Break America Great Again

 | 27.04.2018 12:07

Preocupar-se é ocupar-se duas vezes. O sofrimento é duplo: antes do fato, diante da perturbação por pensamentos pessimistas; e no fato em si, encarando a realidade negativa.

Ao menos assim pensam os estoicos. Amos Tversky, que ganharia o Prêmio Nobel de Economia se não tivesse morrido cedo demais, achava a mesma coisa. Era um otimista incorrigível.

Daniel Kahneman – esse, sim, Prêmio Nobel de Economia e amigo de Tversky – vai na direção oposta: é um grande pessimista. Considera que, ao antecipar um problema futuro, pode amenizar o sofrimento quando da real materialização da coisa ruim lá na frente – supostamente, já estaria preparado para o mal.

Volto ao estoicos, para quem a felicidade está na virtude. Ela é interna, alheia aos acontecimentos de fora. Logo, resta-nos um estado de apatheia (apatia) como caminho de luz. Deveríamos ser indiferentes aos fatores que nos escapam, não guardam relação com a nossa virtude pessoal.

Desculpe, mas eu não consigo. Aliás, não sei nem se devo. No mercado financeiro, se você não se pré-ocupa, não poderá se proteger de eventuais eventos negativos que venham a acontecer lá na frente. Está na essência da atividade tentar antecipar acontecimentos futuros, agindo hoje para colher frutos amanhã.

Todos falam do futuro do juro nos EUA, do tuítes de Donald Trump , das eleições brasileiras, da recente decepção com os dados de atividade local, da disparada do dólar, do problema fiscal. Ok, ok. Tudo isso pode ser motivo de preocupação. Mas eu estou antecipadamente ocupado com outra coisa, retratada na imagem abaixo: