Disputa Embolada

 | 20.09.2018 09:06

O Datafolha não confirmou a vice-liderança isolada de Fernando Haddad na corrida presidencial, apontada pelo Ibope, e mostra o candidato do PT empatado tecnicamente com Ciro Gomes, que tem 13%. Enquanto o ex-prefeito de São Paulo subiu três pontos, para 16%, o candidato do PDT ficou estável. Na liderança, Jair Bolsonaro oscilou em alta, mas dentro da margem de erro, indo de 26% para 28% - e repetindo o apurado pelo Ibope.

Nos cenários de segundo turno, o Datafolha também divergiu do Ibope. O candidato do PSL perde para Ciro, com 45% contra 39%, e empata tecnicamente contra os demais candidatos, mostrando melhora no desempenho contra Geraldo Alckmin e Marina Silva, enquanto Haddad oscilou para cima e empata com 41%. Aliás, na disputa em primeiro turno o tucano manteve os 9%, enquanto a ex-senadora oscilou de 8% para 7%.

Em termos de rejeição, a de Bolsonaro oscilou para baixo, mas continua sendo a maior, com 43%, de 44%. Marina é a segunda mais rejeitada, com 32% (30% antes), seguida por Haddad, que viu sua rejeição subir de 26% para 29%, vindo de 21% no fim de agosto. Ciro Gomes é o candidato menos rejeitado, com 22%, enquanto Alckmin viu esse quesito oscilar em baixa, de 25% para 24%.

O Datafolha foi a campo na terça-feira e ontem para ouvir a intenção de voto de 8,5 mil eleitores espalhados por mais de 320 cidades. Portanto, o período de coleta é mais recente e a abrangência é maior em relação ao Ibope, que ouviu pouco mais de 2,5 mil pessoas em quase 180 cidades entre domingo e terça-feira.

Embora discrepantes, as pesquisas mostram que Bolsonaro segue ganhando espaço com a comoção após o ataque a faca sofrido durante ato de campanha em Minas Gerais, ao passo que Haddad mantém a trajetória de crescimento. Porém, o ritmo de alta não parece tão acelerado, com a transferência de voto do ex-presidente Lula mostrando-se mais diluída. Ciro, por sua vez, segue competitivo, enquanto Alckmin segue de lado e Marina, em queda.

Seja como for, os resultados não confirmam as apostas de vitória em primeiro turno de Bolsonaro. Para tanto, não basta o candidato simplesmente obter mais votos do que seus concorrentes. É necessário obter também mais da metade dos votos válidos para ser eleito já em 7 de outubro, sendo que desde o fim de agosto, o porcentual de votos brancos, nulos e indecisos, que alcançava quase 40% da população, é cada vez mais enxuto, abaixo de 20%.

Com isso, é importante observar também as simulações de segundo turno, em meio ao elevado índice de rejeição dos dois candidatos que estão à frente na disputa em primeiro turno. Diante de um quadro eleitoral que se desenha entre os eleitores contrários aos governos de esquerda e à direita populista, a grande questão é como essa rejeição irá se manifestar em termos de voto.

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Daí que podem ter efeito as alianças com outros partidos, o apoio de diferentes públicos e, principalmente, as propostas de governo. Aliás, pegou mal a sinalização do provável ministro de Bolsonaro na Economia, Paulo Guedes, de recriar a CPMF.

Na conta oficial do twitter, ontem à noite, o candidato tratou de pedir para que se ignore “essas notícias mal intencionadas” sobre a volta do chamado imposto do cheque. “Não procede”, diz o capitão do Exército, afirmando que a intenção é “criar pânico, pois estão em pânico com a nossa chance de vitória”.

A curta mensagem termina com Bolsonaro afirmando que “ninguém aguenta mais impostos”. “Temos consciência disso”. Pela manhã, o candidato teria ligado para cobrar explicações de Guedes sobre a proposta de criar uma “nova CPMF”, alegando não ter sido consultado pelo plano, que vai na contramão da proposta de redução da carga tributária.

O candidato do PSL conquistou a simpatia do mercado financeiro, em detrimento a Alckmin, por causa das ideias liberais de Guedes. O economista, cuja alma mater é a Escola de Chicago, é um dos fundadores do Banco Pactual, e deve acumular as funções dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e do Desenvolvimento, caso Bolsonaro seja eleito.

Além de todo esse noticiário político, os investidores também precisam ajustar os preços dos ativos locais e calibrar as expectativas em relação à conjuntura econômica, após o Banco Central afirmar que a política monetária estimulativa “começará a ser removida gradualmente”, caso o cenário para a inflação no horizonte à frente apresente piora.

Ainda assim, o Copom reiterou que irá combater apenas os impactos secundários nos preços - e não os efeitos diretos -, reafirmando que a autoridade monetária não pretende subir a Selic para controlar a alta do dólar. No cenário com juros constantes nos atuais 6,50% e taxa de câmbio a R$ 4,15, as projeções para a inflação subiram a 4,4% neste ano e a 4,5% para 2019.

Lá fora, os investidores continuam minimizando a escalada protecionista dos Estados Unidos e a adoção de sobretaxas em produtos chineses, em meio à percepção de que uma rodada de negociação ainda pode ocorrer entre Washington e Pequim, chegando-se a um denominador comum entre as partes e evitando a um conflito generalizado.

A estratégia da China agora é de cortar as tarifas sobre as importações da maioria de seus parceiros comerciais já no próximo mês, segundo palavras do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, visando reduzir os custos para os consumidores chineses. Ao agir assim, o governo de Pequim estaria acelerando a meta de estimular a demanda interna, de modo a equilibrar a desaceleração econômica vinda das exportações.

Mais que isso, ao cortar os impostos de importação a outros países enquanto a guerra comercial com os EUA se aprofunda, a China está enviando uma mensagem de que continuará a abrir o seu mercado consumidor e a implementar as reformas necessárias - independentemente do quanto durar o conflito com a Casa Branca. Trata-se, então, de um gesto a ser visto pela comunidade nacional e internacional.

Os mercados internacionais digerem esse mais recente passo, sendo que o yuan chinês (renminbi) apagou as perdas e ensaiou ganhos, cotado ao redor de 6,85 por dólar. A moeda norte-americana, aliás, segue sob pressão, após relatos de que EUA e Canadá não devem chegar a um acordo em relação ao Nafta nesta semana.

Com isso, os ativos de mercados emergentes seguem se beneficiado do ambiente menos hostil, com as moedas e ações mantendo o rali visto ontem. Entre as bolsas, os índices futuros das bolsas de Nova York têm ligeira alta, o que embute um sinal positivo na abertura do pregão europeu, após uma sessão mista na Ásia. Nas commodities, o petróleo avança.

No exterior, o calendário econômico traz os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos Estados Unidos e o índice regional de atividade na Filadélfia, ambos às 9h30, além dos indicadores antecedentes de agosto e sobre o setor imobiliário, às 11h. No mesmo horário, na zona do euro, sai a prévia do índice de confiança do consumidor neste mês.

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