Com menor produção de grãos, armazenagem deve ser menos pressionada este ano

 | 27.02.2024 16:17

Em junho do ano passado publicamos neste espaço alguns dados sobre a evolução da capacidade de armazenagem no Brasil e a relação desta com a produção de grãos.

A chegada da safrinha 2022/23 impactou fortemente os preços, escancarando o déficit de armazenamento que temos no Brasil.

Trouxemos alguns dados sobre o cenário atual, usando as projeções de fevereiro para a safra brasileira de grãos, segundo a Conab. Em relação à soja, as expectativas ainda apontam para ajustes negativos da produção.

Para o milho, com a boa evolução da semeadura da segunda safra e o enfraquecimento do El Niño, que deve dar espaço a um cenário de neutralidade a partir do trimestre iniciado em abril, o risco de quebra mais relevante na produtividade vai diminuindo.

Aqui cabe uma observação, de que mesmo sem quebras maiores, o balanço projetado pela Conab no mercado do milho não está folgado, ainda que projetando queda relevante nas exportações (42% entre os ciclos 2022/23 e 2023/24). A relação entre o estoque final e a demanda total (já considerando exportações em queda) deve ficar em 5,6%, o equivalente a 20 dias. Essa relação estava em 17 dias no ciclo 2022/23, até mais apertada, no entanto, já oscilou em mais de 50 dias ao final dos ciclos 2019/20 e 2020/21. E se as exportações “caírem menos” o cenário fica ainda mais justo.

Esse equilíbrio é um ponto a ser acompanhado, ainda que a situação projetada para a segunda safra tenha melhorado do ponto de vista produtivo.

A possível redução de área com milho nos Estados Unidos também deve ser monitorada.

Dito isso, considerando os dados de capacidade de armazenagem da Conab e a sua última estimativa de safra, de fevereiro, calculamos a evolução do déficit de armazenagem, considerando apenas soja e milho.

Figura 1. Déficit de armazenagem no Brasil, considerando apenas as produções de soja e milho.