Cesar Crivelli | 09.01.2023 12:14
Depois de alcançar o patamar de US$ 130 por barril no primeiro trimestre do ano passado, diante da eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, o petróleo surpreendeu durante os últimos meses, recuando fortemente e hoje negocia em um patamar próximo do fechamento do ano passado.
“Redução” do petróleo disponível. Depois da invasão da Ucrânia, muitos países deixaram de comprar o petróleo produzido na Rússia, responsável pela terceira maior produção de petróleo do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos e Arábia Saudita.
Essa medida apertou a oferta de petróleo no mundo e até o momento não temos uma grande visibilidade em relação à retirada de tais sanções, o que tende a manter o preço do barril de petróleo elevado, ao contrário do que temos visto recentemente.
Além de grandes países deixando de comprar o petróleo russo, as grandes empresas petrolíferas dos Estados Unidos não aumentaram os investimentos ao longo dos últimos anos na extração de petróleo.
O gráfico abaixo mostra o percentual de investimentos em relação ao fluxo de caixa operacional gerado pelas empresas de energia que compõem o índice S&P 500.
A linha azul escura mostra que atualmente as empresas investem cerca de 30% do caixa gerado nas operações em novos projetos, o menor patamar em muitas décadas.
Sem investimento em novos projetos, a oferta de petróleo tende a ficar limitada e a reversão dessa tendência, mesmo que se inicie hoje, deve demorar a acontecer, dadas as características do setor.
Quando olhamos para a quantidade de sondas de perfuração ativas nos Estados Unidos, também podemos notar que não houve uma evolução forte, ao menos não tão forte quanto o esperado diante do terceiro maior produtor ter sido colocado fora do jogo por enquanto.
Dados da Baker Hughes mostram que a quantidade de sondas de petróleo ativas nos Estados Unidos em dezembro era de 620, comparada a 475 um ano atrás.
Sem um incremento significativo na quantidade de sondas, fica difícil extrair petróleo para fazer frente à queda na oferta por conta da retirada da Rússia do mercado, o que tende a suportar cotações de petróleo mais altas no médio prazo, até que isso mude.
Na esperança de mitigar os efeitos do aumento do preço do petróleo no ano passado – que se reflete rapidamente nas bombas dos postos nos Estados Unidos – o governo do país decidiu colocar no mercado uma boa parte de suas reservas estratégicas (Strategic Petroleum Reserve - SPR).
Como mostra o gráfico abaixo, o governo norte-americano se desfez rapidamente de grande parte suas reservas de petróleo, que hoje estão no menor patamar desde o início da década de 1980.
Mesmo quando olhamos para o estoque total de petróleo nos Estados Unidos (Commercial & SPR), também observamos que o indicador está no menor patamar desde o início da década de 1980.
O governo dos Estados Unidos já se pronunciou publicamente sobre o tema e deixou claro que possui a intenção de recompor seu estoque estratégico na faixa de US$ 70 por barril, o que tende a limitar o potencial de desvalorização no médio prazo.
Tal movimento deve ser inclusive benéfico aos cidadãos norte-americanos, visto que, na média, as reservas de petróleo foram colocadas no mercado perto dos US$ 90 por barril.
Depois de alguns anos sob medidas bastante restritivas para a população em geral, o que prejudicou a economia do país, a China finalmente decidiu flexibilizar radicalmente sua política de Covid zero e desde o final do ano passado já anunciou diversas medidas mais favoráveis à circulação de pessoas, o que deve colocar a economia em um ritmo normal ao longo dos próximos meses.
Sendo hoje a segunda maior economia do mundo, com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, a retomada da circulação e da economia chinesa como um todo pode colocar uma pressão adicional na demanda por petróleo, principalmente no segundo semestre, quando a economia pode estar totalmente funcional novamente.
Como mostra o gráfico abaixo, a China tem condições de demandar durante este ano um adicional de cerca de 3 milhões de barris por dia, ou cerca de 4% da produção mundial.
Temos alguns argumentos que podem defender a cotação do barril de petróleo nos níveis atuais ou inferiores, sendo eles: 1) recessão econômica nos Estados Unidos e Europa durante este ano; 2) transição da matriz energética para um modelo mais verde e renovável; 3) aumento da cota de produção por parte da Opep.
Nosso trabalho é encontrar boas oportunidades de investimento ao redor do mundo em diferentes classes de ativos, não somente ações. Pode ser que o petróleo seja uma boa opção de investimento durante este ano, por isso, estamos acompanhando de perto o cenário econômico e geopolítico.
Até a próxima semana!
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