Temer: Decorativo e Isolado

 | 20.06.2017 15:22

Abraço de Afogados

Mesmo que o STF decida pela prisão de Aécio Neves, o mais provável é que seus colegas senadores o mantenham em liberdade e, ainda, arquivem o pedido de cassação daquele que era a maior expressão tucana no país.

Seguindo, ainda que o STF decida por instaurar processo contra Temer, o mais provável é que o presidente escape do inquérito após votação na Câmara – são necessários apenas 171 votos (número que fala por si só) para que o processo seja arquivado.

PMDB e PSDB estão enrolados e abraçados, um esquema de "uma mão lava a outra" para a salvação mútua em plenário. O desembarque do PSBD, que pode "ocorrer a qualquer momento", segundo comentários de alguns tucanos, depende muito de como o partido vai querer lidar com Aécio, que, de maior esperança, passou a ser o maior problema do partido.

Seja como for, ninguém sabe o que vai acontecer (como disse ontem , tenho dificuldade em saber até o que já aconteceu) e não são poucos os comentários que leio do tipo: "face as incertezas, investidores vão tateando no escuro".

Minha pergunta é: "Quando os investidores estiveram certos e o futuro desabrochava claramente em suas faces?"

Períodos como o que vivemos só explicitam mais nossa condição passiva, mas, por mais que gostemos de negar, nunca soubemos, nem saberemos, o que nos aguarda na semana que vem.

Justamente quando todos estavam mais confiantes – e comprados na tese de um novo Brasil – foi que surgiu o boi (cisne?!) negro do Joesley e derrubou todo mundo do cavalo.

Investir é como acordar no meio da noite para ir ao banheiro sem poder acender as luzes – se sair correndo, corre o risco de pisar nas peças de Lego espalhadas pelo chão, mas, se demorar demais, acaba se sujando.

Alguém Tem Que Pagar a Pizza

No meio da tarde (às 15 horas), saberemos como veio o Caged – a expectativa é de criação de 18 mil vagas em maio – mesmo que não seja muita coisa, podemos ter a confirmação (ou não) de tendência de estabilização do desemprego.

Mesmo que os tempos sejam sombrios – a informação de que a PF teria concluído pela corrupção passiva de Temer e Loures certamente não ajuda – a economia vai entrando nos trilhos e, aos poucos, o país vai saindo da lama. Ainda não sabemos quão longa e quais os impactos dessa nova crise política, mas, para o segundo trimestre, o consolidado dos dados tem vindo melhor.

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De uma forma ou de outra, o nó vai ter que ser desatado e, com o ambiente (pelo menos por enquanto) benigno lá fora, os juros brasileiros seguem atraentes – em que lugar do mundo se paga juros reais da ordem de seis ou mais por cento?

Qualquer livro de investimentos deixa bem claro os riscos de se investir em países emergentes (corrupção, instabilidade política, moeda fraca…) – o gringo está mais preocupado em saber se a equipe econômica vai ficar do que o nome do presidente. Temer passou de vice decorativo para presidente decorativo.

Tá tão fácil atrair capital estrangeiro que nossos "hermanos" argentinos, depois de pouco mais de um ano do último calote, captaram quase 3 bilhões de dólares com um bond de 100 anos (CEM ANOS!!!) e a demanda foi de 3,5x o total ofertado!

Há duas lições no episódio: (1) investidores não aprendem nunca; e (2) com os juros baixos lá fora, fica muito fácil captar.

Mesmo que as reformas por aqui não passem, Meirelles ainda conta com o apetite estrangeiro por ativos brasileiros.