Desventuras da Economia Real na Fantasia Neoclássica dos Bancos Centrais

 | 12.02.2016 10:09

No frigir dos ovos, a economia se resume basicamente em serviços e produtos fabricados, vendidos e entregues a quem precisa ou quer e pode comprá-los. Ela não é necessariamente o curioso mundo dos Bancos Centrais e dos mercados financeiros que todos gostariam de compreender melhor.

Bancos centrais podem e vêm adotando políticas de planejamento central que lembram o poder dos Politibüros da era da cortina de ferro. Imprimem dinheiro conforme seu próprio julgamento e conveniência. E os poderosos do mercado financeiro dão um jeito de lucrar com isso. Mas é nas ruas da economia real, onde estão as pessoas comuns, seus empregos e empreendimentos, que essas políticas podem gerar maior sofrimento!

Trabalhadores e empresas estão se vendo enrascados. E isso não se resume à nossa realidade brasileira. Nos EUA, já há vários sinais de alerta. A coisa está ficando feia até para as grandes multinacionais. Matérias primas como minérios e petróleo seguem caindo de preço e taxas de câmbio vão se ajustando nervosas. Vem aí uma recaída mundial.

A multinacional americana Caterpillar é onipresente ao redor do mundo, mas ela é o canário na mina de carvão. Como importante fabricante de veículos e equipamentos pesados utilizados na construção de infraestrutura, ela já nos dá uma ideia dos desafios econômicos à frente. Analistas do banco Goldman Sachs anunciaram um potencial de queda tenebroso para a relação lucro por ação da empresa em 2017. Pior ainda foi a justificativa: uma conjuntura global de menores investimentos em infraestrutura no que parece ser apenas o período inicial de uma possivelmente longa derrocada no preço das commodities. Em menos palavras: esse pode ser apenas o começo de um longo final infeliz! Isso implica em um enorme desafio para a geração de receitas e lucros da empresa. A utilização e a demanda por suas máquinas estão diminuindo. O mau desempenho das ações da Caterpillar refletem esse ambiente adverso e a queda nas vendas de seus produtos desde meados de 2012.