Paulo Gomide | 13.05.2020 07:05
Se você investe em algum segmento de renda variável no Brasil, muito provavelmente você perdeu dinheiro em 2020. É notória a queda do Ibovespa, que devido à crise do coronavírus saiu de máximas na região dos 120 mil pontos e chegou a atingir a região dos 60 mil, amargando uma queda de cerca de 50% em poucas semanas. Porém o mercado de ações não foi o único a sofrer: o Ifix, principal índice dos fundos imobiliários chegou a cair 42% e o Imab, índice dos títulos do tesouro atrelados à inflação, teve quedas de 19%.
Dos investimentos tradicionais do investidor pessoa física, apenas o dólar acumula alta no ano, subindo mais de 42% no momento de escrita deste artigo. Dessa forma, o dólar ajudaria a atenuar os prejuízos do portfólio do investidor, mas considerando a ordem de grandeza dos prejuízos observados nos últimos meses, quantos investidores teriam dólar suficiente para compensar as perdas da sua carteira de investimentos?
Diante dessa situação, é possível que muitos investidores filhos de um bull market estrutural pelo qual o país e o mundo passavam até a chegada da Covid-19 deixem de acreditar no seu potencial como alocador de recursos e passem a contratar os serviços de um gestor profissional, por exemplo, através de um fundo multimercado. O resultado também não seria muito animador: apesar da queda mais tímida, o IHFA, índice que mede o rendimento dos fundos multimercado brasileiros, cai mais de 4% no ano.
É importante destacar que esta performance nada animadora não nos diz muito sobre a gestão de risco dos fundos multimercados, sendo somente uma triste constatação relacionada à dura realidade das crises: em momentos de stress todas as correlações entre ativos tendem a um. De nada adianta diversificar, todos os ativos performam mal quando investidores querem fugir para a liquidez. Até mesmo o ouro, histórico porto seguro dos investimentos chegou a desabar da cotação de 1.700 dólares por onça-troy para a região dos 1.400.
Como então é possível montar uma carteira de investimentos que pudesse não apenas passar ilesa por essa crise, mas também se beneficiar deste cenário devastador? Uma estratégia que tem ganhado bastante visibilidade recentemente é a estratégia Barbell, criada pelo estatístico e best-seller Nassim Taleb. A estratégia é bem simples, consistindo na alocação de não menos que 85% em ativos livres de risco (títulos públicos, por exemplo) e o restante sendo alocado em investimentos de altíssimo risco, como opções out of the money (ou, em português, opções fora do dinheiro).
A ideia subjacente por trás da estratégia Barbell é que muitas vezes as opções irão expirar sem serem exercidas, virando pó. Porém caso elas de fato possam ser exercidas (em eventos de alta magnitude que não poderiam ser previstos, que Taleb chama de cisnes negros), as opções se valorizariam exponencialmente, compensando as perdas das opções expiradas e o baixo rendimento das aplicações conservadoras, onde está alocada a maior parte do patrimônio. Dessa forma seria possível conseguir excelentes retornos sem incorrer em altos riscos.
A estratégia Barbell inquestionavelmente tem seus méritos: transformou seu criador em multimilionário na segunda-feira negra de 1987, enquanto os mercados caíam 22% em um único dia. Mais recentemente, o fundo Universa, gerido por Mark Spitznagel e aconselhado por Taleb, obteve rendimentos de chegaram a cair 17% no mês de março. Entretanto, em meio a enormes ondas de volatilidade que constantemente nos atingem, seja em forma de greve de caminhoneiros, Joesley days ou demissões de ministros, é difícil saber o que fazer. Nestes momentos eu prefiro contar com a estatística dos nossos robôs.
Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
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