Café: Assim Como o Arábica, Houve Recuperação das Cotações do Robusta em Junho

 | 15.07.2019 18:33

ARÁBICA

Os preços domésticos do café arábica finalizam junho em alta. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 411,93/saca de 60 kg, forte recuperação de 5,9% em relação à média de maio. Em comparação com o mesmo período de 2018, entretanto, ainda houve queda de 14%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de maio/19). A elevação em junho se deve à elevação dos futuros da variedade no mês, sobretudo na última semana, quando os preços voltaram aos patamares de dezembro de 2018, cenário que atraiu agentes ao spot e permitiu o fechamento de um bom volume de negócios. No geral, a comercializações de cafés da safra 2018/19 foi de 85 a 90% do total produzido no Brasil em junho.

No quadro externo, a valorização do café arábica foi reflexo das preocupações com o risco de geadas nas regiões cafeeiras do Brasil (o que poderia afetar a safra 2020/21), de fatores técnicos e da desvalorização do dólar frente ao Real. A média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em maio foi de 103,93 centavos de dólar por librapeso, elevação expressiva de 8,8% em relação a maio. O dólar, por sua vez, registrou média de R$ 3,861, desvalorização de 3,4% no mesmo comparativo.

Vale (SA:VALE3) apontar que, na média da safra (de julho/18 a junho/19), houve recuo de 14,9%, frente à temporada 2017/18, com o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 a R$ 422,62/saca de 60 kg. A média também foi a menor, em termos reais, desde a temporada 2001/02 (valores deflacionados pelo IGPDI de maio/19). A acentuada queda das cotações esteve atrelada, principalmente, à elevação da oferta global do grão, tendo em vista a safra recorde no Brasil e a boa produção no Vietnã e na Colômbia, segundo e terceiro maiores produtores mundiais, respectivamente.

A pressão sobre as cotações do café só não foi mais significativa por conta do dólar elevado ao longo da safra 2018/19. Na média da temporada, a moeda norte-americana foi de R$ 3,862, contra R$ 3,308 na anterior 2017/18. Assim, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 foi de U$S 106,86/sc, 21,1% abaixo da observada na safra anterior. Por outro lado, a valorização do dólar também resultou em aumento dos custos de produção, refletindo especialmente em alta nos preços de adubos e de outros insumos agrícolas.

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SAFRA 2019/20 – Para a próxima safra brasileira (2019/20), iniciada em julho deste ano, a expectativa de agentes é de que os preços sigam semelhantes aos vistos em 2018/19, pelo menos até a finalização da colheita. Isso porque, apesar das menores produção e qualidade observada até o momento – devido à bienalidade negativa e a problemas climáticos – a partir de agosto, o setor deve voltar a atenção para o desenvolvimento da temporada 2020/21, que será de bienalidade positiva no Brasil e contará com a produção de muitas lavouras recentemente renovadas.

Além disso, ainda há um volume considerável de café remanescente disponível. Em relação à colheita, após as dificultades devido às chuvas em maio, os trabalhos ganharam ritmo. Até a última semana de junho, as regiões de Garça (SP) e Noroeste do Paraná eram as mais adiantadas, com cerca de 50 a 70% dos grãos colhidos. Já na Mogiana (SP), no Sul e Cerrado Mineiro, as atividades variavam de 40 a 50%. Por fim, na Zona da Mata, a colheita atingia 40% do total esperado até a última semana de junho. Quanto à qualidade, apesar de ser observada leve melhora em relação ao início da colheita, agentes ainda mostram preocupação com o padrão do café arábica em todas as regiões, especialmente em relação ao aspecto, à bebida e à peneira inferiores nesta temporada.