Contagem Regressiva

 | 18.12.2018 10:04

O mercado financeiro tende a seguir vulnerável enquanto aguarda pela reunião do Federal Reserve, que começa hoje e termina amanhã. Os investidores esperam por um ritmo mais suave (“dovish”) na estratégia de alta da taxa de juros nos Estados Unidos em 2019, após o último aperto monetário neste ano, mas já temem por uma desaceleração econômica global.

O foco continua nos dados fracos de atividade ao redor do mundo e na inversão da curva de juros norte-americana, com o rendimento (yield) pago pelos títulos mais curtos sendo superior ao retorno dos bônus de mais longo prazo. As tensões comerciais entre EUA e China ainda persistem, enquanto a Europa vivencia um grande imbróglio que deve continuar em 2019.

Com isso, as bolsas de Nova York amargaram duras perdas ontem, ampliando o pior início de dezembro desde 1980, em meio aos temores de que o Fed esteja apressado demais na subida dos juros, enquanto os fundamentos econômicos se deterioram. Esse receio fez o índice Dow Jones ceder mais de 1 mil pontos em apenas dois dias, enquanto o S&P 500 caiu à mínima em 14 meses, minando as esperanças de um rali de Natal e sendo negociados como se já estivessem em um mercado de baixa (bear market).

O desempenho em Nova York ontem contaminou a sessão na Ásia hoje, após certa frustração com o discurso do presidente chinês, Xi Jiping, na comemoração dos 40 anos da reforma e abertura na China. Xangai caiu pouco menos de 1%, Hong Kong cedeu pouco mais que isso e Tóquio recuou quase 2%.

A atenção em Pequim se volta agora para a reunião anual dos líderes políticos no fim deste semana, que irá definir as metas para o próximo ano - entre elas a de crescimento econômico. Nesta manhã, porém, os índices futuros em Wall Street estão no campo positivo, ensaiando uma tímida e pontual recuperação, o que pode atenuar a abertura negativa do pregão europeu.

Nos demais mercados, o barril do petróleo tipo WTI está abaixo de US$ 50, pela primeira vez em mais de um ano, em meio às incertezas quanto à eficácia no corte de produção da commodity promovido pelo cartel de países produtores (Opep). Entre as moedas, o dólar mede forças em relação aos rivais, com um desempenho lateral.

Nesta terça-feira, o destaque fica com a ata da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), às 8h. No último encontro de 2018, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 6,50% pela sexta vez seguida e a expectativa é de que o documento a ser conhecido hoje confirme a manutenção da Selic neste nível por um período prolongado.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Ainda assim, os investidores esperam encontrar na ata que sai hoje e no relatório trimestral de inflação (RTI), na quinta-feira, pistas do BC sobre em qual momento o juro básico deve voltar a subir. Com base no cenário atual de inflação comportada e atividade fraca, é crescente a previsão do mercado financeiro de manutenção da Selic até o fim de 2019.

No mesmo horário, a FGV divulga dados regionais da inflação ao consumidor (IPC-S) e a última prévia deste mês do IGP-M. Também na agenda doméstica, saem indicadores sobre o mercado de trabalho e a confiança do consumidor (11h). No exterior, serão conhecidos dados do setor imobiliário nos EUA em novembro (11h30) e a confiança do empresário alemão.

No front político, a possibilidade de uma paralisação (shutdown) do governo Trump torna-se cada vez mais real, caso o Congresso norte-americano não apoie o Orçamento para o ano que vem, em especial a verba para a construção de um muro na fronteira com o México. O presidente dos EUA disse que fará o que for necessário para cumprir mais essa promessa de campanha - mesmo que isso signifique em uma pausa temporária das atividades do governo.

Além desse debate, o mercado financeiro também acompanha as mudanças na equipe de governo na Casa Branca, com ex-assessores e advogados enfrentando a Justiça. Tal noticiário tende a enfraquecer Trump, colocando obstáculos para novas medidas econômicas estruturais, como uma reforma tributária.

O que se percebe é que desde as eleições legislativas nos EUA (mid-term elections), no início do mês passado, houve alguma perda de poder por parte do governo Trump e do Partido Republicano, o que pode dificultar a segunda metade do mandato - com vistas à reeleição. Mais ruídos e menos medidas tendem a elevar os riscos para o cenário econômico global.

Esse prognóstico também pode contaminar o desempenho dos ativos de risco, afetando o humor global do mercado financeiro. Por aqui, também estão no radar dos investidores as negociações no Congresso em torno do Orçamento de 2019, cuja votação nesta semana ainda é incerta.

As dificuldades de articulação envolvendo a verba disponível para o próximo governo mostram os desafios que a equipe econômica de Paulo Guedes terá para implementar a agenda de reformas. É bom lembrar que apesar da renovação na Câmara e no Senado ser a maior em décadas, apenas 30% dos eleitos em outubro são “caras novas” no Congresso.

Sem cargos no primeiro escalão do governo, os aliados do Centrão cobram do presidente eleito, Jair Bolsonaro, explicações sobre a movimentação financeira suspeita na conta de um ex-assessor. Fabrício José de Queiroz trabalhou para o senador eleito Flávio Bolsonaro e deve ser ouvido pela Justiça amanhã. Mas desde a acusação, não se sabe onde Queiroz está….

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações