Café: Preços do Arábica Dispararam em Maio

 | 10.06.2021 14:13

h2 ARÁBICA

Mesmo com o início da colheita da nova safra no Brasil, os preços do café arábica dispararam em maio. O impulso veio da expectativa de oferta mais justa tanto no País quanto em outras origens no curto prazo. Além disso, o atual clima desfavorável em lavouras nacionais e os problemas logísticos na Colômbia também reforçam o movimento de alta nos preços externos e internos do arábica. Entre 30 de abril e 31 de maio, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, avançou expressivos 94,82 Reais por saca de 60 kg (ou +12,1%), fechando a R$ 877,41/sc no dia 31 – novo recorde nominal da série do Cepea, iniciada em 1996. Para cafés mais finos, os preços já operavam na casa dos R$ 900/sc. Dados divulgados no encerramento de maio pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) confirmaram a menor produção na safra de 2021/22 do Brasil e reforçaram o movimento de alta nos preços internos. Para o USDA, a produção nacional deve somar 56,3 milhões de sacas de 60 kg, queda de 19,4% frente a 2020/21. A Conab estima volume menor, de 48,8 milhões de sacas, recuo de 22,6% em relação à safra passada.

No geral, agentes consultados pelo Cepea ainda não tinham uma estimativa concreta da produção em maio, visto que a colheita estava no início. Além disso, as lavouras apresentaram fases distintas de desenvolvimento, devido ao clima – em algumas praças, o enchimento dos grãos foi prejudicado pelo clima mais seco a partir de meados de março, enquanto outras apresentaram bom enchimento. Muitos colaboradores consultados pelo Cepea acreditam que o volume colhido possa ser levemente superior ao da Conab, mas inferior ao do estimado pelo USDA. O mercado também seguiu atento às chuvas abaixo da média no Brasil. No dia 27 de maio, o governo federal emitiu um alerta de emergência hídrica associado à escassez de precipitação para a região hidrográfica da Bacia do Paraná, que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, para o período de junho a setembro de 2021. Este cenário climático tem aumentado as preocupações quanto ao estado das lavouras e a possíveis impactos na produção brasileira de 2022/23, o que agravaria o quadro de oferta global de café.

Fora do Brasil, agentes estiveram apreensivos com as exportações na Colômbia, devido aos problemas de logística associados aos protestos antigovernamentais no país, e com a oferta na América Central, tendo em vista os impactos do clima e problemas de mão de obra. Com isso, os futuros do arábica passaram a operar acima dos 150 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os maiores patamares em mais de quatro anos. Entre 30 de abril e 28 de maio, o contrato Julho/21 avançou 14,8%, fechando a 162,35 centavos de dólar por libra-peso no dia 28 (no dia 31 de maio, a Bolsa de Nova York não operou, por conta do feriado de Memorial Day nos EUA). Quanto ao dólar, fechou a R$ 5,225 no dia 31, desvalorização de 3,84% no mesmo comparativo. Em relação à liquidez, poucos negócios foram efetivados no físico nacional, uma vez que a maior parte dos produtores seguiu distante do mercado, devido à incerteza quanto à oferta em 2021 e, consequentemente, à possibilidade de novas altas dos preços. Parte dos agentes começa a se preocupar, agora, com os cumprimentos dos contratos realizados anteriormente para entrega neste ano, visto que muitos cafeicultores fecharam negócios abaixo dos R$ 600/sc.

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