Cisne Negro no mercado do café? Não, Cisne Loiro!

 | 07.04.2025 09:05

Mais uma semana para ficar na história!

 O “cisne loiro” chegou e chacoalhou o mundo! Como todos já sabem, os Estados Unidos anunciaram as “taxas de importação reciprocas” na quarta-feira – após o fechamento dos mercados – e nos últimos 2 pregões o mercado financeiro americano perdeu em valor aproximadamente 5 trilhões de dólares (apenas para comparação o PIB brasileiro está estimado em aproximadamente 2 trilhões de dólares)! Ao redor do mundo, o prejuízo acumulado pode ter superado os 10 trilhões de dólares!

O receio com a desaceleração global levou o petróleo a cair -10% e as ações de primeira linha das principais empresas americanas entre -10%/-20% (Apple (NASDAQ:AAPL), Google (NASDAQ:GOOGL), NVidia, Starbucks (NASDAQ:SBUX), Tesla (NASDAQ:TSLA), Amazon (NASDAQ:AMZN) dentre outras). O efeito dominó derrubou praticamente todos os mercados globais. A China já respondeu aos Estados Unidos e, na sexta-feira pela manhã, informou uma retaliação “reciproca” aos Estados Unidos nos mesmos 34%.

A Comunidade Europeia está analisando retaliações, assim como Canadá, México, e tantos outros países. Próxima semana o efeito “cisne loiro” deverá continuar gerando volatilidade nos mercados financeiros e nas commodities.

O grande receio agora é o mundo entrar em um período de inflação, queda nas atividades industriais, aumento no desemprego e queda no consumo...

Caindo o consumo então as principais commodities agrícolas irão recompor os “estoques estratégicos” antes do previsto e os índices “estoque x consumo” voltarão a ficar acima dos “níveis de segurança”, acima dos 15%, mais rápido.

Então, “maior estoque / oferta = estabilidade / redução nos preços”.

Essa deve ter sido a leitura dos principais operadores no mercado do café! Pois, se o consumo mundial estagnar e/ou cair -2% nos próximos anos, a demanda mundial deixará de consumir entre 3,50 / 7,00 milhões de sacas por ano! Sendo assim, o índice “estoque x consumo” para esse produto deverá se recuperar – e superar os 15% - já a partir da próxima safra 27/28!

Após negociar na quarta-feira na máxima da semana (@ 393,70 centavos de dólar por libra-peso) o “banho de sangue” veio na sexta-feira. O vencimento maio-25 encerrou @ 365,70 centavos de dólar por libra-peso – nos últimos 3 pregões o maio-25 caiu -2.800 pontos (ou 37 US$/saca) – fechamento anterior / mínima / máxima / nova mínima / fechamento atual respectivamente @ 379,95 / 378,55 / 393,70 / 364,90 / 365,70 centavos de dólar por libra-peso.

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O R$ voltou a “valorizar” no primeiro momento (chegou a negociar @ 5,60 R$/US$) para na sexta-feira desvalorizar -3,75% (novamente com o efeito do “cisne loiro”) e encerrou acima dos 5,80 R$/US$ - lembrando que no dia 11 de dezembro de 2024 o R$ chegou a negociar @ 6,39 R$/US$!

Do lado fundamental tivemos a divulgação das estimativas da safra brasileira para o próximo ciclo 25/26 julho-25/junho-26 como segue:

- Rabobank: “A safra de café arábica do Brasil terá uma "redução significativa" em 2025/2026 na comparação com o ano anterior após um tempo quente e seco no ano passado que afetou o pegamento da florada.

Após a realização de uma expedição técnica pelas lavouras, o banco disse ainda que a safra ficará abaixo das expectativas.

Os números serão divulgados em breve, afirmando que as chuvas retornaram em outubro, mas as regiões produtoras voltaram a ter condições adversas em fevereiro e parte de março”.

E acrescentou que “apesar do clima ruim em Rondônia, a produção brasileira de café canéfora (robusta e conilon) deverá crescer em 2025/26.”

- StoneX projeta uma safra em 64,50 milhões de sacas (25,80 milhões de sacas do café tipo robusta e 38,70 milhões de sacas do café tipo arábica); e

- Marex projeta uma safra entre 63,40 – 69,40 milhões de sacas (sendo café tipo robusta entre 25,80 – 27,30 e café tipo arábica entre 38,00 – 42,10 milhões de sacas).

(Se a estimativa da Marex estiver correta então o Brasil praticamente já estará produzindo tanto café tipo robusta quanto o Vietnam - 27,30 milhões de sacas Brasil x 27-30 milhões de sacas Vietnam!

Com relação ao Vietnam os Estados Unidos impuseram uma tarifa de importação em 46% sobre seus produtos, incluindo o café. No final da sexta-feira os Estados Unidos informaram que mantiveram conversas com lideres do Vietnam e que o Vietnam está disposto a “conversar” a respeito e “reduzir as tarifas a zero”!

Os Estados Unidos é um dos principais importadores do café do Vietnam. Agora, por enquanto, com o Brasil sendo taxado em apenas 10% - e o Vietnam em 46% - então o café brasileiro terá um “ganho competitivo” / uma “vantagem competitiva” em aproximadamente 110 US$/saca! Provavelmente esse “spread de origem” vai ficar nas mãos das tradings pois quando o produtor vende o seu produto para a cooperativa / trading ele não “carimba” o destino para onde seu produto será embarcado / vendido...

Por outro lado, a produção do Vietnam deverá voltar a competir com o café brasileiro nos mercados recém conquistados pelo Brasil. Creio que, se bem “jogado”, esse spread “Vietnam – EUA x Brasil – EUA” vai render uma boa margem para as grandes tradings! E para a Colômbia e alguns países da América Central pois também foram taxados nos mesmos 10% do Brasil (essas origens poderão substituir eventuais importações do Vietnam pelo café robusta brasileiro e reenviar para os EUA com os mesmos 10% de tarifas impostas pelos EUA).

Ainda tem muita coisa para acontecer. Na sexta-feira a NCA (Associação Nacional do Café dos Estados Unidos) já entrou com uma requisição junto ao governo americano pedindo “isenção” das novas tarifas para o produto. Os Estados Unidos consomem aproximadamente 24 milhões de sacas – movimentando na sua cadeia bilhões de US$ em “empregos / vendas / logística” e claro, “bônus milionários” para os principais executivos do setor.

A empresa Illy Café também anunciou que já está estudando investir/mudar parte das suas operações para os Estados Unidos (pois produtos com origem “comunidade europeia” serão taxado em 20%)!

A safra 25/26 do café robusta brasileiro já começou. As amostras iniciais indicam café com boa qualidade e alguns problemas pontuais (em algumas fazendas) com o enchimento dos grãos.

O mercado interno praticamente parou com poucos negócios sendo realizados. A “queda de braço” entre compradores e produtores continua. O mercado spot do café tipo robusta continuou entre 1.850/2.000 R$/saca e “café novo” para entrega a partir de junho-julho tendo interesses apenas ao redor dos 1.700-1.750 R$/saca.

Mesmo com a forte queda em NY o café arábica “spot” ainda continua “na paridade” acima dos 2.500 R$/saca.

O Brasil estará recebendo sua primeira frente fria nesse final de semana com queda nas temperaturas e chuvas bem distribuídas.

Em 30 dias o inverno irá começar e a volatilidade “clima” deverá oferecer novas oportunidades para o produtor se proteger, realizar novas vendas, operações de hedge, conseguindo vender / fixar preços para os próximos 6 meses ainda acima dos 2.500 R$/saca para o café tipo arábica e acima dos 1.800 R$/saca para o café tipo robusta.

Já para a safra 26/27 as liquidações continuam indicando preços para o café tipo arábica acima dos 2.000 R$/saca e para o café tipo robusta acima dos 1.800 R$/saca.

Como vimos e vivenciamos “hoje”, quando o “cisne negro” aparecer quem se protegeu, quem fez sua lição de casa “se deu bem”.

Os fundamentos ainda não mudaram. A produção brasileira para a próxima safra 25/26 continua variando entre 51,80 e 69,40 milhões de sacas! Quem estiver certo vai ganhar muito dinheiro no seu direcional.

Com base na produção da Conab* em 51,80 milhões de sacas e o consumo mundial para o próximo período julho-25/junho-26 em aproximadamente 182,50 milhões de sacas, então o déficit mundial entre “produção x consumo” ficará ao redor dos -21,20 milhões de sacas.

Se o “mercado” estiver correto, estimando uma safra brasileira 35% acima da projeção da Conab*, em 69,40 milhões de sacas, então o déficit será de apenas -3 milhões de sacas, e o índice “estoque x consumo” já voltará a ficar acima dos 12%, ao redor dos 23 milhões de sacas já a partir do ano safra 26/27!

No curto prazo o vencimento maio-25 encontra suportes @ 361 / 349 e 309 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ 386 / 402 /415 centavos de dólar por libra-peso!

Como sempre, PROTEJÁ-SE!

Depois não adianta “olhar para trás”!

Boa semana a todos!

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