Investing.com | 09.08.2021 10:04
Publicado originalmente em inglês em 09/08/2021
A disparada do dólar, por causa das expectativas de redução dos estímulos do Federal Reserve, e as restrições a viagens para fora da China geradas pela no início da semana, com o ouro e o petróleo transparecendo maior vulnerabilidade.
No momento em que escrevo, o ouro já havia enfrentado uma montanha-russa no dia, com o contrato futuro mais negociado na Comex caindo rapidamente abaixo US$1680 por onça na janela asiática de negociações, antes de corrigir para cerca de US$1740. Apesar do repique, o ouro ainda registrava queda de 1,4% em Cingapura.
A perda do patamar de US$1700 na segunda-feira pode fazer o ouro retestar os níveis abaixo de US$1680, segundo o analista técnico Anil Panchal, em artigo publicado no FX Street.
Mas se o ouro continuar se recuperando, os alvos de alta podem ser US$1790, US$1804 e US$1815, segundo Panchal.
Ele afirmou:
“Embora a consolidação do dólar e a recuperação do apetite ao risco do mercado pareçam ter provocado um repique de preços no ouro, os vendedores continuam esperançosos em meio a preocupações com a redução de estímulos do Fed e o avanço da Covid”.
Desde janeiro, o ouro vem tendo uma movimentação intensa iniciada em agosto do ano passado, quando se afastou das máximas históricas acima de US$2000 e ficou vagando por meses antes de despencar de forma sistêmica com o anúncio de vacinas eficazes contra a Covid.
Em determinado momento, chegou a tocar o fundo de 11 meses abaixo de US$1674. Após aparentemente romper esse período obscuro com um retorno para US$1905 em maio, o ouro registrou uma nova rodada de vendas que o fez ficar oscilando entre US$1700 e US$1800.
h2 “Novo normal” no petróleo/h2O petróleo, que tem sido a estrela do complexo de commodities desde que a vacinação começou a avançar bem nos EUA e os cortes da Opep+ surtiram efeito, foi mais afetado do que o ouro.
Tanto o barril do West Texas Intermediate quanto o do Brent registravam queda de cerca de 2% no pregão de Cingapura.
Cotações abaixo de US$70 são o “novo normal” para o WTI e o Brent, que registraram preços bem acima dessa marca nos últimos dois meses.
A desvalorização de 7% na semana passada nas duas referências do petróleo se estendeu na segunda-feira, com o dólar atingiu as máximas de quatro meses contra o euro. Somem-se a isso preocupações com novas restrições relacionadas à Covid na Ásia, principalmente na China, suscitando preocupações de arrefecimento da demanda mundial de combustíveis.
A China, segundo maior país consumidor de petróleo, cancelou vários voos e emitiu alertas contra viagens em 46 cidades, limitando o transporte público e serviços de táxi em 144 das áreas mais atingidas pela Covid.
Em nota, analistas de commodities da ANZ disseram o seguinte sobre a volta do risco para a demanda petrolífera por causa da variante delta do vírus:
h2 Duplo revés para o ouro/h2“Apesar de o número de casos na China ser baixo, ocorre justamente no momento de pico das viagens de verão. Isso ofuscou sinais de forte demanda em outras partes do mundo”.
O que pressionava ainda mais o ouro era a alta dos rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro americano, sinal de que o Fed pode começar a adotar um aperto monetário. O dólar e a nota de 10 anos podem ser descritos como um duplo revés para o ouro, já que seu rali combinado geralmente tem um impacto destrutivo sobre posições compradas no metal precioso.
No contexto do recrudescimento da pandemia, os relatórios de inflação de preços ao consumidor e produtor nos EUA provavelmente direcionarão os mercados de risco na semana, inclusive as commodities.
O ótimo relatório de empregos de julho nos EUA, mostrando a criação de quase um milhão de novos empregos, parece ter se tornado um divisor de águas na forma como o Federal Reserve lida com seu estímulo mensal de US$120 bilhões à economia e aos mercados.
h2 Pronunciamentos do Fed nesta semana/h2Quanto ao Fed, diversas autoridades devem se pronunciar nesta semana, e seus comentários podem ajudar a esclarecer a posição do banco central no que se refere à redução de estímulos.
Entre as autoridades do Fed com eventos programados estão o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic e o chefe do Fed de Richmond, Thomas Barkin, na segunda-feira; o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, fala na terça, enquanto a presidente do Fed de Kansas, Esther George, se pronuncia na quarta.
Bostic e Barkin são conhecidos por seu viés a favor da redução dos estímulos, portanto seus comentários serão acompanhados de perto.
h2 Fed e Jackson Hole: principais eventos na agenda dos mercados neste momento/h2O referencial definido pelo Fed para desarmar seu programa de compras de títulos – “progresso substancialmente maior” em direção à inflação de 2% e pleno emprego – nunca esteve tão claro.
Em junho, autoridades do banco central debatiam se era viável antecipar o início da redução do seu suporte emergencial à economia, mesmo em meio à emergência da variante delta.
Os bons números de emprego, aliados a dados de inflação desconfortavelmente altos podem fazer com que as autoridades do Fed anunciem planos para começar a reduzir suas compras de títulos já em setembro, como primeiro passo para uma eventual elevação de juros.
O relatório de empregos acima das expectativas, na sexta-feira, foi o último antes de o Fed se reunir no evento anual de Jackson Hole, Wyoming, entre 26 e 28 de agosto, para discutir sua política monetária e decidir o futuro da estratégia de estímulo.
Além dos pronunciamentos do Fed nesta semana, os índices de preços ao consumidor (IPC) e ao produtor (IPP), previstos para quarta e quinta-feira, respectivamente, darão uma ideia melhor do atual ritmo de inflação, um dos fatores-chave, em conjunto com o mercado de trabalho, observados pelo Fed para tomar suas decisões de política monetária.
A expectativa é que o IPC caia levemente após o salto de 0,9% do mês passado, o mais forte avanço desde junho de 2008. O Fed declarou que a atual disparada da inflação é apenas temporária, mas o sentimento do mercado tem sido afetado pelo medo de que os preços mais altos possam acabar repentinamente com os estímulos.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.
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