Commodities nesta Semana: Promessas para o Comércio e Petróleo são Realmente Boas?

 | 03.12.2018 06:17

Promessas e mais promessas: o G20 se reuniu no sábado com a presença do presidente dos EUA, Donald Trump, e do líder da China, Xi Jinping, que concordaram em firmar, em uma data posterior, um pacto comercial entre EUA e China que instantaneamente livraria Pequim de mais tarifas de Washington, enquanto a Arábia Saudita e a Rússia concordaram com a necessidade de cortes de produção de petróleo. Esses dois eventos, ao que tudo indica, parecem ser positivos para as commodities.

Mas, indo além das aparências, muitas questões podem surgir.

É seguro dizer que os EUA vão subir as tarifas sobre as importações chinesas daqui a três meses se Pequim não abrir seus mercados como prometido? Trump com certeza ameaça aumentar a atual taxa de 10% sobre as tarifas chinesas para 25% “se o esforço de negociação falhar nos próximos 90 dias”.

E será mesmo que a China vai comprar “uma quantidade bastante considerável de produtos agrícolas, energéticos, industriais, entre outros, dos Estados Unidos para reduzir o desequilíbrio comercial”, como anunciou a Casa Branca após a conversa ocorrida durante o jantar às margens do G20 pelos presidentes Trump e Xi? Essa é uma pergunta extremamente relevante, uma vez que a China, em seu próprio anúncio, não menciona quaisquer produtos específicos, agenda ou quantidades de dólares nos chamados compromissos citados pelos Estados Unidos (abaixo está a comparação entre as declarações dos EUA e da China).

Tabela 1. Declarações dos EUA e China após jantar no G20

China (link para informe à imprensa)

EUA (link para declaração oficial)

Tarifas

Ambos os lados concordam em interromper a imposição de novas tarifas, ou seja, as tarifas sobre USD 200 bilhões de mercadorias chinesas não serão elevadas de 10% para 25% no dia 1 de janeiro de 2019.

Trump concorda em deixar inalterada a tarifa de 10% sobre USD 200 bilhões de produtos chineses e não a elevará para 25% em 1 de janeiro de 2019. Mas se o esforço de negociação falhar nos próximos 90 dias, as tarifas de 10% serão elevadas para 25%.

Importações

A China está disposta a importar mais mercadorias dos EUA com base nas necessidades da sua população e a solucionar gradativamente o desequilíbrio comercial.

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A China concorda em adquirir futuramente uma quantidade ainda não definida, mas bastante substancial, de produtos agrícolas, energéticos, industriais, entre outros, dos EUA, a fim de reduzir o desequilíbrio comercial.

Outros

Ambos os países concordam em abrir seus mercados domésticos. Eles vão acelerar as negociações para retirar todas as tarifas que foram impostas. Ambos os países podem realizar visitas mútuas oportunamente.

Os presidentes Xi e Trump concordaram em iniciar imediatamente negociações sobre mudanças estruturais relacionadas a transferência forçada de tecnologia, proteção de propriedade intelectual, barreiras não tarifárias, invasões e roubos cibernéticos, serviços e agricultura, cuja previsão de conclusão é nos próximos 90 dias.

Prazo

Não mencionado

Nos próximos 90 dias

Fonte: CNTV, Xinhua, Casa Branca, ANZ Reserach.

h3 Xi fará o que Trump espera?/h3

Em uma análise publicada no periódico Politico neste fim de semana, Scott Kennedy, especialista em China no Center for Strategic and International Studies, observa que o presidente chinês poderia contribuir muito menos para um acordo comercial do que Trump espera. Segundo Kennedy:

“A julgar pelo histórico de Xi, simplesmente vamos ver mais do mesmo e nenhuma mudança substancial."

Analistas dizem que a melhor troca de favores que poderia ser assumida pela China é o país se tornar novamente o principal destino internacional da soja norte-americana, posição que foi brevemente prejudicada pela imposição de tarifas regulatórias de Pequim sobre produtos agrícolas norte-americanos no início deste ano.

h3 Mesmo assim pode haver alta na soja/h3

Expectativas de maiores compras chinesas certamente podem ajudar os preços da soja a subir bastante. Os futuros de soja na Bolsa Mercantil de Chicago se recuperaram recentemente diante da especulação de que um resultado positivo para as conversas entre Trump e Xi abrirá os portões do país para importações da commodity dos EUA.