Copom Mais Hawkish

 | 23.06.2021 08:48

Terça-feira foi dia de ata do Copom mais dura e também de novas sinalizações do Fed sobre a sua política de juros. 

Em ambos os casos, o que se observa é que, enquanto o presidente Roberto Campos Neto, do BACEN brasileiro, se mostra bem mais atento, “correndo atrás da curva de juro” e pronto para ser mais duro, se possível, no Fed a leitura segue sendo a de “aguardar um pouco mais” para decidir sobre quando mudar o ritmo de compra de ativos e de balizamento de juro.

Por lá, a leitura é de que a inflação mais elevada vem "puxada" pela “reabertura da economia”, o que tendo gerado algum desbalanceamento nas cadeias produtivas, com a escassez de insumos. No Brasil, no entanto, diante da crise hídrica e do receio de disseminação da inflação, em novo patamar, não resta ao BACEN uma leitura mais dura (ou hawkish, como dizem no mercado).
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Depois da reunião da semana passada, quando o BACEN havia decidido por um ajuste de 0,75 ponto percentual, a 4,25%, muito se comentava que na próxima reunião de agosto o ajuste teríamos a mesma intensidade, +0,75 ponto percentual, a 5,0%. Agora não se tem mais esta certeza.

Isso porque nesta ata de terça-feira, o BACEN deixou no ar que deve ser mais duro, caso a inflação mostre maior resiliência. 

Disse a ata o seguinte, "frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião. Considerando os diversos cenários alternativos, entendeu, no entanto, que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião."

Os diretores do Copom preferem "acumular mais informações sobre os tradicionais determinantes da inflação e, em particular, de alguns de seus aspectos qualitativos: (i) evolução dos preços mais inerciais, conforme o setor de Serviços se recupera, e (ii) comportamento das expectativas de inflação, tanto da pesquisa Focus quanto o implícito nos preços de mercado." 

Isso posto, se percebe que o próximo passo deverá depender da evolução do cenário e, também, da visão de que a inflação pode piorar um pouco antes de melhorar, o que pode fazer com que a Selic tenha um aumento maior em agosto e feche o ano acima de 6,0%. A Focus trabalha com o IPCA a 5,90% neste ano e 3,78% em 2022. Diante disso, no mercado de juro, os futuros curtos e médios se elevaram em 10 ponto percentual.

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Isso decorre da preocupação, pertinente neste momento, com a crise hídrica e a possibilidade de racionamento ou blackout. Duas bombas não esperadas na agenda econômica do governo. Preocupa também o repasse do atacado e a pressão das commodities, embora por estes dias arrefecendo. 

Nesta quinta-feira é divulgado o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e novos elementos nos aguardam para discorrer.

Em paralelo, o governo comemora, finalmente, a primeira privatização. A capitalização da MP da Eletrobras (SA:ELET3) (ou venda de participação) deve acontecer em janeiro do ano que vem e a receita esperada se aproxima de R$ 100 bilhões. O único "senão" é a contaminação política do processo, depois da decisão do Congresso de permitir a construção de várias termelétricas em todos os estados da federação, em algumas situações sem infraestrutura alguma.

Falando da agenda de reformas, na reforma tributária dois pontos merecem destaques nas discussões desta semana: a taxação sobre lucros e dividendos e sobre CSLL.

A taxação sobre lucros e dividendos parece bem encaminhada na Câmara, mas, como já ocorreu em outros momentos, esbarra no pedido de “arredondamento” do governo, na faixa de isenção, de R$ 2,4 para R$ 2,5 mil. 

No aumento da tributação sobre instituições financeiras, comenta-se sobre a elevação da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos de 15% para 25% em 2021 e para 20% em 2022. Já no Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), o governo também considera elevar para até R$ 2.500 a faixa de isenção. Atualmente, a primeira faixa de isenção vai até R$ 1.920.

Nesta terça-feira, o dólar encerrou abaixo dos R$ 5,00 pela primeira vez em mais de um ano – a última vez foi em 10 de junho. A divisa recuou 1,12% para R$ 4,9662. Já na bolsa de valores, o Ibovespa fechou em queda de 0,38% em 128.767 pontos.

Boa semana e bons negócios! 

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