Dilema do petróleo: qual problema é maior, cortes da Opep+ ou Covid na China?

 | 22.11.2022 12:01

  • Opep+ deve realizar um corte de produção na reunião de 4 de dezembro.
  • China, maior país importador de petróleo, enfrenta problemas graves com a Covid.
  • Mercado petrolífero enfrenta dificuldades para determinar qual problema é maior.
  • Faltando menos de duas semanas para sua próxima reunião, a Opep+ não deixou qualquer dúvida em relação à sua decisão mais provável a partir de 4 de dezembro: mais um corte de produção, aumentando o temor de restrição de oferta no mercado petrolífero.

    O curso dessas ações ficou mais evidente na segunda-feira, quando o ministro de energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, que lidera a aliança de 23 países produtores de petróleo, negou, em uma matéria do Wall Street Journal, que a Opep+ cogitava elevar a produção daqui a duas semanas.

    “É bem sabido que a Opep+ não discute quaisquer decisões antes das suas reuniões”, afirmou Abdulaziz em comentários veiculados pela agência estatal de notícias SPA.

    Ele prosseguiu dizendo que o corte de 2 milhões de barris por dia (mbpd) que entrou em vigor no início deste mês persistirá até o fim de 2023, prazo que o cartel ainda não havia explicitado. As manifestações de Abdulaziz significam, portanto, que haverá um déficit artificial de 2 mbpd no mercado por mais 12 ou 13 meses, independente da demanda petrolífera nesse período, que pode acabar sendo maior.

    Mas a verdadeira bomba do ministro de energia saudita foi lançada em outra frase:

    “Se houver a necessidade de tomar mais medidas, a fim de reduzir a produção para equilibrar a relação de oferta e demanda, estamos prontos para realizar essa intervenção”.

    Com base nas manifestações da Opep+, está claro o que a aliança pretende fazer, no intuito de alçar os preços em um mercado que já se desvalorizou 20% nas últimas duas semanas: recuperar tudo o que ele ganhou após o início do seu corte de produção em novembro.

    O contrato futuro do barril de Brent negociado em Londres e que serve de referência mundial para os preços do petróleo saiu de uma mínima de US$ 82 para quase US$ 100 poucos dias depois do anúncio de redução de oferta da Opep+ em novembro. Em março, sua cotação era de US$ 140, antes de dar início a uma desvalorização que já dura sete meses.

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    No fundo tocado na segunda-feira, o Brent perdeu o patamar de US$ 83, nível mais baixo desde fevereiro, antes que as declarações de Abdulaziz o fizesse voltar ao terreno positivo, fechando a US$ 87,45.

    Já o contrato futuro do barril de West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova York, saltou de cerca de US$ 76 para quase US$ 96, com o mesmo pano de fundo. Em março, o WTI estava acima de US$ 130. Mas, na segunda-feira, o barril do Texas voltou a tombar abaixo de US$ 76, menor patamar desde janeiro, antes de se recuperar e fechar levemente em baixa no dia, a US$ 75,30.