Depois do STF, o Ministério Público Pede Aumento. Em que Brasil Eles Vivem?

 | 15.08.2018 10:59

Ao que tudo indica, dos 11 ministros do STF, apenas Rosa Weber, Edson Fachin, Celso de Mello e Cármen Lúcia ainda representam um pouco de sensatez em meio ao mar de insanidade que tem sido o Brasil dos privilégios. Foram estes que votaram contra o reajuste de 16% do próprio salário. Os quatro ministros ainda tem noção da realidade do Brasil em que vivemos.

Ainda assim não adiantou! O placar final foi 7 x 4 . Lewandowski, Marco Aurélio, Barroso, Gilmar Mendes, Toffoli, Luiz Fux e Alexandre de Moraes votaram a favor do aumento que ao final foi aprovado pela maioria.

Atualmente em R$ 33,7 mil, o salário dos magistrados vai ultrapassar os R$ 39 mil após o ajuste. Os ministros Dias Toffoli e Lewandowski ressaltaram que a proposta não terá impacto financeiro nas contas públicas. Segundo eles, foram feitos cortes internos nas despesas para bancar os custos.

O que eles não contam, porém, é que o salário dos ministros do STF é o teto do salário do servidor público e serve como base para os salários de todos os magistrados do país. Por isso, quando é reajustado, gera um efeito-cascata nas demais carreiras públicas.

Segundo estudo das consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado, esse efeito cascata pode levar a um aumento de gastos com salários de R$ 4 bilhões para os Poderes da União e para os estados.

Privilégios e mais privilégios...

A justificativa geral dos que votaram a favor do aumento é que a última correção aos ministros do Supremo foi concedida em 2015. Na ocasião houve um reajuste de aproximadamente 15%. Esse aumento para 2019, portanto, serviria para manter o poder de compra corroído pela inflação nos últimos 3 anos.

Para os 7 ministros a favor do reajuste de seus próprios salários, cabe lembrar um pouco do Brasil em que vivemos. De todos os trabalhadores brasileiros, metade ganham até R$ 1.307. Um pouco mais distante dos, agora, R$ 39 mil reais dos ministros do Supremo.

A diferença fica ainda mais gritante quando se compara o rendimento médio do setor privado e dos servidores públicos. Em 2003, o salário médio do setor público era, em média, 43% acima do setor privado. De lá pra cá, essa diferença apenas aumentou.

Enquanto o setor privado viu seu salário médio crescer apenas 10% entre 2003 e 2016, o setor público teve 33% de aumento nesse mesmo período. O que fez com que o servidor público ganhe agora 75% a mais que um trabalhador do setor privado. O que era ruim ficou ainda pior.

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Mas esse movimento tem uma explicação. Em momentos de crise, há uma diminuição pela mão de obra dos trabalhadores. Empresários decidem pagar menos e funcionários aceitam um salário mais modesto para não ficarem desempregados. Os salários, portanto, se ajustam para se adaptar a uma economia mais fraca, apresentando um menor crescimento ou até mesmo uma diminuição.

O servidor público, porém, não está sujeito a essas leis de mercado, pois tudo fica definido no papel, através da caneta de gente que insiste em não saber o Brasil em que vive. E mesmo quando há uma crise como a que passamos em 2014 , muitos se acham no direito de querer manter o poder de compra dos salários.

O resultado é este. Mais da metade das 20 carreiras mais bem-sucedidas no Brasil são de servidores do Estado. A remuneração média dos funcionários públicos, chega a ser dez vezes superior ao que recebe os trabalhadores da iniciativa privada.