Luís Antônio Dib | 08.09.2023 06:05
Consultores, especialmente aqueles de estratégia, gostam de fazer estimativas. Sei disso, estive nessa posição. Um estudo da McKinsey apontou que se considerarmos uma empresa grande típica, daquelas que entram na lista das 500 maiores do mundo de revistas como a Fortune, cerca de 250 milhões de dólares são gastos todos os anos no processo de tomar decisões. Como isto foi calculado? Partiram de pesquisas onde os executivos afirmaram gastar 40% de seu tempo neste processo. É lógico que, se formos pensar filosoficamente, tomamos decisões o tempo todo na vida. Mas, em termos práticos, a teoria de decisões considera que existe um momento onde elas são tomadas e outro onde elas serão implementadas. Aí estão os 60% do tempo restante de nossos executivos.
Entretanto, existem outros 60% mais preocupantes. É o percentual de executivos que consideram que o tempo gasto na tomada de decisão foi mal utilizado. Como fazer isto melhor? Ainda mais nos dias atuais, onde tudo é urgente e a velocidade da tomada de decisão parece sempre insuficiente. Abaixo algumas sugestões.
É interessante como muitos executivos consideram que após uma votação ou outro modo qualquer de se atingir consenso, com uma escolha feita, a decisão está tomada e o trabalho foi concluído. Nada mais longe da verdade. Uma das características mais importantes de uma boa decisão é que ela seja implementada de forma plena e eficaz. Como fazer isto? Depende bastante da cultura de cada organização.
A implementação de uma decisão importante requer compromisso, algo que nem sempre é simples. Existem empresas onde atingir um “consenso” é uma parte muito importante da cultura, mesmo que muitos tenham concordado com relutância e não estejam assim tão seguros da escolha feita. Outras empresas valorizam o comportamento de “combate a incêndios” e decisões são tomadas rapidamente, para mais rapidamente ainda se perder o foco em sua implementação. Nestes casos, é fundamental mudar a dinâmica, concentrando-se no acompanhamento, nos riscos e em como melhorar a execução.
É muito importante dedicar recursos gerenciais suficientes para fazer o acompanhamento da implementação das decisões. Também costuma ser boa prática atribuir a responsabilidade pela realização de uma decisão específica a um indivíduo ou, no máximo, a um pequeno grupo. Mas, o maior desafio é promover uma cultura que incentive todos a se unirem ao redor da estratégia da organização. Afinal, a estratégia nada mais é do que o conjunto de decisões tomadas (e não existe estratégia sem a tomada de decisões, por vezes difíceis, sempre incertas). Isso muitas vezes significa envolver o maior número possível de pessoas no processo decisório. No final, paradoxalmente, tal processo permitirá que a decisão seja implementada mais rapidamente.
Assim, outro ponto fundamental é alinhar a organização para cumprir os seus objetivos estratégicos, tais como definir uma missão clara e ter objetivos estratégicos ligados aos incentivos. Afinal, as diferentes unidades de negócios e cada uma de suas áreas funcionais devem perceber sua ligação com o contexto estratégico geral da organização. Se isto não ocorrer, independente de adotarem ou não as ideias discutidas neste artigo, a chance de os executivos tomarem boas decisões já estará significativamente diminuída.
____________________________________________________________
*Luís Antônio Dib é professor do quadro permanente do COPPEAD, consultor e palestrante. Ele é mestre e doutor em Administração, além de possuir certificações da Harvard Business School. Dib coordena o Executive MBA COPPEAD e ministra disciplinas nas áreas de Julgamento e Tomada de Decisão, Estratégia, Negociação e Internacionalização. Sua experiência profissional inclui cargos executivos na Shell (NYSE:SHEL), Telefônica (BVMF:VIVT3) e TIM (BVMF:TIMS3), além de vários anos como consultor de alta gestão pela Booz-Allen.
Dib discute conceitos complexos do mundo dos negócios e o impacto estratégico de novas tecnologias de forma clara, direta e bem-humorada, sendo um dos mais importantes interlocutores brasileiros para questões ligadas à gestão de empresas.
Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.