BTG (BPAC11) é a Fórmula 1 dos Bancos no 2T22

 | 19.08.2022 13:13

Não é à toa que o Banco BTG Pactual (BVMF:BPAC11) fechou o segundo trimestre de 2022 com lucro líquido ajustado de 2,175 bilhões de reais, o que representa uma alta de +26,5 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o segundo trimestre consecutivo em que o lucro do BTG bateu recorde — lembra até a excelência tecnológica e de estrutura da Fórmula 1.

A receita total do BTG também foi recorde e aumentou +20 por cento na comparação com o segundo trimestre do ano passado, para 4,5 bilhões de reais.

O BTG está fazendo um ótimo trabalho em manter o crescimento independentemente do cenário. Mesmo com a alta dos juros e cenário complicado nos mercados, o banco apresentou números sólidos e consistentes nos segmentos de gestão de fortunas e gestão de fundos, mostrando resiliência para enfrentar momentos adversos e que o banco aprendeu a não depender somente da mesa de operações.

Não vejo os quatro maiores bancos listados do Brasil como destaque porque crescem pouco as receitas de prestação de serviços, segmento que traz maior rentabilidade para os bancos. As instituições apresentaram uma mediana de crescimento de apenas +6 por cento na comparação anual.

Nas carteiras de crédito, linhas de maior nível de risco e retorno entre o público pessoa física, como cartão de crédito, empréstimo pessoal e crédito consignado, também houve crescimento em 12 meses, porém esbarramos novamente no empecilho do setor, que não é o mais rentável.

Além disso, as contratações de crédito são cíclicas, logo, refletem crescimento de acordo com o cenário econômico.

A nossa preferência no setor é por empresas como o BTG, que crescem seus resultados independentemente do cenário e que sabem se aproveitar de outros segmentos – rentáveis – quando o cenário não está favorável.

h2 Aumento do risco com a inadimplência/h2

O aumento das despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) é um dos principais pontos de preocupação dos bancos Itaú (ITUB4), Bradesco (BVMF:BBDC4) e Santander (BVMF:SANB11).

O indicador médio subiu +49,8 por cento, para 21,53 bilhões de reais, apontando um aumento do risco com a inadimplência em alta em um ambiente de inflação e juros elevados, com exceção para o Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que foi o único entre os bancos tradicionais que não movimentou uma despesa maior em provisão para devedor duvidoso — o PDD do banco ficou praticamente estável.

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Esse “controle de despesas”, por sua vez, refletiu nos resultados do Banco do Brasil, que registrou o lucro de 7,6 bilhões de reais no segundo trimestre, uma alta de +38 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas esse avanço não foi suficiente para alavancar o indicador de rentabilidade (ROE), que ficou em 20,6 por cento, semelhante ao do Santander, Banco do Brasil e Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), ambos com 20,8 por cento, e abaixo do BTG Pactual, por exemplo, com +21,6 por cento.

A nosso ver, não faz sentido crescer os lucros apenas cortando os custos. Mais uma vez, preferimos ver linhas de negócios que crescem para o lucro crescer junto. Nesse sentido, aumentar a carteira de crédito não necessariamente vai trazer rentabilidade para o negócio.

Por que o resultado foi positivo mesmo com o aumento de provisões?/h2

De fato, o resultado dos bancos tradicionais veio um pouco melhor do que o mercado esperava. Nossa analista aponta que apesar das despesas de PDD terem crescido bastante, os lucros também cresceram, exceto o do Santander.

Para nós, BB, Itaú, Bradesco e Santander apresentaram resultados neutros. A inadimplência anual do Bradesco, em específico, foi a que mais cresceu. Inclusive, o banco possui a maior taxa de crescimento de PDD entre os “bancões”.

O roxo deve seguir no vermelho/h2

A inadimplência e a pressão sobre crédito ainda são uma grande preocupação em um ambiente de inflação e juros elevados.

Esses números vêm aumentando  trimestre a trimestre, ainda mais porque os bancos ampliaram a carteira de crédito. Ao longo do tempo, devemos perceber uma taxa de inadimplência um pouco acima da média histórica.

Deve ser uma inadimplência mais contida para os “bancões”, pois possuem uma estrutura de capital mais robusta, mas é uma preocupação para players recém-chegados, como é o caso do Nubank (BVMF:NUBR33).

O índice de inadimplência acima de 90 dias aumentou +0,6 ponto percentual na passagem do primeiro para o segundo trimestre, chegando a mais de 5 por cento — maior do que a dos bancos tradicionais.

O número foi ajustado com a metodologia nova apresentada pela companhia, embora a realidade seja uma piora cada vez maior no perfil do cliente que o roxinho oferta seus créditos.

h2 Como resolver essa situação/h2

Na nossa opinião, buscar uma carteira de clientes com perfis bons pagadores (melhores scores) seria uma das alternativas para aliviar parte da pressão sobre o índice de inadimplência. Adicionalmente, quando os juros no Brasil começarem a cair, essa pressão poderá ser reduzida, pois as pessoas terão mais condições de manter as contas em dia. Em um cenário de queda, os empréstimos ficam mais baratos, o que também deve estimular o acesso ao crédito e o aumento de consumo.

Vale ressaltar que a melhora da inadimplência não será imediata, pois leva um certo tempo para as instituições repassarem para os clientes os cortes da Selic. Os bancos conseguem se beneficiar do “spread bancário” nas transações de crédito.

O spread bancário é a diferença financeira entre o valor que é pago para captar recursos e o que ele cobra para emprestar esses mesmos recursos. Em um cenário de queda nos juros para 10 por cento, e os juros cobrados nos empréstimos se mantendo próximo de 13 por cento, a diferença entre o que o banco vai captar é mais próximo de 10 por cento e emprestar 13 por cento, assumindo os demais custos e tarifas constantes no tempo.

No entanto, vemos que esse ganho em spread não deverá ser representativo porque, conforme mencionamos anteriormente, crédito não é rentável, muito menos estável. Pode ter efeito positivo no resultado dos bancos nos próximos trimestres, mas será algo temporário.

O melhor banco da América Latina/h2

Mesmo com um mercado mais fraco com mesa de operações, o BTG Pactual seguiu estável com suas receitas (+4 por cento) por conta da atuação dos clientes institucionais (fundos de pensão, seguradoras, entre outros).

É importante destacar que as duas linhas de negócios mais fortes e resilientes da companhia seguem em franco crescimento. A área de gestão de fundos cresceu +50 por cento em sua receita com o aumento de captação ("net new money") e com o registro de taxas de performance no trimestre. A área de gestão de fortunas + banco digital cresceu +66 por cento com o avanço do varejo de alta renda e os resultados da Empiricus 100 por cento inclusos no trimestre.

Por fim, nas áreas de menor participação do negócio – Banco Pan (BVMF:BPAN4), Too Seguros, investimentos no mercado global e patrimônio investido em CDI –, a companhia segurou a boa performance com seus investimentos no cenário de CDI atual.

Vemos o BTG com um ótimo crescimento e seus preços não refletem a totalidade disso. Negociando a 10x lucros, mantemos nossa recomendação de Compra para BPAC11.