Eleição Britânica: E se o Resultado de Amanhã Surpreender?

 | 07.06.2017 13:49

Por Clement Thibault

Em abril, a ação de Theresa May, primeira-ministra britânica, de convocar eleições gerais no início de junho, parecia uma tática sagaz naquele momento. A primeira-ministra, que foi designada, e não eleita, visava aumentar o número de assentos de seu partido no parlamento, bem como reforçar sua legitimidade. Os conservadores Tories, sob a liderança de May, lideravam por quase 18 pontos nas pesquisas iniciais, 43,2% contra 25,4% para Jeremy Corbyn.

Entretanto, desde então, o partido Trabalhista está reduzindo a diferença agressivamente. Embora o apoio aos Tories permaneceu consistente, a popularidade dos Trabalhistas aumentou 11 pontos no último mês e meio, deixando May na margem de erro das eleições de quinta-feira com apenas 7 por cento de vantagem. Contudo, na política, tanto quanto em muito na vida, nada é um caso encerrado até que a última contagem de votos tenha sido oficialmente divulgada — uma lição duramente aprendida pelos mercados globais no último mês de junho com o surpreendente resultado do referendo do Brexit, seguido pelo ocorrido em novembro do ano passado, com a vitória inesperada de Donald Trump nas eleições norte-americanas.

Uma vez que May representa o status quo, espera-se que não se mude muita coisa se ela vencer. Um Brexit duro ainda estará na agenda e os mercados ficariam tranquilizados pela estabilidade que a vitória de May representaria.

Mas o que acontece se Corbyn e o partido Trabalhista ficasse no topo?

Reversão do Brexit em jogo?

Uma vitoria dos Trabalhistas não significa que o Brexit será revertido. A saída do Reino Unido de sua relação com a União Europeia começou com o referendo. Assim, ao menos que os Trabalhistas tenham pelo menos 50% dos votos, eles não podem assumir um mandato legítimo para reverter o resultado do referendo. Dois dias após o anúncio das eleições de May, Corbyn descartou um segundo referendo do Brexit, tornando muito improvável que o Reino Unido ainda tentaria reverter o processo.

Além disso, mesmo que o Reino Unido queira interromper o processo, o enquadramento legal e político para a discussão não está claro, e dependeria da União Europeia tanto quanto — e talvez ainda mais que — depende do Reino Unido.

O que os Trabalhistas teriam controle, caso vençam, seria sobre as negociações conduzindo a saída da Grã-Bretanha da União Europeia. Sir Keir Starmer, que deve ser o negociador líder dos trabalhistas em caso de vitória, atacou recentemente a abordagem de May às negociações, afirmando :

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"Ela tinha muitas opções a seu dispor e realmente estabeleceu um tom beligerante com nossos colegas da União Europeia".

Os Trabalhistas tentarão assegurar um acordo em que o Reino Unido tenha acesso livre de taxas à União Europeia, embora restringindo o acesso em seu próprio território. Contudo, parece improvável que a União Europeia concorde com estes termos.

O que uma mudança na abordagem faria aos mercados? A única certeza é a incerteza.

Libra mais fraca.

A incerteza é sempre ruim para os mercados, quaisquer que sejam os ativos negociados. Sempre foi, sempre será.

Isso porque a incerteza significa confiar no desconhecido, o que, em retorno, faz surgir os temores dos investidores. Não é difícil, entretanto, prever uma coisa com certeza: volatilidade aumentada, ao menos no curto prazo.