa o método de inscrição dos Ordinais para “preencher” os satoshis com os tais dados de texto JSON que falamos. Para simplificar, imaginemos e digamos que ele é um “arquivo de script baseado em texto” (como na imagem abaixo) que é armazenado em um satoshi! Pensemos nos satoshis como caixas que estão sendo preenchidas com papéis cheios de textos escritos e complicados, os tais dados JSON!

Em outras palavras, um token BRC-20 usa o protocolo Ordinals para inscrever um tipo específico de texto em um satoshi, tornando-o um token fungível e legível! Mas legível como? Quem lê esses dados tão complexos?