Dólar: Estamos vendo o crepúsculo do petrodólar e alvorecer do “petroiuane”?

 | 28.03.2023 12:57

Enquanto a maioria dos investidores tentava descobrir os próximos passos do Federal Reserve durante a crise bancária da semana passada, algo interessante acontecia em Moscou.

Em uma visita de estado de três dias, o presidente chinês, Xi Jinping, manteve conversas amistosas com o presidente russo, Vladimir Putin, demonstrando união no momento em que ambos os países buscam cada vez mais se posicionar como líderes da chamada “ordem mundial multipolar”, que desafia as alianças e os acordos centrados nos EUA.

Entre esses acordos está o petrodólar, que existe há mais de 50 anos.  

Caso você esteja se perguntando, “petrodólares” não se referem a uma moeda real. São simplesmente dólares usados para comercializar petróleo. No início da década de 1970, o governo dos EUA forneceu ajuda econômica à Arábia Saudita, seu principal rival na produção de petróleo, em troca de garantias de que Riad definiria os preços das suas exportações petrolíferas exclusivamente em dólares. Em 1975, outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fizeram o mesmo, e assim nascia o petrodólar.

Isso teve um efeito imediato no fortalecimento da moeda americana. Como os países ao redor do mundo precisavam ter dólares em mãos para adquirir petróleo (e outras commodities importantes, como ouro), a moeda americana acabou se tornando uma divisa de reserva mundial, status anteriormente desfrutado pela libra esterlina, pelo franco e pelo florim holandês.

Todas as coisas, no entanto, precisam ter um fim. Podemos estar testemunhando o fim do petrodólar, à medida que cada vez mais países, como China e Rússia, concordam em fazer acordos em moedas diferentes do dólar americano. Isso pode ter implicações amplas não apenas em escala macro, mas também em portfólios de investimento.

h2 Está nascendo o “petroiuane”? /h2

Putin não poderia ter sido mais enfático. Durante a visita de estado de Xi, o mandatário russo afirmou que o iuane chinês era sua moeda favorita para o comércio. Desde que as sanções ocidentais foram impostas a Moscou por sua invasão na Ucrânia no início do ano passado, a Rússia depende cada vez mais que seu vizinho do sul adquira o petróleo que outros países não querem tocar.  

Apenas nos primeiros dois meses de 2023, as importações da China provenientes da Rússia superaram o volume registrado em todo o ano passado, alcançando US$ 9,3 bilhões. Somente em fevereiro, Pequim adquiriu mais de 2 milhões de barris de petróleo russo, um novo recorde.

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