China ou EUA: quem manda na bolsa brasileira?

 | 16.02.2023 13:05

Quem acompanha o noticiário do mercado deve estar acostumado com chamadas do tipo “Ibovespa sobe puxado por NY” ou “Exterior pesa sobre a bolsa brasileira e IBOV cai”. Sempre fiquei curioso para saber como os profissionais de redação chegam a tais conclusões, afinal, se eles sabem a causa do movimento da bolsa, seria relativamente fácil prever os próximos movimentos e ganhar muito dinheiro.

A confusão aqui está nos conceitos de causalidade e correlação. A causalidade é objetiva e independente de outros fatores, é inerrante: a causa da solidificação da água pura em pressão atmosférica é a temperatura atingir 0°C. Ponto. Por outro lado, a correlação é a influência de determinado fator para a ocorrência de um fenômeno, mas sem a obrigatoriedade de causa e efeito: pessoas com comorbidades eram mais suscetíveis ao agravamento da COVID 19, porém algumas pessoas com comorbidades se recuperaram da doença sem dificuldades.

No mercado, podemos afirmar com tranquilidade que não existe causalidade, apenas correlação. Ela pode ser fraca ou forte e isso pode ser mensurado. O índice de correlação mede o quanto duas séries numéricas são parecidas entre si. A correlação tende a 1 quando as séries estão na mesma direção e tende a -1 quando estão em direções opostas. Se a correlação do IBOV com o S&P500 é positiva, ele tende a subir quando o S&P500 sobe e tende a cair quando ele cai. Se a correlação é negativa, quando um sobe o outro cai. Se ela é próxima de zero, os ativos não apresentam nenhuma correlação.

No centro das discussões fundamentalistas estão o desempenho das economias chinesa e americana e, claro, as turbulências políticas e fiscais do Brasil. Quais desses fatores estão mais impactando o desempenho da bolsa brasileira? Trago no gráfico um histórico desde 2018 dos retornos do IBOV comparados com o S&P500, o China A50 e o DI futuro. Escolhi os contratos de juros futuros no Brasil para representar a influência da conjuntura local, uma vez que as expectativas sobre a economia local acabam desaguando nas curvas de juros. Abaixo estão os índices de correlação de cada um desses índices com o IBOV em janelas de 100 dias, ou seja, a correlação na data mostrada corresponde ao cálculo do índice nos 100 pregões prévios.

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