Café: Uma Andorinha Não Faz Verão!

 | 01.11.2021 16:30

A semana começou positiva com notícias vindas do Vietnam (notícias sobre a falta de conteiners e eventuais atrasos no início das operações de colheita em função das chuvas) impulsionando as cotações em Londres e contribuindo para a alta em NY. Nos 2 primeiros pregões da semana o Dez-21 chegou a subir 1.305 pontos e nos 2 dias seguintes voltou a “devolver” -975 pontos (negociando quinta-feira na mínima da semana @ 198,60 centavos de dólar por libra-peso).

 

Aparentemente os “fundos+especuladores” trabalharam ativamente procurando encontrar “stops”, tanto de compra como de venda. O volume diário negociado voltou a ficar acima dos 43.000 lotes/dia. O mercado voltou a ver amplitudes diárias variando entre 500/900 pontos. Na sexta-feira o Dez-21 voltou a fechar com +400 pontos, terminando a semana cotado @ 203,95 centavos de dólar por libra-peso – uma valorização em US$ positiva em +2,05%.

 

No vencimento Set-22 o movimento foi similar, chegando a atingir novamente os 213,95 centavos de dólar por libra-peso na terça-feira e 202,85 centavos de dólar por libra-peso na sexta-feira, e encerrando a semana cotado @ 207,75 centavos de dólar por libra-peso (valorização na semana em US$ positiva em +1,81%.

 

Segundo o CFTC* a posição dos “fundos+especuladores” teve uma redução no período em -635 lotes, terminando com a posição comprada no período em +49.294 lotes.

 

Os estoques certificados continuam caindo, com os estoques de arábica encerrando a semana em +1.879.864 sacas e os estoque de robusta em +1.945.833 sacas.

 

Mais uma semana terminando, mais um mês acabou, e a Conab segue sem divulgar o estoque de passagem da safra 20/21 para 21/22. Segundo boatos, a Conab não divulgou os dados pois “eram muito baixos e poderia gerar pânico no mercado”. Infelizmente essa omissão apenas gera desconfiança e descredito nos próximos números. Ou seja, “quando os números forem interessantes para alguns vamos publicar, quando for desfavorável não”.

 

O Brasil continua sendo o foco das atenções. Mesmo com a volta das chuvas nas últimas semanas a florada aparentemente não “pegou” como esperado.

Segundo Alysson Fagundes, pesquisador da Fundação Procafé, “a florada não vingou e as chances de uma boa safra de arábica fica cada vez mais distante do produtor. Com déficit hídrico muito acentuado, as chuvas chegaram tarde no parque cafeeiro. Segundo a Fundação Procafé, voltou a chover nas principais áreas de produção no dia 1º de outubro, aliviou as condições de seca, mas não recuperou o potencial produtivo da planta – cenário que já era previsto pelo setor cafeeiro no Brasil. Ainda de acordo com a Procafé, apenas os cafés plantados nos pontos mais altos das lavouras e os cafés irrigados são os únicos que apresentam condições mais favoráveis para o ano que vem”. 

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Ainda segundo Alysson “o problema não é a época que choveu, é o déficit que se acumulou antes da chuva. A hora que veio chuva é lógico que a gente estava esperando que seria uma super florada porque as flores que deveriam ter aberto no final de agosto/setembro/início de outubro, aguardaram para aquela chuva e toda aquela florada foi sendo uniformizada. Porém quando o botão floral espera muito tempo, a coisa não fica legal e quando nós tivemos a chuva e aquela super florada, o cafeicultor ficou super animado e nós da Fundação Procafé sabíamos que seria um problema grave. Florada muito visível quer dizer que a planta não está muito enfolhada.

A situação para o ano que vem é irreversível, e a planta não terá tempo para se recuperar para 2023. “Se nada der errado, 2024 é a maior safra de arábica do Brasil. 2022 é péssima, 2023 também nada de positivo e 2024 é recorde absoluto a não ser que aconteça mais algum problema. Ninguém no pior cenário imaginava seca, geada e geada”.

Novo relatório da OIC* voltou a indicar uma produção mundial na safra 20/21 em +169,6 milhões de sacas e um consumo global em +167,3 milhões de saca. Com base no nosso quadro de “oferta x demanda”, e com as primeiras projeções para as próximas safras 21/22 até 25/26, considerando as seguintes premissas:

– aumento no consumo mundial em +2% ao ano

– aumento na produção nos demais países produtores em 3% ao ano

– Brasil produzindo +54,70 / +49,00 / +68,00 / +61,00 milhões de sacas nas safras 22/23, 23/24, 24/25 e 25/26 respectivamente (futurologia pura), então, alguma coisa deverá acontecer!

O índice “estoque x consumo” poderá atingir níveis críticos nos próximos anos!