“Comprado não Hedge” Especulativo Está Sendo Desfeito e Inibirá Rolagem de Swaps

 | 19.10.2018 07:30

O preço da moeda americana passou por um forte, porém insustentável, movimento especulativo que o conduziu a R$ 4,20, desapontando os que pretendiam conduzi-lo a R$ 5,00 ou mais.

Os fundamentos nunca deram suporte ao movimento que, contudo, foi iniciado em meados de agosto e prevaleceu até a dias atrás, quando a realidade se opôs à ficção de temores inexistentes na área cambial.

Por mais contraditório que possa parecer, o Brasil que tem relevantes desafios como a inércia da sua atividade econômica e todos os efeitos em cadeia, como crise fiscal, desemprego, queda de renda e consumo, etc..., não tem nenhum risco de crise cambial, contexto muito diferente de 2002 e 2008, já que tem contas externas sólidas, com robusto estoque de reservas cambiais, déficit em transações correntes modesto, e o BC com base neste conjunto de fatores positivos podendo atuar de forma contundente e com instrumentos adequados para suprir demandas por proteção cambial e de liquidez no mercado à vista, sem contudo reduzir o estoque de reservas cambiais.

Contudo, é notório que o BC ao reagir intempestivamente contra a apreciação do dólar no nosso mercado no mês de junho, quando na realidade buscou seu alinhamento do preço com a realidade para o país naquele momento, precificando os riscos e agregando-os como prêmio ao preço. O BC “inundou” o mercado com oferta ostensiva de “swaps cambiais” e a percepção é que foi além da demanda efetiva do mercado cambial por proteção, permitindo então que fosse criado um estoque puramente especulativo de contratos de swaps cambiais não acostados a passivos em moeda estrangeira, que desde então temos denominado “comprados não hedge”.

Este estoque detido pelo mercado sem vínculo com passivos externos, predominantemente por estrangeiros, e mais posicionamentos também especulativos “comprados” no mercado futuro, foram os determinantes do movimento especulativo deflagrado sobre o real a partir de meados de agosto, impondo alta do entorno de R$ 3,70 para R$ 4,20, quando perdeu força por absoluta falta de fundamentos.

No imaginário especulativo se propagou similaridade com momentos passados, que, contudo, a despeito de acreditados por uma parcela do mercado, não prosperou ante os números sólidos e contundentes das contas externas brasileira.

O processo corretivo do movimento especulativo trouxe para o intervalo de R$ 3,70 a R$ 3,80 o preço da moeda americana, descontaminando-a do conteúdo especulativo, e flutuando num efeito que configuramos como “gangorra”.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Neste ponto entendemos que esteja o ponto de equilíbrio para o contexto atual, ou seja, numa visão bastante previdente.

Agora o que se presencia é um movimento dos “comprados não hedge”, ou seja, os especuladores, revertendo suas posições ante a certeza de que não há mais favorabilidade para especulação, é isto causará a não necessidade de rolagem dos contratos de swaps nesta situação vincendos.

E este movimento de desmonte ocorrerá normalmente independente do preço do dólar estar abaixo de R$ 3,70, o que ocorre é que os “vendidos” em parte também especulativos estão ávidos para reverter também suas posições a preços bastante favoráveis e forçam a apreciação do real.

Contudo, a percepção é de que R$ 3,70 seja um ponto de resistência.

Empiricamente, poderá se concluir que o montante de não rolagem dos contratos de swaps cambiais vincendos é exatamente o tamanho do estoque especulativo construído no mercado por especuladores, visto que quem tem passivo atrelado ao “hedge” continuará demandando a rolagem, em tese.

Ir além com a apreciação do real pode ser temerário e provocar efeitos reversivos posteriormente, visto que o mercado global, a partir dos Estados Unidos, sinaliza política monetária externa mais rígida e isto impacta nos emergentes e nos fluxos.

É preciso se ter conhecimento da linha programática do próximo governo, reformas, privatizações, enfim o programa econômico focando na suplantação do deletério quadro presente.

É importante observar que a atratividade do Brasil por investidores estrangeiros pode ser afetada pela nova política tributária americana, frente a qual estamos em desvantagem, e que já contingenciou 41% dos investimentos no mercado global.

O Brasil precisará rever sua política tributária para o capital externo, sob-risco de não somente ter redução no fluxo de ingressos, mas, pior, ter um desmonte de investimentos presente no país.

Enfim, o horizonte para o Brasil ainda é totalmente obscuro e esta realidade impõe sensatez. Otimismo é um fator positivo, mas não justifica excessos e exacerbações ainda desprovidos de fundamentos.

Movimentos mais concretos somente serão possíveis a partir do 1º trimestre de 2019.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações