Em Semana de Política Monetária, China Preocupa

 | 20.09.2021 08:53

Semana de decisão de política monetária nos EUA, no Brasil, e em outros países, mas o mercado de olho na China, com a instituição imobiliária China Evergrande Group (HK:3333) recuando forte no mercado acionário (-18,9% hoje). Preocupação maior é levar junto outras instituições, no chamado “efeito contágio”. Não sabemos se a empresa tem como honrar suas dívidas, calculadas em torno de US$ 300 bilhões. Muito se comenta que a falência da empresa pode colocar os mercados em situação semelhante à do Lehman Brother de NY, em 2008.  Algumas seguradoras e imobiliárias chinesas acabarão penalizadas. Será importante, no entanto, que o Banco Popular da China injete mais recursos no sistema (obs. hoje é feriado na China). 

Segundo a Goldman Sachs (NYSE:GS)  (SA:GSGI34), “a atividade imobiliária segue derretendo. Caiu drasticamente em julho e enfraqueceu ainda mais em agosto”. Há dúvidas sobre a capacidade de financiamento para outras incorporadoras. O governo chinês parece atento e deverá realizar um processo cuidadoso de saneamento, limitando o contágio. Isso terá que demandar maior transparência nas suas decisões, para que a “confiança” seja restabelecida. 

Pelas últimas informações, o governo não teria intenção de salvar a instituição (deixaria falir), mas se este “efeito contágio” se confirmar, inevitável será esta intervenção. Objetivo aqui é evitar o risco sistêmico, quando um canal de transmissão intenso quebraria várias instituições e colocaria o sistema financeiro chinês em risco. 

Vale lembrar que o setor imobiliário chines demanda também commodities, o que explica o mergulho do minério de ferro por estes dias. Esta cadeia de suprimentos responde por mais de 25% da produção econômica chinesa. Nesta sexta-feira, o minério de ferro era negociado abaixo de US$ 100 a tonelada.

Sobre a Evergrande, segue pagando seus débitos com imóveis, mas muitos reclamam. São mais de 70 mil investidores. A construção de propriedades inacabadas representa três quartos de Manhattan, por exemplo, mais de um milhão de compradores no limbo. Dois títulos de dívida pesados vencem nesta quinta-feira e já se comenta que a negociação terá que ser feita em default, com a empresa honrando até 30% do valor de face. Em resposta, o Banco Popular da China já injetou US$ 14 bilhões no sistema financeiro, no esforço de evitar o pânico. Pelo comportamento da bolsa Hang Seng, hoje não conseguiu. 

Enquanto isso, credores da Evergrande -  Agricultural Bank Of China (HK:1288), China Minsheng Banking Corp  (SS:600016), entre tantos - seguem fazendo provisões para perdas de empréstimos, cortes de exposição e preparativos para rolagens de vencimento de dívidas. O Mishneng por exemplo, 

Nas decisões do Copom e do Fed, nesta semana/h2

O Comitê de Política Monetária brasileiro deve sancionar parte das expectativas e elevar a Selic, de 5,25% para 6,25%, na reunião desta semana. A inflação segue pressionada, e a crise hídrica voltou a preocupar, depois da falta de luz em alguns estados do pais neste final de semana. O objetivo, porém, é trazer a inflação do ano que vem para o range do sistema de metas de inflação, mais próxima de 3,5%. Isso posto, acreditamos na Selic próxima a 9,5%, para responder a um IPCA em torno de 9% (12 meses a 9,5%). Nas próximas reuniões, em outubro, dezembro e fevereiro, acreditamos que o Bacen mantenha a intensidade de ajustes, talvez 0,25 ponto a mais, para fechar no patamar previsto (9,5%). 

Nos EUA, parece que a tese da “inflação transitória” venceu. No entanto, é de se esperar que o tapering tenha início entre o fim deste ano e o início do próximo, com a elevação da Fed Funds para depois. 

O Índice de Sentimento do Consumidor de Michigan, passou de 70,3 para 71 na leitura preliminar de setembro, abaixo dos 72 esperados pelo mercado. 

Mercados/h2

O derretimento do mercado chinês acendeu um sinal de alerta para o resto do mundo. Europa, EUA, Brasil, devem operar em forte queda nesta segunda-feira, dia 20. 

Na semana passada, Ibovespa recuou em mais uma, a terceira, perdendo 2,5%, a 111,4 mil pontos. Na sexta-feira, a queda foi de 2,0%, com volume financeiro de R$ 44,6 bilhões. Foi o menor patamar desde 9 de março. Lembremos que foi dia de vencimento de opções, o que inflou o volume. Em paralelo, o dólar subiu 0,33%, a R$ 5,282. Na semana, a moeda americana ganhou 0,28% contra o real, e no mês 2,2%. No ano, cotação está 1,85% mais valorizada.   

Nesta madrugada (05h05), dia 20/09, na Ásia, o temor de colapso da gigante Evergrande (-18,9%), cobra o seu preço. O mercado chinês operou em queda forte. Nikkei +0,58%, a 30.500 pontos; KOSPI, na Coréia do Sul, +0,33%, a 3.140 pontos; Shanghai Composite, +0,19%, a 3.613 pontos, e Hang Seng,-3,39%, a 24.077 pontos.