Energia renovável não deve ameaçar os preços do petróleo no futuro próximo

 | 08.12.2022 13:43

  • A Agência Internacional de Energia afirma que a energia renovável “se tornará a maior fonte de geração de eletricidade do mundo no início de 2025”.
  • No entanto, os números mais recentes do mercado indicam o contrário.
  • Nem de perto as fontes renováveis devem substituir as fontes tradicionais de energia nos níveis previstos.
  • A Agência Internacional de Energia (AIE) divulgou recentemente um novo relatório que fez uma projeção da expansão do uso de energia renovável em todo o mundo. A instituição prevê o crescimento das energias renováveis até 2027, com base nas atuais políticas e mercados.

    É preciso ressaltar que a AIE foi originalmente criada em reação aos choques do petróleo causados pela Opep em 1973, a fim de representar os interesses dos países consumidores. A ideia era que esses países devessem criar reservas petrolíferas estratégicas capazes de serem utilizadas através da cooperação mútua, no intuito de enfrentar a escassez de oferta causada pela Opep ou por outros meios. Desde então, a AIE assumiu um papel muito mais amplo na análise do setor energético e fornece previsões de oferta e demanda para o petróleo, bem como para outras formas de energia, como a renovável.

    A questão para os investidores de commodities é saber se vale a pena levar em consideração as previsões sobre o crescimento das energias renováveis, ao avaliar o mercado e o futuro da demanda petrolífera.

    A maioria dos defensores das fontes renováveis de energia acredita que esse tipo de geração de eletricidade suplantará o uso dos combustíveis fósseis. Por essa razão, os operadores do petróleo deveriam considerar que análises prevendo um crescimento significativo da energia renovável seriam um sinal baixista para o petróleo no longo prazo.

    Contudo, um exame mais detido das últimas projeções revela que os traders fariam bem em não tomá-las como um sinal de que o consumo de petróleo pode se estagnar ou até mesmo cair nos próximos cinco anos.

    A análise de AIE apresenta uma visão bastante positiva das fontes renováveis de energia e uma perspectiva diametralmente oposta dos combustíveis fósseis, como o petróleo, o gás natural e o carvão.

    De acordo com a análise da AIE, a energia renovável “se tornará a maior fonte de geração mundial de eletricidade até o início de 2025, superando o carvão”.

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    Também declara que a capacidade instalada da energia solar fotovoltaica, isto é, a quantidade energia que as usinas solares conseguiriam gerar em condições ideais, ”deve superar a do carvão em 2027”. É difícil levar a sério essas alegações, já que o uso mundial do carvão aumentou significativamente em 2022 e deve crescer ainda mais em 2023.

    No mês passado, a AIE publicou um relatório declarando que o uso do carvão cresceu neste ano. A Europa utilizou 8% a mais de carvão em setembro em comparação com o mesmo mês do ano passado. De fato, está havendo um aumento da queima de carvão em todas as partes, exceto nos Estados Unidos.

    Além disso, a utilização global do carvão teria sido maior neste ano se a atividade econômica na China tivesse crescido. A previsão é que o uso do carvão no país asiático aumente no ano que vem, à medida que as autoridades locais flexibilizam as políticas de Covid zero.

    Grande parte desse crescimento no uso do carvão se deve às sanções dos países europeus à importação do gás natural da Rússia, muitos dos quais agora precisam recorrer a esse combustível fóssil mais poluente, a fim de gerar eletricidade.

    Além disso, países asiáticos, como China e Índia, dependem da importação de gás natural liquefeito (GNL) para satisfazer suas necessidades energéticas, e o preço do produto disparou, na medida em que sua demanda também aumentou na Europa. Por isso, o carvão está substituindo parte do GNL que os países asiáticos costumavam importar. Nada indica que haverá uma solução em breve para o conflito da Rússia na Ucrânia, portanto a expectativa é que o imbróglio continue em 2023.

    Isso significa que, apesar das políticas oficiais adotadas pela China, Índia, EUA e Europa, no sentido de promover a instalação de mais turbinas eólicas e usinas solares, a verdade é que os países ao redor do mundo continuarão dependendo dos combustíveis fósseis.

    No momento em que o gás natural está indisponível ou muito caro, a solução que eles encontraram foi recorrer ao petróleo e ao carvão. Essa realidade faz com que o futuro previsto pela AIE em seu relatório Renewables 2022 se torne ainda mais improvável.

    Para os investidores que desejam avaliar como o crescimento das fontes renováveis de energia impactará a demanda petrolífera nos próximos cinco anos, a previsão da AIE não é confiável, tampouco uma fonte útil de informação.

    As políticas raramente são implementadas como estão no papel, portanto, ainda que a demanda por energia solar e eólica deva crescer nos próximos anos, com o respaldo dos governos e ONGs, nem de perto as fontes renováveis conseguirão substituir as fontes tradicionais de energia nos níveis previstos.

    Aviso: A autora atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo.

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