Andy Hecht | 17.01.2022 14:29
Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
O Federal Reserve abandonou a caracterização da alta da inflação como “transitória” na reunião de dezembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, autoridade monetária dos EUA). Depois que o presidente Biden indicou Powell para seu segundo mandato à frente do banco central americano, o Fed acelerou a redução dos estímulos em vista dos últimos dados do índice de preços ao consumidor, abrindo o caminho para uma elevação das taxas de juros na reunião de março deste ano do Fomc.
Nos primeiros dias de 2022, o banco central dos EUA mostrou-se reticente em reduzir seu balanço. No entanto, a ata de dezembro do Fomc mostra que é possível haver uma mudança do afrouxamento para o aperto da política monetária dos EUA nos próximos meses.
A inflação afeta os valores das moedas fiduciárias, na medida em que deteriora seu poder de compra. O declínio do dólar, euro, libra esterlina, iene e outras moedas fiduciárias que derivam seu valor da fé e do crédito dos governos que as emitem não é imediatamente apreensível ao se medir uma divisa contra a outra. A “fiats”, no entanto, perderam valor quando as medimos contra as ações, commodities, imóveis e criptomoedas em 2021.
As criptomoedas são uma alternativa a outros meios de troca e adotam uma ideologia econômica libertária. Enquanto os bancos centrais, tesouros nacionais, autoridades monetárias e governos podem expandir ou contrair a política monetária de forma a impactar a oferta de dinheiro, com as criptomoedas é diferente. Seu valor depende da oferta e demanda estabelecidas pelos participantes do mercado, sem qualquer interferência governamental. Por isso, as pressões inflacionárias provavelmente provocaram o aumento de mais de 180% na capitalização da classe de ativos em 2021.
Bull markets raramente se movem em linha reta, e suas correções podem ser brutais. Em um mercado volátil, como o das criptos, a ação dos preços não foi nada menos que alucinante, e o criptomercado iniciou 2022 em tom baixista.
h2 Início ruim em 2022/h2As principais criptomoedas e sua capitalização de mercado começaram a cair em 10 de novembro e continuaram em baixa até agora em 2022.
Fonte: CQG
Como ilustra o gráfico, o Bitcoin futuro registrou a formação de um padrão de reversão baixista em 10 de novembro, quando seu preço tocou a máxima de US$69.820 e fechou abaixo da mínima do dia anterior. Em 31 de dezembro de 2021, o mercado futuro fechou a US$46.275 e, no fim da semana passada, a criptomoeda líder estava a US$43.330, 37,9% abaixo da máxima de 10 de novembro.
O Ethereum futuro alcançou a máxima de US$4.972,75 em 10 de novembro e registrou o mesmo padrão baixista, fechando 2021 a US$3.685. A US$3.340 em 14 de janeiro, o Ethereum estava 32,8% abaixo do pico recorde de meados de novembro.
Já a capitalização das criptomoedas era de US$2,166 trilhões em 31 de dezembro e estava a US$2,091 trilhões em 17 de janeiro, um declínio de 3,5% até agora em 2022. O Bitcoin e o Ethereum acumulavam queda de 6,4% e 9,4%, respectivamente em 2022. As criptos líderes tiveram desempenho aquém da classe de ativos até agora no ano, enquanto outros tokens se saíram melhor do que as duas criptomoedas dominantes.
h2 Volatilidade é a característica mais marcante da classe de ativos/h2Os participantes do mercado estão acostumados com as fortes oscilações de preços das criptomoedas, cujo valor pode dobrar, triplicar e também cair pela metade.
Fonte: CQG
O gráfico semanal do Bitcoin futuro mostra que sua volatilidade histórica ficou entre 42,57% e 128,50% em 2021. Ao nível de 50,9% em 14 de janeiro, a variação de preços ficou mais perto da mínima do que da máxima desde o início de 2021.
Fonte: CQG
Em fevereiro de 2021, os contratos futuros de Ethereum começaram a ser negociados na CME. Sua volatilidade histórica semanal desde a mínima de 38,92% até a máxima de 149,95% de fevereiro a dezembro de 2021. Ao nível de 49,7% em 14 de janeiro, a volatilidade semanal do Ethereum também estava perto da mínima.
O declínio na variação de preços mostra que as criptos líderes estão se consolidando após os movimentos desde a máxima de 10 de novembro. Embora ambas tenham registrado mínimas inferiores no início de 2022, a ação de preços acalmou-se, com Bitcoin e Ethereum recuperando-se desde os fundos recentes.
h2 A inflação não vai desaparecer no futuro próximo e continuará deteriorando os valores das moedas fiduciárias/h2Na semana passada, o escritório de estatísticas trabalhistas dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor subiu em dezembro, alcançando 7% em 2021. O núcleo da inflação, que exclui os preços de alimentos e energia, foi de 5,5%. A meta de inflação do Fed é uma média de 2%. O índice de preços ao produtor subiu quase 10% em 2021.
O banco central acelerou a redução da flexibilização quantitativa, que deve se encerrar em março de 2022, abrindo espaço para uma elevação das taxas de juros no país. Além disso, o Fed discutiu reduzir seu balanço através do vencimento dos títulos de dívida em seu portfólio. Essa ação faria com que o banco central passasse a fazer um aperto quantitativo, incentivando taxas de juros mais elevadas ao longo da curva a termo.
A previsão de taxa de juros mais recente do Fomc é de 0,90% em 2022 e 1,60% em 2023. Mesmo que a inflação comece a arrefecer, o que não é certo, os juros reais de curto prazo permanecerão negativos ao longo de 2022 e 2023. A taxa real de juros considera seu patamar atual menos a inflação.
A inflação deteriora o poder aquisitivo do dinheiro. Nas últimas duas décadas, a liquidez dos bancos centrais, os estímulos governamentais e os problemas envolvendo as cadeias de fornecimento provocados pela pandemia acenderam um pavio inflacionário que será difícil apagar. Além disso, a escassez de mão de obra está forçando aumentos salariais nos EUA e estimulando um incêndio inflacionário.
h2 Fintech e inflação – Criptos são uma alternativa/h2A revolução da fintech aumentou a velocidade e a eficiência do sistema bancário e financeiro. A evolução da fintech inclui os novos meios de troca, as criptomoedas. Os governos são instituições conhecidas por se mover lentamente. A resposta do Fed à inflação é um exemplo perfeito de reação atrasada a um evento econômico. As pessoas tendem a votar com seus bolsos e carteiras. A fé nas instituições governamentais caiu com a alta da inflação nos últimos meses.
A fintech resolve aspectos de velocidade e eficiência. Por isso, não é uma surpresa que as criptomoedas tenham se tornado instrumentos sensíveis à inflação. Desde que os governos não interfiram nos mercados, o valor é uma função da atividade de compra e venda dos seus participantes. Além disso, ao contrário dos governos, que podem emitir moedas fiduciárias a seu bel prazer, a oferta de criptos só aumenta através da mineração.
Com a inflação em seu patamar mais alto em quatro décadas, os calores das criptomoedas provavelmente encontrarão um fundo e retomarão sua trajetória ascendente.
h2 Bitcoin e Ethereum encontrarão fundos – O bull market não acabou/h2Bull markets raramente se movem em linha reta, e suas correções podem ser brutais. O declínio do Bitcoin desde quase US$70.000 até menos de US$40.000 por token na mínima mais recente é um exemplo de como as correções podem abalar a fé até mesmo dos “touros” mais devotos.
No entanto, as criptos não são o único ativo a passar por profundas correções em um bull market. O petróleo futuro na Nymex caiu da máxima de US$85,41, no fim de outubro, até a mínima de US$62,43, no início de dezembro, uma queda de 26,9% em seis semanas. O cobre futuro na Comex foi negociado na máxima de US$4,8985 por libra-peso em maio de 2021 e caiu até a mínima de US$3,9615 em agosto, um declínio de 19,1% em três meses. A madeira serrada futura saiu de US$1711,20, em maio de 2021, até a mínima de US$488 por 1000 pés-tábua em agosto, uma correção de 71,5%.
Os preços das commodities se recuperaram desde as mínimas e eu suspeito que o Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas seguirão o mesmo caminho. A inflação deteriora o poder de compra do dinheiro, e medimos o valor das criptomoedas e outros ativos em termos de dólares. A inflação elevada e as taxas de juros reais negativas devem levar à continuidade do padrão de mínimas e máximas ascendentes nas criptomoedas e diversas outras classes de ativos.
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