Entendendo o Modelo de Negócio dos Bancos

 | 12.09.2019 11:44

Atualmente, muito se questiona a respeito do futuro dos bancos brasileiros. Durante décadas, eles surfaram em um ambiente pouco competitivo e auferiam margens e lucros extremamente altos, mesmo oferecendo produtos e serviços de má qualidade e pouco rentáveis para o cliente. A tecnologia reduziu as barreiras de entrada neste setor, possibilitando o surgimento das fintechs, novas empresas que prometem desafiar esses gigantes do mercado financeiro.

Tenho certeza que você interage todos os dias com um banco, seja pagando nele por alguma coisa ou sendo pago através dele. Tenho certeza também que você utiliza os serviços oferecidos por eles como a conta corrente, conta poupança ou empréstimos. Mas, mesmo convivendo diariamente com essas instituições financeiras, você sabe, exatamente, o que é um banco, o que ele faz e como ganha dinheiro?

Abordarei essas questões no texto de hoje, com base no livro “The Bank Investor’s Handbook”, de Nathan Tobik e Kenneth Yellen, o qual recomendo fortemente como leitura.

Um banco, de forma simples, é um intermediário financeiro que conecta pessoas que possuem dinheiro - e desejam poupá-lo, investi-lo ou simplesmente guardá-lo - com pessoas que necessitam dos recursos e, portanto, os tomarão emprestados.

Diversas pessoas criticam os bancos e atribuem a eles um estereótipo de vilão. De fato, muitos não atuam em prol do cliente, mas você consegue imaginar um mundo sem eles? Seria totalmente ineficiente e arriscado, uma vez que permitem que transações aconteçam, garantem crédito e facilitam os investimentos.

Os autores do livro, por meio de um exemplo hipotético, demonstram como seria o mundo sem essas instituições financeiras. Imagine que você é dono de uma loja de conveniências do seu bairro. Todas as vendas que você fizer terão de ser transacionadas por papel-moeda, uma vez que não haveria cartões, cheques ou qualquer outra forma de pagamento.

Todo o dinheiro recebido pela venda de produtos teria que ser guardado dentro de um cofre, já que você não teria um lugar para depositar esse dinheiro. Em caso de necessidade de compra de mercadoria, você teria de se transportar até o fornecedor com a quantidade de dinheiro em mãos.

Se, tempo depois, a sua loja estivesse “bombando” e você desejasse expandir, teria que conseguir isso organicamente, o que seria muito demorado - ou até mesmo impossível - uma vez que ninguém estaria disposto a te conceder crédito.

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Por fim, suponha que você tenha uma quantidade de caixa guardado que gostaria de aplicá-la em ativos mais seguros, como por exemplo, fazer um investimento em renda fixa. Neste caso, seria muito complicado investir em títulos que não fossem os do governo.

Com esses exemplos, fica fácil perceber o quanto estamos reféns dessas instituições financeiras. Em um mundo sem eles, o dono da loja teria de gastar muito tempo e esforço – e dinheiro! – com atividades que fogem de seu core business e, com certeza, isso se refletiria nos resultados da empresa.

Agora você já sabe o que é um banco e o tamanho da sua importância. Falta apenas entender como eles operam e ganham dinheiro. Para explicar isso, os autores do livro, novamente, utilizam um ótimo exemplo hipotético.

Tobik e Yellen pedem para que você se imagine parte de um grupo de cinco amigos que estão pensando em abrir um banco. Cada um dos sócios entra com R$ 2.000, totalizando um Patrimônio Líquido de R$ 10.000 (os valores são baixos e redondos para fins de simplificação).

Para formar o banco, vocês gastaram cerca de R$ 2.000, sobrando, portanto, R$ 8.000. Em termos de Balanço Patrimonial, esses R$ 8.000 estão no Patrimônio Líquido como Capital Social, e nos Ativos, como Caixa.

O segundo grande obstáculo, depois do alto investimento inicial, é a alta regulação do setor bancário. Os bancos são obrigados, por lei, a possuir uma porcentagem mínima do valor dos ativos em caixa, como uma espécie de colchão para cobrir eventuais calotes e possibilitar a retirada dos depósitos. Vamos utilizar a mesma taxa utilizada no exemplo: 8%.

Sendo assim, com R$ 8.000 em caixa, o seu banco pode emprestar até R$ 100.000 (mais que isso, vocês estouram a necessidade de possuir 8% dos ativos em caixa). No entanto, esses R$100.000 não vão cair do céu. Vocês precisam começar a receber depósitos. Para atrair depositantes, vocês devem oferecer uma taxa de rendimento. Utilizaremos 1%.

Os depósitos dos seus clientes entram como Passivo, ou seja, uma obrigação, uma vez que vocês são obrigados a devolver o dinheiro para as pessoas caso elas solicitem o resgate. Agora, o Balanço Patrimonial do seu banco está com R$ 108.000 em caixa, R$ 100.000 em Passivo e R$ 8.000 em Patrimônio Líquido.

Vocês precisam rentabilizar esse dinheiro, uma vez que terão de pagar aos clientes 1% do montante depositado. São R$ 100.000 em depósitos, portanto, R$ 1.000. Para rentabilizar este dinheiro, os bancos o emprestam para outras pessoas a uma taxa maior, ganhando com a diferença, o spread.

Vamos supor que vocês irão disponibilizar R$ 100.000 aos clientes a uma taxa de 5%. No final do período, o banco ganhou R$ 5.000 com empréstimos e pagou R$ 1.000 em depósitos, auferindo um Lucro Bruto de R$ 4.000.

Este exemplo hipotético é muito bom, porém básico. Os autores partiram da premissa de que todos os tomadores de empréstimos arcarão com o pagamento de juros, o que nem sempre é verdade. Além do mais, os bancos possuem outros serviços a mais do que apenas os depósitos e empréstimos. No entanto, estes são tópico mais complicados que posso abordar em outros artigos, se vocês quiserem.

Sendo assim, você entendeu o que é um banco, descobriu sua importância, a forma como operam e ganham dinheiro. Se você deseja se tornar um sócio de um banco nacional ou internacional, não precisa fazer como as pessoas do exemplo hipotético e abrir o próprio banco. Existe um jeito mais fácil para isso: comprando ações deles.

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