Café: Cotações Domésticas do Arábica e do Robusta Recuaram com Força em Março

 | 10.04.2019 18:26

ARÁBICA

As cotações domésticas do arábica recuaram com força em março, pressionadas especialmente pela acentuada queda externa e pela desvalorização do dólar em partes do mês. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica, tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 395,70/saca de 60 kg no mês, recuos de 3% em relação à de fevereiro e de expressivos 14,1% frente a março/18, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de fev/19). Foi, também, a menor média desde janeiro/14.

As quedas externas, por sua vez, são influenciadas por fatores técnicos, pela valorização do dólar e pela expectativa de ampla oferta global – este especialmente relacionada à produção brasileira. No Brasil, o bom volume de café ainda na mão de produtores, boas perspectivas quanto à safra 2019/20 e o possível recorde de exportações nacionais em 2018/19 – de 38 a 40 milhões de sacas – apenas reforçam o cenário de oferta “folgada”. Assim, em março, a média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 97,4 centavos de dólar por libra-peso, forte queda de 5,1% em relação a fevereiro. O dólar registrou média de R$ 3,843, alta de 3,3% de fevereiro para março.

Vale apontar que a queda dos preços externos não tem apenas afetado apenas o mercado brasileiro. Em março, a Fedecafé (Federação dos Cafeicultores da Colômbia) anunciou que está estudando a possibilidade de vender a colheita do país latino a um preço que cubra os custos de produção, sem estar atrelado à cotação do mercado de Nova York, segundo agências de notícias internacionais.

Em relação à liquidez, os baixos preços mantiveram agentes retraídos por boa parte do mês, limitando os negócios. Assim, a comercialização da safra 2018/19 ficou restrita entre 70% e 80% do volume total produzido para a maior parte das regiões de arábica. Apenas no Noroeste do Paraná que cerca de 90% da safra havia sido negociada até o final de março. Vale (SA:VALE3) apontar que, nas últimas semanas do mês, a liquidez teve leve melhora. Mesmo com as cotações baixas e sem perspectivas de grande recuperação nos preços, devido à aproximação da colheita da temporada 2019/20, alguns produtores retornaram ao mercado, por conta das necessidades de caixa para custear as atividades de campo e de escoamento do café remanente para o armazenamento do novo.

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SAFRA 2019/20 – O clima seguiu favorável para as regiões de café arábica em março. Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas ultrapassaram os 75 mm em todas as regiões produtoras no mês, sendo que as estações de Patrocínio (Cerrado Mineiro) e Franca (Mogiana – SP) tiveram o maior acumulado do mês, com 299,8 mm e 218,4 mm respectivamente. As precipitações seguidas sol também auxiliaram na maturação dos grãos de muitas regiões, que estão com o desenvolvimento mais adiantado, especialmente devido às floradas precoces e ao clima mais quente no início de 2019.

Assim, a colheita da temporada 2019/20 deve ganhar ritmo já no final de abril na maior parte das regiões produtoras de arábica, um pouco mais cedo que o habitual, segundo indicam agentes consultados pelo Cepea. Vale lembrar que, na safra 2018/19, os trabalhos foram intensificados apenas em meados de maio/18.

Nas regiões de Garça (SP), Zona da Mata (MG) e Noroeste do Paraná, inclusive já há relatos de que alguns produtores iniciaram os trabalhos em cafezais mais precoces e nas pontas de algumas plantas, que apresentam grãos mais maduros. Ainda que poucos lotes de grãos beneficiados cheguem ao mercado em abril, as atividades devem aumentar apenas em meados deste mês, com um maior volume de café sendo disponibilizado em maio. De acordo com relatos de colaboradores do Cepea, o volume colhido em 2019/20 ainda deve se aproximar do apontado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) no início deste ano, de 50,4 a 54,4 milhões de sacas – um possível recorde para um ano de bienalidade negativa dos cafezais de arábica.

Quanto à qualidade, no geral, é esperada menor peneira e maior defeito dos grãos, especialmente do café arábica, em decorrência do clima seco em janeiro e da menor uniformidade dos cafezais pelas diversas floradas. Além disso, na Mogiana, Sul e Cerrado Mineiro, também há preocupações quanto à broca.