Carteira global: a importância do mercado americano no seu portfólio

Uma das máximas do mercado financeiro diz que não é prudente colocar todos os ovos em uma mesma cesta — e essa frase segue sendo muito relevante para sua seleção de investimentos. Além de considerar as possibilidades de investimento nacionais, é interessante, e até necessário, montar uma carteira global. Isso acontece pois o Brasil representa menos de 1% da economia global, logo, há diversas oportunidades de investimento presentes em outras economias. Inclusive, ter ativos de mercados sólidos e desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos, podem contribuir positivamente com seus resultados no mercado financeiro.

É importante pensar que a sua carteira de investimentos representa a união de todos os ativos que compõem o seu patrimônio. Tudo que você aloca dinheiro é um ativo da sua carteira de investimento. Aplicações de renda fixa, ativos ou derivativos da bolsa de valores, cotas de fundos de investimentos e outras alternativas como imóveis, criptomoedas, e até obras de arte podem compor o seu portfólio. No Brasil, o mercado de investimentos passou a atrair cada vez mais pessoas ao longo dos anos. Segundo dados da bolsa de valores brasileira, a B3 (BVMF:B3SA3), houve um aumento de 15% no número de investidores de renda variável apenas em 2022.

Este cenário demonstra um interesse crescente do público brasileiro em utilizar investimento para aumentar seu patrimônio ao longo do tempo. O número indica, também, que novos investidores estão buscando oportunidades além da poupança — uma das aplicações mais populares do país. Vale a pena destacar que, além do mercado nacional, você pode aproveitar possibilidades presentes em outras economias também. É nesse contexto que surge o conceito de carteira global.

Ela consiste no portfólio composto pelos investimentos feitos no Brasil e em outros países, e quando essa carteira é montada em alinhamento com seu perfil de investidor e os seus objetivos financeiros, ela pode melhorar seus resultados.

Qual o objetivo de um portfólio exposto a economias e setores diversos?

Fazer investimentos no exterior pode te auxiliar na diversificação do seu portfólio e no alcance das metas financeiras. Pense comigo o quanto estamos expostos em nossas vidas à produtos e serviços de empresas estrangeiras, como Apple (BVMF:AAPL34)(NASDAQ:AAPL), Microsoft (BVMF:MSFT34)(NASDAQ:MSFT), Johnson & Johnson (BVMF:JNJB34), Honda (BVMF:HOND34)(TYO:7267) e outras milhares de empresas do mundo todo das quais somos consumidores. No consumo, não nos limitamos apenas aos produtos de empresas brasileiras, mas por que então deveríamos nos limitar a investir apenas nas empresas brasileiras? Existem outras finalidades atreladas à estratégia de construção de uma carteira global, tais como:

• Exposição a economias fortes: Investidores com uma carteira global têm o objetivo de expor o seu patrimônio a economias fortes, envolvendo países como os Estados Unidos e outros da Europa e da Ásia. Isso acontece porque estes países assumem papel de destaque em todo o comércio global, com grande influência no cenário econômico mundial. Logo, decisões e acontecimentos internos nesses países tendem a reverberar em outros mercados;

• Equilibrar os riscos da carteira: Quem busca as oportunidades presentes no mercado internacional também costuma ter o objetivo de equilibrar os riscos da sua carteira. Isso acontece exatamente pelo potencial de diversificação que os investimentos estrangeiros oferecem;

Para entender melhor, imagine que o Brasil enfrente um período de instabilidade política, como o atual. Cenários assim geram reflexos na economia, podendo afetar a performance de diversos ativos da bolsa de valores e muitos fundos de investimentos. Por outro lado, ao se expor a investimentos do mercado estrangeiro, você poderá diluir esses riscos. Como os investimentos não estarão expostos ao cenário econômico brasileiro diretamente, eles podem proporcionar proteção para sua carteira.

Qual a importância do mercado americano para compor o portfólio?

Como você viu, existem diversos objetivos que justificam aproveitar as oportunidades presentes no mercado estrangeiro. Nesse sentido, há um país que se destaca pela sua economia sólida e influência em todo comércio global: os Estados Unidos.

Principal economia do mundo

Em primeiro lugar, vale considerar que os Estados Unidos são a principal economia do mundo, com aproximadamente 60% de todo o mercado global sendo dominado por empresas listadas em bolsas americanas. Ou seja, aqueles benefícios que você viu de se expor a países sólidos e desenvolvidos são maximizados com o mercado americano. Um dos principais exemplos de influência da economia dos EUA no mundo são as decisões do Federal Reserve (Fed). O órgão, que funciona como uma espécie de Banco Central americano, controla os juros do país. De acordo com a política monetária, o Fed pode aumentar, reduzir ou manter a taxa de juros americana. Dado o cenário, a estratégia do órgão é aguardada com ansiedade por quase todos os outros países, porque a direção que a economia americana seguirá servirá como referência para o próximo ciclo do comércio global.

Mercado de investimentos forte

Os Estados Unidos também podem ser considerados na sua estratégia por terem um mercado de investimentos forte. Para efeito de comparação, a bolsa de valores brasileira contava com cerca de 400 empresas listadas em 2022. Já nos Estados Unidos, aproximadamente 6 mil empresas estavam listadas na NYSE e na Nasdaq em 2022 — suas duas principais bolsas. Como o país conta com outras bolsas de valores além das localizadas em Nova Iorque, esse número é ainda maior. Entre as principais empresas listadas nas bolsas americanas, destacam-se Amazon (BVMF:AMZO34)(NASDAQ:AMZN), Apple, Tesla (BVMF:TSLA34)(NASDAQ:TSLA), Meta (BVMF:M1TA34)(Facebook (NASDAQ:META)), Alphabet (BVMF:GOGL35)(NASDAQ:GOOGL) (Google), Coca-Cola (BVMF:COCA34)(NYSE:KO) e Disney (BVMF:DISB34)(NYSE:DIS);

Inclusive, as próprias mid caps e small caps dos EUA mostram ser grandes empresas. É o que apresenta o estudo SPIVA Institutional Scorecard Year-End 2021 , do S&P Dow Jones, apontou essa questão. Conforme dados da diretora Berlinda Liu, a boa performance de fundos de gestão ativa normalmente tem “vida curta”. Ela mostra que, embora esses veículos consigam superar o seu benchmark em alguns cenários, esse desempenho se mantém por períodos mais curtos. No longo-prazo, fundos de gestão passiva, como os ETFs, são os ganhadores na maior parte das vezes.

O gráfico abaixo mostra o comparativo percentual de fundos de gestão ativa que superaram seu benchmark em 2020 e 2021. Note que dos fundos que ganharam em 2020, poucos deles ganharam de índices de mercado novamente em 2021:

Desse modo, como os ETFs acompanham os benchmarks eles podem ser alternativas mais práticas para aumentaras chances de seus rendimentos ficarem acima da média do mercado.

Entre as alternativas, os fundos de índice podem usar índices internacionais como referência. Com isso, você pode expor parte do seu capital a uma carteira composta por dezenas ou até centenas de ativos globais, sem precisar sair do Brasil.

Como analisar as oportunidades para se expor ao mercado americano?

Agora que você sabe qual a importância de construir uma carteira global com a presença de ativos do mercado americano, chegou a hora de entender como analisar e escolher entre os investimentos disponíveis. Para tanto, a avaliação do seu perfil é um dos passos mais importantes. É preciso saber quais riscos você é capaz de tolerar para avaliar as oportunidades e escolher aquelas mais adequadas para te ajudar a alcançar os resultados do seu interesse.

Outro passo relevante envolve conhecer os seus objetivos financeiros, pois, em geral, tende a ser mais vantajoso montar uma carteira global com foco no longo prazo. Após fazer esse alinhamento inicial, avance para analisar as características de cada alternativa de investimento. Dessa maneira, você saberá quais são as vantagens e desvantagens envolvidas em cada opção. Então, será mais fácil tomar decisões conscientes.

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Escrito por: Cauê Mançanares