Ciclo de Aperto Monetário

 | 28.10.2021 08:45

Sem grandes surpresas na decisão do Copom ao elevar a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, a 7,75%. Foi uma decisão acertada, diante do “desbalanceamento de riscos” atual, depois do afrouxamento da política fiscal e desrespeito ao teto dos gastos e pela inflação recrudescendo, neste momento próxima de dois dígitos em 12 meses. Aguardemos novos detalhes na ata da próxima terça-feira. Sobre a próxima reunião, em dezembro, tudo leva a crer mais uma puxada de 1,5 p.p. para a Selic fechar o ano em 9,25%.

A leitura do Bacen é que “mesmo com o desempenho fiscal mais positivo, pelas arrecadação recorde, os questionamentos sobre o arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem de expectativas, aumentando a assimetria de riscos”.

Segundo o Bacen, “neste momento, pelo cenário básico e balanço de riscos, indicamos ser mais apropriado o ciclo de aperto monetário avançando ainda mais”. Como acham que na próxima e última reunião do Copom este ajuste deve se repetir, a Selic fechará o ano em 9,25%. Para o primeiro Copom do ano que vem, mais um ajuste de 1,5 ponto percentual é esperado. Importante, no entanto, será monitorar a inflação, cada vez mais próxima de 10% em 12 meses, distante da meta de 2022, entre 3,5% e 4,0%. Isso porque a meta do Copom é o compromisso com a inflação no “horizonte relevante”.

No mundo, nos movimentos dos bancos centrais, observamos um desmonte das operações de compra de ativos e preparativos para o início do ciclo de aperto monetário, via juro de curto prazo. Isso já acontece no Japão, Canadá, Reino Unido e no BCE.

Na semana passada, a Rússia surpreendeu ao elevar a taxa básica em 7,50 pontos básicos, a 7,5% ao ano, um “tremendo choque de juros”, próxima do Brasil, a 7,75%. Na Turquia, observamos também uma política monetária mais agressiva, inclusive, com o presidente Erdogan já tendo mudado a direção do seu banco central.