Descuido ou Estratégia?

 | 05.09.2017 09:03

A reviravolta na delação premiada da JBS (SA:JBSS3) pode até ser bem recebida nos mercados domésticos hoje, com os investidores vendo na possibilidade de anulação dos benefícios concedidos aos executivos um desfecho antecipado da crise deflagrada em meados de maio. Porém, foram os novos áudios entregues pelos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, com conteúdo considerado gravíssimo, que levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a convocar a imprensa ontem à noite e mandar apurar omissões no caso.

Há quem diga, portanto, que com a delação sob suspeita, a Procuradoria-Geral da República perdeu força, com a nova denúncia contra o presidente Michel Temer não sendo capaz de assustar o mundo político nem os negócios. Mas e se a movimentação de Janot esteve associada à busca contundente de fatos novos que foram omitidos por Joesley e Saud e que são capazes de sustentar a nova denúncia, sem brechas para a defesa alegar ilações?

Assim, por mais que possa parecer que Janot sofreu a maior derrota política, o que deve fazer a alegria dos mercados locais, içando a Bovespa para o recorde histórico de 73,5 mil pontos e derrubando o dólar à faixa de R$ 3,10, é preciso considerar cenários alternativos, em que os ventos podem sim mudar de direção. Trata-se de um bom momento para pensar no "e se", já que o mandato do atual comandante na PGR termina no próximo dia 17.

E ainda não se sabe se o governo será capaz de separar a pauta econômica no Congresso dos problemas que vêm por aí... O conteúdo da delação de Lúcio Funaro, os novos áudios da JBS e a nova "flecha" de Janot contra o presidente Michel Temer podem dificultar os trabalhos. Mas a ameaça mais imediata à presença de deputados e senadores nas votações desta semana é o feriado da Independência, que pode prejudicar o quórum.

A semana encurtada por feriados nos Estados Unidos, ontem, e no Brasil, quinta-feira, ganha tração a partir de hoje, com as atenções locais voltadas a Brasília. A expectativa é de que sejam concluídas até amanhã no Congresso as novas metas fiscais e a nova taxa de juros de longo prazo (TLP), o que abriria caminho para retomar a reforma da Previdência a partir da próxima semana.

Por enquanto, a discussão sobre as novas regras para aposentadoria está parada e ainda não se sabe se haverá tempo hábil ou mesmo base aliada para aprovar a medida polêmica, a pouco mais de um ano das eleições. Na agenda econômica do dia, depois da surpresa positiva com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no trimestre passado, a atividade voltar a ser destaque hoje, com os números da produção industrial em julho (9h).

Após ficar estável em julho, a indústria deve ter ganhado tração na virada do semestre e crescido 0,5% em relação a junho, com o ritmo na comparação com igual período de 2016 já girando em torno de 1%. Aliás, dados de atividade nos setores industrial e de serviços da zona do euro, dos Estados Unidos e da China recheiam a agenda desta terça-feira no exterior. Também são esperados para hoje os números do PIB da região da moeda única no segundo trimestre deste ano, além das encomendas às fábricas norte-americanas em julho.

Mas o pano de fundo nos mercados internacionais é a resposta dos EUA ao novo teste nuclear realizado por Pyongyang. O governo norte-americano prepara sanções e não descarta usar o poderio militar, mas a queda de braço é, em verdade, com os gigantes asiáticos Rússia e China, que apenas acompanham a escalada da tensão geopolítica na região. As apostas são de que o risco geopolítico seja diluído ao longo dos próximos dias.

Por ora, nesta manhã, os índices futuros das bolsas de Nova York sinalizam uma volta do fim de semana prolongado no vermelho, o que ainda não contamina os negócios na Europa, onde prevalece o sinal positivo, logo após a abertura do pregão. Na Ásia, a direção foi mista, com Tóquio enfraquecida pelos ganhos do iene, mas Xangai e Hong Kong registrando leves ganhos.

O petróleo sobe pelo terceiro dia e o cobre lidera as altas entre os metais básicos, enquanto o dólar mede forças ante as moedas rivais. Esse movimento mostra que os investidores mantêm certa aversão ao risco, ao mesmo tempo em que assumem posições ousadas, cientes de que o mundo tem se beneficiado da liquidez de recursos circulando à procura de rendimentos mais altos, diante da política dos principais bancos centrais globais.

Aliás, dirigentes do Federal Reserve discursam a partir de hoje e podem lançar pistas sobre os próximos passos em relação à taxa de juros norte-americana, enquanto novidades vindas do BC da zona do euro (BCE) são esperadas para quinta-feira. No Brasil, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) começa hoje e termina amanhã, com as atenções voltadas ao comunicado que acompanhará a decisão sobre a taxa básica de juros a fim traçar a estratégia sobre o rumo da Selic até o fim do ano.

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