Terraço Econômico | 09.02.2017 09:32
Houve um tempo no Brasil no qual quem possuía dinheiro para investir poderia aplicá-lo a 17% ao ano. Isso mesmo: 17% de juros ao ano. Tempos longínquos, não? Não! Isso aconteceu no início de 2016, quando no auge da incerteza política no Brasil, o governo só conseguia se endividar pagando ao investidor um juro alto, dado o risco que havia de não arrumarmos a casa.
Com uma taxa de juros perto de 17%, é possível dobrar o valor investido em menos de 5 anos. Confira comigo no replay, na tabela abaixo, quanto tempo é necessário para dobrar o investimento a cada taxa de juros:
Mas parece que esses dias mágicos para quem tinha dinheiro para investir acabaram. Com as recentes notícias (e ações do Banco Central no corte de juros), parece que a taxa de juros no Brasil vai cair consideravelmente nos próximos meses. As estimativas atuais de mercado indicam que a Selic deve fechar o ano de 2017 na casa dos 9,5% e 2018 perto de 9%.
O que isso significa para investimento em renda fixa ? Bem, se não deu para aproveitar o momento de juros a 17%, existem outras boas opções, principalmente para se depender da inflação que insiste em ser um problema recorrente no Brasil.
Antes, vamos a algumas explicações.
Quando mencionamos que você poderia investir o dinheiro a 17% ao ano, isso é uma taxa nominal, ou seja, não desconta a inflação. Imagine uma situação na qual um investimento paga 20% ao ano e a inflação fica em 25% a cada ano. Ao longo do tempo, esse investimento só corrói o poder de compra do capital investido.
E foi exatamente por isso que, no auge da crise política brasileira, as taxas de juros foram a 17% ao ano. A perspectiva de uma inflação alta era considerável – o que não parece o caso atualmente. Assim, quando afirmamos que um investimento poderia dobrar seu valor em menos de 5 anos, isso não necessariamente dobraria o poder de compra dele. Dependeria da inflação.
Agora que tanto os juros quanto a inflação estão caindo, o IPCA de janeiro foi o mais baixo em 23 anos, 0,38% para o mês, a tendência das taxas nominais é cair também. Vamos lembrar que uma taxa de juros nominal é bem próxima à taxa de inflação mais uma taxa de juros real.
Então, não sobrou alternativa para investir em renda fixa, como no Tesouro Direto? Claro que sobrou. Como abordamos neste artigo , boa parte da dívida brasileira é indexada à inflação. Ou seja, ao invés de o governo dizer que vai te pagar 17% ao ano, ele pode dizer: vou te pagar a inflação + 5% ao ano, você aceita?
Este é um tipo de investimento que damos o nome de pós-fixado. Você vai saber a rentabilidade dele somente após a apuração do índice de inflação ao qual ele está indexado. Esse tipo de investimento é muito bom para quem não quer correr o risco de ver o poder de compra de seu investimento ser corroído pela inflação. Você pode fazer sua própria simulação aqui .
É bem verdade que no momento a inflação está em queda. Saímos de 10,67% em 2015 para 6,23% em 2016 e com perspectivas de fecharmos 2017 com 4,5% ou menos. Mas esse tipo de fenômeno (inflação em queda) é bem raro no Brasil. Vai que em 2018 ou 2022 elegemos representantes que empossem nos cargos-chave da economia alguns economistas bem tolerantes com a inflação. Ela pode voltar a subir.
Aqui uma comparação: vamos simular um investimento que pague hoje 9% nominal ao ano (Opção 1) e um que pague a taxa de inflação + 4,5% (Opção 2), ambos por 10 anos. Vamos assumir que a inflação fique em 4,5% no primeiro ano, mas ao longo dos anos ela varie entre 2,5% e 6,5% - o intervalo da meta atual, que mudará em 2018. No gráfico abaixo o resultado:
Ou seja: o rendimento ao final vai depender da inflação, um número que não sabemos com certeza hoje quanto será no futuro. Se a inflação ficar maior que 4,5% na média ao longo do tempo (no nosso caso, ficou em 5,11%), melhor para quem investiu na Opção 2, conforme o nosso gráfico.
E para quem não gosta muito de correr o risco de a inflação subir novamente, é sempre uma boa opção se proteger com esses investimentos indexados. Ou então fazer a boa e velha diversificação para diminuir o risco dos investimentos como um todo. Vai que a nossa simulação de investimento acima está muito pessimista quanto à inflação e ela fica abaixo dos 4,5%.
O fato é que o tempo de dobrar o investimento em renda fixa em 5 anos pode ter ficado para trás. Mas o tempo de se proteger da inflação...esse vai demorar para acabar aqui no Brasil.
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