Brexit, Fed, BoJ e China Aumentam a Ansiedade e Aversão ao Risco

 | 13.06.2016 14:13

Risco desconhecido

Depois de uma sexta-feira terrível, mercados registram hoje mais um dia de cautela. Aversão a risco predomina diante de preocupações com o Brexit e de ansiedade com dados da China e reuniões importantes de bancos centrais (temos Fed e BoJ ao longo da semana).

Os desdobramentos da eventual saída do Reino Unido da União Europeia - que será decidida em plebiscito no próximo dia 23 - são desconhecidos e isso é sempre um problema. Os maiores riscos são justamente aqueles de difícil mensuração e para os quais não estamos preparados.

Felizmente, Rodolfo, o titular desta newsletter, está em Londres para tentar nos trazer um pouco de luz sobre a questão. Ainda fora dos radares tupiniquins, pode virar tsunami ou marolinha sobre os mercados.

Como referência, Gerge Soros, que já quebrou o Banco Central inglês, alerta para risco de colapso. Talvez seja um pouco exagerado, mas certamente contém elementos de preocupação.

Negociando

Talvez ainda mais preocupante para nós, brasileiros, seja a instabilidade política no país.

Entre delações, grampos e Cunha fazendo o que pode (e o que não pode) para evitar a cassação de seu mandato, Michel Temer tem que se desdobrar para aprovar as medidas econômicas necessárias à recuperação do país e, ao mesmo tempo, permanecer alheio à este mar de lama que encobre Brasília.

O presidente interino deve voltar ao Congresso nesta semana para entregar pessoalmente a PEC que limita o crescimento das despesas públicas à variação da inflação. Seria amanhã, mas ainda há um impasse sobre o tempo de duração da proposta.

Enquanto o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defende dez anos, os aliados do novo governo querem um prazo menor, de três a cinco anos.

Se a questão pendente for mesmo apenas o tempo de vigência, acredito que não teremos problemas em chegar a um meio termo para aprovar a medida, uma das mais importantes até agora no âmbito do ajuste fiscal.

Olho no Banco Central

Outro tema de interesse por aqui é o discurso de posse de Ilan Goldfajn no Banco Central, marcado para às 15h00.

O que o mercado espera é que ele avance nas sinalizações que deu durante a sabatina no Senado, quando fez uma defesa enfática da meta central de inflação (puxando os juros para cima) e exaltou o regime de câmbio flutuante (derrubando a cotação do dólar frente ao real).

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As expectativas para a atuação do novo presidente do BC são positivas, embora as projeções consensuais do mercado ainda teimem em refletir o discurso mais conservador de Ilan, principalmente no que diz respeito à inflação.

No relatório Focus de hoje, por exemplo, estimativas para o IPCA em 2016 saltaram de 7,12% na semana passada para 7,19%, ainda bem acima do centro da meta (4,50%). Já para o ano que vem, as projeçãos apontam para uma inflação oficial de 5,50%, menor patamar desde 2009.

Lá no posto Ipiranga

No plano corporativo, a grande notícia do dia é a compra da rede Ale pela Ipiranga, do Grupo Ultra, por R$ 2,17 bilhões. Já comentei mais cedo (no Daily PRO) sobre os múltiplos envolvidos na transação, chegando ao entendimento de que foi um preço atrativo pago pela Ultrapar (SA:UGPA3).

A própria reação do mercado, ilustrada pela alta de 4% de UGPA3 no momento em que escrevo (a maior do Ibovespa hoje), deixa evidente que trata-se de um bom deal para a Ipiranga, que vê a distância para a primeira colocada BR Distribuidora no ranking das maiores distribuidoras de combustíveis do país diminuir consideravelmente.

Segundo os dados mais recentes divulgados pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), a BR Distribuidora detinha ao final do ano passado 27,72% do mercado brasileiro de venda de gasolina, seguida pela Ipiranga (20,8%), Raízen (19,6%) e Ale (5,2%). Com a incorporação da Ale, a fatia da Ipiranga sobe para 26% e fica quase empatada com a da controlada da Petrobras (SA:PETR4).