Especial Tesouro Direto: Riscos e Oportunidades do Trading Diário

 | 12.05.2017 01:00

O Investing.com Brasil dá sequência hoje uma série de três artigos sobre como investir no Tesouro Direto. Abordamos hoje as oportunidades e riscos de operar no Tesouro Direto sem esperar os vencimentos do papéis, ao entender como os eventos políticos e econômicos podem afetar o preço de face do papel. Essa é uma estratégia avançada de investimentos e envolve mais risco. Mais risco, mais downside ou mais upside. Para você que está apenas começando a investir, leia nossa primeira parte quando apresentamos os títulos disponíveis para compra e como aplicar seu capital para garantir bons rendimentos contando com o menor risco do mercado. Na próxima semana, trataremos como investir no longo prazo. Não perca e boa leitura!

Por mais que seja uma modalidade de investimento em renda fixa, o Tesouro Direto também tem um componente de negociação variável que pode abrir uma janela para ganhos extras para o investidor experiente, que conhece bem o mercado e o produto.

Os títulos possuem dois números importantes: o valor de face, o que determina o montante de papéis que será adicionado ao seu portfólio em cada operação; e o rendimento, que varia para cada um dos três tipos: pré-fixado, IPCA+ e Selic. A regra geral é quando os investidores estão mais cautelosos em relação ao governo, os juros sobem e o preço de face cai; e vice-versa.

Para o investidor tradicional, que pretende levar os títulos até o vencimento, o valor de face não é tão importante, pois a remuneração será feita em cima do montante aportado.

Já quem resgata antes estará sujeito aos humores do mercado, pois os preços de face, que flutuam diariamente, são utilizados para a venda do papel de volta ao Tesouro. Isso é chamado de marcação a mercado (ou market timing), ou seja, avaliar o valor do título na data atual, apesar de a remuneração contratada no investimento ser paga apenas numa data futura.

O que é um risco para alguns, é uma oportunidade para quem quer fazer tradings diários no Tesouro Direto. Essa estratégia gera mais entradasm em períodos de maiores incertezas políticas, o que amplia a volatilidade do mercado – e apimenta as apostas: contra ou a favor dos fatos.

h3 Pré-fixados mais voláteis/h3

Dos três títulos, os pré-fixados são aqueles mais expostos à variação do humor diário dos mercados. Como esses papéis têm sua remuneração travada pelo Tesouro Direto, se o mercado melhorar sua visão em relação à economia brasileira, em pouco tempo, os juros para um novo comprador podem ser menores. Para quem garantiu taxas pré-fixadas mais altas do que as do momento, o seu valor de face aumenta, assim como seu capital na hora da venda antecipada.

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“Quando a taxa de juros está em processo de queda, surgem oportunidades especulativas para quem tem títulos pré-fixados, mas esses movimentos costumam ser longos (...) As oportunidades são mais escassas [no trading com Tesouro Direto] do que no mercado de renda variável. Então pode-se ficar longos períodos sem oportunidades especulativas”, explica o consultor e educador financeiro, André Massaro.

Na atual conjuntura, a economia brasileira dá sinais de que a taxa básica de juros Selic e a inflação continuarão em queda, criando uma oportunidade para investimentos no Tesouro Direto com foco em remuneração em curto e médio prazos, baseada nessa negociação antecipada dos títulos.

Por exemplo, os papéis pré-fixados com vencimento 2020, 2023 e 2027 estão pagando 9,50%, 10,16% e 10,10%, abaixo da Selic, atualmente em 11,25%. Há a possibilidade de maximizar os ganhos, então, caso se confirmem a expectativa de redução brusca da taxa de juros no curto-médio prazo, se esses papéis com rendimento assegurado no vencimento passarem a pagar acima da Selic.

Outra vantagem do pré-fixado é que se confirmada uma tendência de longo prazo de queda nas taxas de juros, o investidor tem consigo não apenas oportunidades de especulação de curto prazo, como pode ter a opção de garantir uma taxa mais alta que pode não vir a se repetir no futuro.

“Vale a pena hoje ter certa exposição ao pré-fixado, pelo menos para ficar com uma taxa travada, previsível por um período de tempo”, acredita Massaro.

O mercado espera que o Banco Central acentue a redução na taxa de juros Selic, decidindo pela queda de 1 p.p., para 10,25% na próxima reunião do Copom, no dia 31 de maio, acompanhando a menor pressão inflacionária. O relatório Focus mais recente estimou uma nova redução no IPCA para 4,01% em 2017 e uma leve alta em 2018, para 4,39%.

Há ainda uma expectativa de que a reforma da Previdência pretendida pelo governo dê mais espaço para redução da Selic. Relatório recente do Citi estimou que, mesmo com a resistência no Congresso, a reforma deve ser aprovada no terceiro trimestre deste ano.

O banco de investimento, inclusive, recomenda uma estratégia de compra de risco moderado de títulos públicos em maio, com alocação de 47% de recursos em papéis indexados à Selic (LFT), 29% em pré-fixados (LTN) e 25% no Tesouro IPCA (NTN-B).

h3 Maior prazo aumenta a volatilidade/h3

Além dos pré-fixados, os títulos IPCA+ também compartilham a característica de volatilidade na marcação de preços diária, já que parte da remuneração é paga em uma parcela fixa acrescida do IPCA.

E esses papéis podem ter prazos bem longos, como vencimento em 2050. Isso significa que a taxa de 5% negociada hoje será honrada pelo governo pelos próximos 33 anos. Se a economia brasileira melhorar nesse período, esse alto valor real de 5% ao ano poderá ser uma das melhores oportunidades para o investidor. Já se piorar... os juros no futuro serão mais altos e o valor de face de seus investimentos vai ceder.

No ano passado, a turbulência política durante o impeachment e as dúvidas em relação à capacidade do governo de controlar o crescente déficit fez as taxas do Tesouro Direto dispararem. Quem comprou IPCA+7% ou pré-fixados a 15% naquela época, hoje já possui um bom rendimento no valor de face.

Em linhas gerais, quanto mais longo for o vencimento do título, mais sujeito ele está a variações, dado o maior período de incerteza que podem afetar o valor da parcela pré-fixada. A mesma lógica aplica-se ao pagamento sazonal dos juros, isto é, títulos que pagam juros semestrais oscilam menos já que os papéis que remuneram apenas no vencimento carregam consigo um rendimento maior.

h3 Riscos no trading/h3

A estratégia de liquidação antecipada de títulos públicos, portanto, carrega consigo uma série de riscos desde a não confirmação das expectativas do mercado ao cenário político do país – a votação da reforma da Previdência já foi adiada no fim de abril por falta de apoio parlamentar.

Desta forma, o investidor fica sujeito exclusivamente à remuneração pela taxa pré-fixada, que pode representar um ganho real menor no fim do período e, caso os papéis oscilem negativamente, gerar perdas em caso de venda antecipada dos títulos.

“Outro risco é o do reinvestimento. Você liquida o título e não consegue reinvestir no futuro com uma taxa alta. Pode ter um ganho no curto prazo e no longo uma perda, se vender um título com uma taxa enorme e que nunca mais volte aos níveis atuais ou perto deles”, alerta o consultor.

Na próxima semana, trataremos na terceira parte do ESPECIAL TESOURO DIRETO como investir em títulos públicos operando para obter ganhos acima da inflação por longos períodos. Veja como o Tesouro Direto também é uma boa alternativa para objetivos de longo prazo como aposentadoria e a compra de um imóvel.

Na semana passada, abordamos os títulos disponíveis para venda e como abrir sua conta no Tesouro Direto. Se tem dúvidas de como investir, não perca essa leitura.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
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