Café: Após a Alta no Mês Anterior, Preços do Arábica Recuaram em Outubro

 | 14.11.2019 16:31

ARÁBICA

Após a alta no mês anterior, os preços do café arábica recuaram em outubro. A pressão foi reflexo das quedas do dólar e dos futuros da variedade. Assim, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 421,58/saca de 60 kg, 2,1% inferior à média de setembro. Em relação a outubro/18, a baixa foi de 1%, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI de set/19). No cenário externo, apesar das preocupações quanto ao clima, as cotações foram pressionadas pela expectativa de oferta elevada depois da abertura da principal florada da safra 2020/21 no Brasil, além de fatores técnicos. A média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em outubro foi de 100,24 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 1,2% em relação ao mês anterior. Quanto ao dólar, fechou a R$ 4,083, desvalorização de 1% na mesma comparação.

Quanto aos negócios, com a baixa das cotações e atentos ao clima, grande parte dos agentes seguiu retraída, limitando os negócios. Assim, o volume total comercializado da temporada 2019/20 seguiu baixo em outubro, com pouca variação em relação ao mês anterior. Segundo colaboradores do Cepea, a região que mais negociou foi o Noroeste do Paraná, com cerca de 55 a 70% da safra 2019/20. Na Zona da Mata, de 50 a 65% dos grãos também já foram comercializados. Na Mogiana, Sul e Cerrado Mineiro, a comercialização do café arábica está entre 40 e 60% do total da safra 2019/20. Em Garça (SP), de 45 a 50% dos grãos produzidos nesta temporada foram vendidos até o encerramento de outubro

Campo – Após chuvas no final de setembro e início de outubro, boas floradas ocorreram em todas as regiões de café arábica do Brasil. Apesar da grande dimensão e uniformidade das flores, grande parte dos agentes ficou preocupada com as chuvas limitadas e dispersas de outubro. Este cenário, aliado às altas temperaturas do mês, levaram à queda de algumas flores em lavouras mais novas, mas agentes indicam que não houve impactos significativos na produção. Mesmo com o cenário longe do ideal, boa parte das lavouras recebeu algum volume de chuva em outubro, o que auxiliou no pegamento das flores, sendo que praticamente todos os cafezais de todas as praças já estão em fase de formação do chumbinho. Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a estação com maior incidência de chuvas em outubro foi Franca (Mogiana – SP), com 119 mm, seguida de Londrina (PR), com 99,4 mm. Em Marília (Garça – SP), as precipitações acumularam 77,8 mm, em Manhuaçu (Zona da Mata – MG), 73,6 mm e, por fim, em Varginha (Sul de Minas), as precipitações acumularam apenas 21,8 mm. Para as praças que apresentaram baixo volume, a falta de água ainda não trouxe grandes prejuízos, mas já preocupa produtores, uma vez que os cafezais ainda não estão em condições fisiológicas excelentes. Além do mais, precipitações mais volumosas serão essenciais a partir de dezembro, quando se inicia o enchimento dos grãos. Caso o regime de chuvas siga irregular durante esta próxima fase, a peneira dos cafés deve ser prejudicada, o que, além de afetar a qualidade dos lotes, pode reduzir o rendimento durante o beneficiamento dos grãos. Ainda assim, é valido ressaltar que estimativas quanto às possíveis produção e qualidade da safra 2020/21 poderão ser feitas apenas após o enchimento e a granação.

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ROBUSTA

As cotações domésticas do café robusta apresentaram leve queda em outubro, pressionadas pelo recuo dos valores externos do grão. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima foi de R$ 288,09/sc de 60 kg, baixa de apenas 0,3% frente ao mês anterior. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 278,37/sc, 0,8% inferior à média de setembro. Em relação ao mesmo período de 2018, as cotações ainda apresentam quedas de 16,2% para o tipo 6 e de 16,8% para o 7/8, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGPDI de set/19). No mercado externo, as cotações foram influenciadas por fatores técnicos e pelo início da colheita no Vietnã, ainda que esta esteja em ritmo lento, devido às chuvas volumosas no país asiático e produtores desestimulados pelos preços atuais. O contrato Janeiro/20 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.322/tonelada em 31 de outubro, baixa de 1,3% na comparação com o último dia útil de setembro. Quanto à comercialização interna, os preços em baixa e as preocupações quanto ao clima mantiveram produtores muito retraídos do mercado, limitando a liquidez. Assim, o volume comercializado de robusta em outubro não apresentou variação em relação a setembro, com 40 a 50% da safra 2019/20 vendida no Espírito Santo, e de 70 a 80% em Rondônia.

Safra 2020/21 – Produtores de robusta também seguiram preocupados com o clima em outubro. No Espírito Santo, assim como para as regiões de arábica, as chuvas foram esparsas: enquanto em São Mateus o acumulado foi de 183,6 mm, em Linhares, o volume foi de apenas 38,2 mm em outubro, segundo dados do Inmet. Ainda assim, as flores apresentaram bom pegamento no mês, sendo que as lavouras já estão em fase de desenvolvimento do chumbinho da temporada 2020/21. Porém, é essencial o retorno de precipitações mais volumosas nas próximas semanas para o bom desenvolvimento da safra, especialmente em dezembro, quando se inicia o enchimento dos grãos. Já em Rondônia, o clima tem sido mais favorável, sendo que o acumulado de chuvas em outubro foi de 273,4 mm. As lavouras da região também estão em desenvolvimento do chumbinho, e as condições para a safra 2020/21 são favoráveis.