Camil (CAML3) é “Compra” Após Entrar em Biscoitos Com Mabel?

 | 24.08.2022 13:45

Arroz, feijão e biscoitos. A Camil (BVMF:CAML3) anunciou a compra da Mabel e do licenciamento da marca Toddy para a categoria de cookies (ambas da PepsiCo (NASDAQ:PEP)), marcando a entrada da companhia no mercado de biscoitos e gerando mais uma concorrente para a M. Dias Branco (BVMF:MDIA3) nesse nicho.  

O mercado local reagiu positivamente à notícia e as ações da fabricante de alimentos chegaram a valorizar mais de +6 por cento após o comunicado na terça-feira, 23.

O movimento tende a ser bastante positivo para a Camil diversificar ainda mais o seu portfólio de produtos espalhados nas gôndolas de todo o país.

Atualmente, além do tradicional “arroz com feijão” da Camil, a empresa também possui marcas líderes em açúcar (União), pescados (Coqueiro), massas (Santa Amália), entre outros 20 nomes bastante conhecidos no Brasil e em outros países, como Chile e Uruguai.

Segundo o comunicado disponível na CVM, "a aquisição reforça a estratégia de expansão geográfica para crescimento da Camil em regiões complementares às operações atuais".

Estratégia de diversificação/h2

Fundada por dois imigrantes italianos, a Mabel é líder em vendas de rosquinhas no país e conta com outras marcas relevantes de biscoitos, como Doce Vida e Mirabel. Enquanto isso, a marca Toddy possui o segundo maior faturamento nacional em cookies.

De acordo com os termos da negociação, a aquisição da Mabel custará a Camil cerca de 200 milhões de reais a serem pagos à PepsiCo — que, em 2011, havia desembolsado 4x mais pela empresa que, até então, faturava pouco menos de 500 milhões de reais (~1,6x receita).

Agora, o plano da Camil é de dobrar esse faturamento, podendo adicionar mais de 1 bilhão de reais em sua receita no médio prazo.

Novas frentes incorporadas/h2

A aquisição ainda contempla as duas plantas industriais da Marabel (uma em Goiás e outra em Sergipe), que se somam às 33 que a Camil possui atualmente em suas operações. As duas fábricas operam atualmente com 50 por cento de sua capacidade — o que faz com que as vendas possam dobrar sem grandes investimentos, avalia o nosso analista.

Com o grande alcance geográfico de suas operações e a escala obtida ao longo dos últimos anos, vemos que a Camil tem capacidade de fazer bom proveito dessa e de outras aquisições realizadas recentemente.

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Vale ressaltar que a companhia possui um plano de crescimento inorgânico bastante aquecido e ainda possui espaço em seu balanço para mantê-lo por mais tempo.

Além da Mabel, a Camil já havia realizado outras seis aquisições no ano passado.

Mesmo que os movimentos aumentem a diversificação operacional da companhia, achamos prudente acompanhar como as adquiridas serão integradas e os futuros ganhos de sinergia, que poderão ser capturados no futuro, para ver se os resultados da empresa permanecerão sustentáveis e ascendentes.

Camil (CAML3) ou M. Dias Branco (MDIA3)?/h2

Uma de suas principais concorrentes na frente de biscoitos é a M. Dias Branco (MDIA3).

Ao integrar o portfólio de marcas adquiridas, a Camil está tornando o seu portfólio cada vez mais robusto e ganhando resiliência para enfrentar os vários ciclos do mercado.

No entanto, diante do período de inflação elevada, o cenário atual é desafiador tanto para a Camil quanto para a M. Dias Branco, tendo em vista que seus resultados variam muito de acordo com a oscilação de preço de commodities atreladas aos seus produtos e das condições de consumo da população em meio à alta da inflação e dos juros.

Sendo assim, ainda que a Camil negocie a 8x lucros atualmente (contra 23x lucros da M. Dias Branco) e que os movimentos recentes sejam positivos, o momento ainda é de cautela.

Na nossa avaliação, é preciso aguardar por uma maior visibilidade de crescimento por parte da Camil no longo prazo.