Sidnei Nehme | 03.07.2019 10:08
Tudo em perspectiva para o 2º semestre na economia brasileira fomentava um clima de otimismo até quase o final do mês de junho, mesmo se sabendo que a atividade econômica não seria exatamente como imaginada ao início do ano e nem os fluxos de recursos externos tão intensos, mas a visão ainda permanecia bastante positiva ancorada na certeza da aprovação da Reforma da Previdência, que aliviaria a pressão fiscal sobre o governo e o risco até de inadimplência pela exaustão da capacidade de pagamentos, abrindo um contexto prospectivo de retomada da atividade econômica e conquista de suas benesses.
Então, de repente, começou o 2º semestre e acentuou-se percepção nova e negativa quanto ao curto prazo, e, para tanto, contribuíram projeções severas por parte dos órgãos de governo piorando acentuadamente as perspectivas, destruindo o bom humor e as perspectivas de recuperação mais rápida da dinâmica da atividade econômica.
As projeções já não eram benignas, mas sancionadas pelo governo ganham intensidade e repercussão e credibilidade mais imediata, afetando o otimismo e impondo postura mais defensiva.
A Reforma da Previdência relevante para o governo e para o país, gradualmente foi perdendo impacto na opinião popular que viu com descrédito a desconstrução gradual de grande parte dos conteúdos modificantes que corrigiriam distorções históricas, e mais uma vez, viu o corporativismo ter prevalência.
Ainda tem a votação o Relatório já relativamente mutilado e posteriormente vai ao Plenário, mas há itens excluídos como a inclusão dos Estados e Municípios que deixam inquietações.
O desalento com o desemprego, perda de renda e contração do consumo que estava sendo mitigado pela “esperança” de um novo momento perdeu ímpeto de recuperação, e neste momento o clima é de muitas dúvidas e incertezas.
O mercado financeiro então reflete esta percepção e sentimento no comportamento dos seus ativos e a volatilidade se intensifica na medida em que a “sensibilidade” com qualquer fato novo fica extremada e se torna perturbação.
Se o 2º semestre acentuará a perda de atividade econômica, fato que fundamenta o viés de queda do PIB para os 0,8% projetado pelo BC/COPOM e, como colocado pelo próprio governo, a economia deverá ficar estagnada, a conclusão é que não haverá recuperação do “status quo” neste ano de 2019, e como consequência não se pode esperar os investimentos privados, destacados pelo BC como fundamentais na ausência do investimento público, dada a incapacidade atual do governo.
Neste ambiente, tem pouca utilidade e valia a busca por parte do governo de irrigar a liquidez do sistema bancário com a redução dos depósitos compulsórios, pois o cenário prospectivo desestimulante provoca por parte do sistema creditício a “aversão ao risco” e os recursos não fluem para a economia e voltam a ser represados pelo Tesouro Nacional, pois os bancos os utilizam para realizar aplicações em títulos federais.
A gestão conflituosa do governo que havia sido atenuada parece revitalizar-se e isto acarreta desconforto e intranquilidade no ambiente interno de sua composição, transparecendo a falta de coordenação mais austera e estimulante à unidade imprescindível.
Sentimos então que o que víamos com grande entusiasmo como perspectiva para revitalização mais imediata da atividade econômica esmorece e pode criar um grande vácuo ao longo deste 2º semestre.
Há, portanto, muitas dúvidas e incertezas quanto às efetivas perspectivas para este 2º semestre, e desta forma ficam comprometidos os cenários prospectivos e isto pode efetivamente travar os investimentos fundamentais para a retomada da atividade econômica.
Este novo contexto impõe mudança de atitude por parte do mercado que passa a repercutir perda de ímpeto e postura mais defensiva ante perspectiva menos favorável, e é isto que se verifica neste momento.
Muito mais do que os embates China-EUA, EUA-U.E., EUA-México, etc., o que passa a influenciar e provocar movimentos voláteis nos segmentos do nosso mercado financeiro é esta mudança de perspectiva e humor.
O Ibovespa oscila e naturalmente arrefece as expectativas de intensificação de fluxos externos tão logo aprovada a Reforma, já que se a economia tem esta visão tão rigorosa por parte do governo, a quem cabia manter certa visão positiva menos drástica do que o mercado, e então o Brasil perde atratividade, mesmo que ocorra redução do juro americano visto que não oferece perspectivas positivas.
O dólar que seguramente “transitava” firme e seguro para retomar o preço de R$ 3,80/3,75, podendo ir além se e quando ocorrer a redução do juro americano, arrefece a tendência e sugere que a postura seja mais defensiva.
Há um ponto de resistência agora no entorno de R$ 3,85 com algum viés de alta até R$ 3,90, evidenciando que algo está mudando.
Provavelmente, os “comprados” não hedge no mercado de câmbio futuro passe a conter o desmanche, apostando que há ambiente para reativar o movimento especulativo na formação do preço, ao mesmo tempo que a postura mais defensiva poderá determinar demanda efetiva por “hedge”, sugerindo ao BC que realize ofertas de contratos novos de “swaps cambiais”, e merece maior observação o eventual movimento de troca de dívida externa por dívida interna.
O momento é de observação para que se possa observar mais detidamente se está ocorrendo uma mudança de comportamento das tendências dos ativos no mercado brasileiro.
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