Café: Sentados num barril de pólvora

 | 27.03.2023 09:15

Mais uma semana onde o mundo fixou seus olhos na “super quarta” (onde tivemos o FED* aumentando os juros americanos em apenas +0,25 pontos e o Banco Central Brasileiro mantendo os juros estáveis em +13,75% ao ano). Mesmo com toda a turbulência nos mercados internacionais o café até que se saiu bem e fechou a semana com uma alta acumulada em +1,58% (fechamento sexta-feira semana passada / mínima na segunda-feira / máxima na terça-feira / mínima novamente na sexta-feira / fechamento respectivamente @ 173,75 / 170,70 / 179,65 / 170,10 / 176,50 centavos de dólar por libra-peso).

Na sexta-feira, mesmo com o petróleo chegando a cair -5% e fechando com apenas -1,10% (o petróleo tipo Brent fechou a semana @ 75 US$/barril e o petróleo tipo WTI @ 69,20 US$/barril) e após notícias onde o Deutsche Bank é “a bola da vez” (as ações desse banco chegaram a cair -13%) o café chegou a subir +4% – e entre a mínima e a máxima do dia +690 pontos!

Aparentemente os principais bancos centrais estão empenhados em evitar uma nova crise financeira global e deveremos ter novidades durante o final de semana. Segundo notícia publicada na Bloolmberg a sra. Janet Yellen (secretária do Tesouro americano) marcou nova reunião (ainda na sexta-feira) do Conselho de Supervisão de Estabilidade Financeira (com os principais agentes reguladores dos Estados Unidos).

No café novamente tivemos notícias “bem positivas” com a Volcafé estimando um déficit na safra 23/24 em aproximadamente -5,60 milhões de sacas no café tipo robusta. Também está estimando uma redução na safra da Indonésia para apenas +9,10 milhões de sacas (a Indonésia é o terceiro maior produtor de café tipo robusta do mundo, atrás do Vietnam e do Brasil. Nas safras anteriores 21/22 e 22/23 havia produzido entre +10,50/+10,80 milhões de sacas). E os estoques certificados terminaram a semana em +747.500 sacas.

A única notícia “negativa” continua sendo a possibilidade do Brasil voltar a exportar entre +3,10 / +3,30 milhões de sacas agora no mês de março-23 (segundo dados/projeção da Cecafé: até o dia 24 o Brasil já emitiu permissão para embarcar +2,56 milhões de sacas – projetando a expectativa acima – e já embarcou +1,96 milhões de sacas).

Durante a safra brasileira julho-22 / junho-23 seguimos estimando uma exportação brasileira total no máximo em +36,70 milhões de sacas (contra +39,20 milhões de sacas na safra 21/22 e +45,68 milhões de sacas na safra 20/21).

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Atualizando nosso quadro de “oferta x demanda” o mercado está sentado em um barril de pólvora! Qualquer nova notícia referente a queda na produção em outra origem (por menor que seja) e/ou algum evento climático no Brasil (o inverno está chegando) poderá ligar o pavio e fazer esse mercado explodir!

Se as projeções / estimativas de quebra nas safras do Vietnam e Indonésia estiverem corretas e considerando a safra brasileira em +58 milhões de sacas (média “burra” entre Conab* e Mercado) o mercado poderá ter um déficit entre “oferta x demanda” acima dos -11,00 milhões de sacas (desconsiderando o estoque de passagem mundial estimado em +22,00 milhões de sacas). Um dos menores índices no “estoque x consumo” dos últimos 10 anos (Creio ser o primeiro analista a indicar um índice “estoque x consumo” entre +5,00% / + 8,00% pelos próximos 3 anos! E um déficit global acima dos -10,00 milhões de sacas para a safra 23/24)!

Provavelmente os fundos + especuladores e as grandes tradings/indústria já devem estar revendo seus números internos e posicionando para esse novo cenário. Segundo a última posição do CFTC* (e agora atualizada), os fundos + especuladores “viraram a mão” e agora estão comprados em apenas +4.500 lotes. Mas saíram da posição “vendida” de -20/25mil lotes para “comprada”. Como já vimos, dependendo do apetite e dos cenários de “oferta x demanda” de cada empresa, ainda poderão comprar muito, aumentando a posição comprada para +30/+40.000 lotes.