Commodities: Oportunidade batendo à porta na pecuária de corte
Hyberville Neto | 21.03.2023 14:46
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os abates de bovinos em 2022 foram de 29,8 milhões, crescimento de 7,5% na comparação anual. Isso ocorreu após dois anos de reduções consecutivas, em 2020 (-7,9%) e 2021 (-7,3%).
Em 2022, o aumento foi puxado pelo acréscimo da oferta de fêmeas para abate, em decorrência do desestímulo à atividade de cria, com os preços do bezerro em baixa. Para as vacas, a evolução dos abates frente a 2021 foi de 18,7%, enquanto para novilhas o aumento foi de 20,2%. Para os machos, os incrementos foram de 1,1% para bois e de 8,7% para novilhos.
Esses dados oficializam o que os preços já mostraram, que 2022 foi um ano de baixa do ciclo pecuário. Ou seja, com maior oferta de gado, preços reais em baixa e maior participação de fêmeas nos abates, como indicativo de desinvestimento na cria.
A participação de fêmeas passou de 33,7% em 2021 para 37,3% dos bovinos abatidos em 2022. A figura 1 mostra a relação entre os preços do boi gordo e o abate de fêmeas.
Figura 1. Variações dos preços reais do boi gordo (YoY) e evolução da participação de fêmeas nos abates nos doze meses anteriores.
Com maior participação de fêmeas, o peso médio geral dos bovinos diminuiu 0,6%, mesmo com pesos maiores para todas as categorias individualmente. Inclusive, foi a primeira vez que o peso médio de bois superou os 300kg (20@) na média nacional.
Expectativas/h2
O cenário de preços da reposição segue em baixa e a expectativa é de manutenção de um ritmo relevante de descarte de vacas e novilhas, consequentemente, uma oferta de gado provavelmente maior que a de 2022.
O abate de fêmeas atual é o alicerce de um cenário de menor oferta de bezerros e preços em alta, que deve ser observado nos próximos anos.
O momento tende a ser interessante para a aquisição de arrobas. O estoque adquirido na fase de baixa tem uma boa chance de se valorizar durante o ciclo de produção, como comentamos neste espaço há quase um ano
A teoria é mais fácil que a prática, há a necessidade de caixa e capacidade de suporte na fazenda. No entanto, embora soe óbvio, vale lembrar que quando está ruim para vender normalmente é uma boa hora para comprar.
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