Dólar: Procurando Entender Ação do BC no Mercado!

 | 19.03.2020 10:55

Há infindáveis fatores para se analisar no comportamento do BC e suas intervenções e não intervenções no mercado de câmbio, e, ocorrências absolutamente imprevistas que causam incertezas e volatilidade no comportamento da formação de taxa cambial no país.

Voltemos no tempo e verificamos que a taxa cambial encerrou o ano em R$ 4,01, após oscilações nos últimos meses de 2019, e o BC, então, acentuou a pregação do seu dogma de que o “câmbio alto” era o “novo”, combinado com juro baixo, e desta forma se omitiu de intervenções no mercado e estimulou a ocorrência de forte movimento especulativo que aviltou o preço a partir do mercado futuro de dólar, sem que houvesse movimento de forte pressão no mercado à vista, por um período em torno de 60 dias e o preço do dólar, ao arrepio dos fundamentos, foi elevado às proximidades de R$ 4,30 ou no entorno.

Nunca houve uma explicação do que seria conceitualmente “cambio alto”, por isso qualquer preço para cima era preço, mas era compreensível que se tratava de uma estratégia ambiciosa de com o preço elevado da moeda americana, o que “barateava” o Brasil considerado caro, se suplantasse todas as deficiências presentes na economia e impossíveis de solução no curtíssimo prazo.

Assim, criou-se, a partir do discurso de governo entoado por grande parte do mercado, que haveria forte fluxo de investimentos para a Bovespa e para o setor produtivo, que agregaria também investimentos nacionais, focando o setor externo com fortalecimento da competitividade brasileira, o que por fim, dinamizaria a atividade econômica do país, gerando prosperidade que ancorava projeção do PIB em torno de 2,5%, afora geração de emprego, renda, consumo, etc...

Contudo, houve um desapontamento, pois a teoria não vingou na prática, a despeito do país ter, com certo retardamento, a Reforma da Previdência e insinuado a perspectiva de início das Reformas Tributária e Administrativa, que contudo ficaram travadas.

Então, a decepção com a ambiciosa estratégia e a mutação da perspectiva otimista para o país, e ancorado no dogma irreversível e mantido até mesmo ante o insucesso do “câmbio alto” e juro baixo, os “especuladores” fizeram a formação do preço da moeda americana “refém” e foram dando sustentabilidade ao seu preço fora da curva.

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Então, com a perspectiva de crescimento já em retração e o câmbio com preço fora da curva, surgiu o coronavírus, agora o “culpado” de todos os males, a bem da verdade uma “meia verdade”, e então a imprevisibilidade e a incerteza assolaram o mercado financeiro e o país.

A tese do câmbio alto e juro baixo tornou-se campo fértil para a especulação sobre a formação do preço da moeda americana e alavancou-se na deterioração rápida dos fundamentos prospectivos da economia brasileira.

Então, o câmbio tem seu preço aviltado e dá a impressão de que bilhões de dólares estão saindo do país.

Ledo engano, vamos olhar o que pouco é observado na formação opinativa predominante.

Neste mês em que o preço da moeda americana “explodiu” e superou os R$ 5,00, o que se verifica contraditoriamente é o fluxo cambial positivo para o Brasil no montante de US$ 1,976 Bi, então está melhor do que fevereiro, e há uma efusiva intervenção do BC, em especial, com oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira, como se o mercado estivesse carente de liquidez.

Mas, em câmbio nem tudo que parece efetivamente o é!

Ocorre que o RISCO PAÍS medido pelo CDS, usamos o de 5 anos, que compõe o custo de linhas de financiamentos externos utilizados pelos bancos para ancorar suas linhas de curto prazo, subiu de 17/2 quando estava em 92,9 pontos para 301,7 pontos em 17/3, portanto quase o triplo num curtíssimo espaço de tempo.

Os bancos vêm operando, data base 13/3, com posições “vendidas” (a descoberto) no mercado de câmbio no montante de US$ 37,0 Bi, contando naquela data com somente US$ 9,276 Bi de linhas de financiamento do Banco Central do Brasil.

Então, a diferença em torno de US$ 28,0 Bi vem sendo financiadas por linhas externas concedidas pelos bancos estrangeiro.

Ocorre que, é totalmente presumível, que o custo destas linhas na rolagem ou novas demandas tenham tido seus custos elevados fortemente, além de terem passado a mais rigor na seletividade.

Então, o BC prontamente entrou no mercado de câmbio com duas intervenções:

- oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra; e

- operações de compra com compromisso de revenda de títulos soberanos do Brasil denominados em dólar de posse de instituições financeiras nacionais, visando "garantir o bom funcionamento dos mercados".

Ambas visam sanar situação de desconforto para os bancos com suas linhas externas, dando-lhes liquidez para liquidarem as linhas que estão sendo aviltadas em custos ou dificultadas em rolagem, desafogando-os.

CONTUDO, AMBAS AS INTERVENÇÕES NÃO SE TRADUZEM EM LIQUIDEZ PARA O MERCADO DE CÂMBIO À VISTA, MAS SIM SÃO DIRECIONADAS A ALIVIAR PRESSÕES QUE PODEM ESTAR OCORRENDO SOBRE OS BANCOS E A UTILIZAÇÃO DE LINHAS EXTERNAS.

Para o quadro cambial de momento, a ação do BC focando a formação do preço deve ser de oferta de swaps cambiais tradicionais, e quando houver pressão de efetiva demanda de saída no mercado à vista, deve ofertas dólares à vista.

Linhas com foco efetivo em liquidez do mercado de câmbio à vista devem ser ofertadas quando há descasamento temporal de fluxos, mas no momento não há como se considerar que, caso haja pressão de saída, em perspectiva se possa considerar melhora substantiva de fluxo cambial.

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