Estamos Vivendo uma Bolha na Bolsa?

 | 15.09.2017 11:22

O Ibovespa engatou a sexta marcha e chegou a um patamar recorde nessa semana, na região dos 75 mil pontos, com fartos sinais de que não vai parar por aí. É claro que a maior preocupação, sobretudo dos vacinados pelas frequentes reviravoltas do mercado acionário brasileiro, é descobrir se toda essa alegria tem fundamento. No fim das contas, todos queremos saber se isso não é uma bolha já que a economia tem ritmo lento de recuperação e as empresas apresentam múltiplos muito esticados (empresas de varejo com relações preço/lucro acima de 50). A resposta, posso antecipar, é de que estamos apenas no começo do movimento, que está muito longe de ser uma bolha.

As bolhas ocorrem quando os preços se descolam fortemente de seus fundamentos. Esse movimento é acelerado por crenças e manias que os agentes econômicos desenvolvem em relação a algum bem, seja ele uma ação, um título da dívida de algum país, imóveis ou até mesmo flores, como as tulipas no século XVII, na Holanda. O que mais preocupa quando a “psicologia das massas[1] ” corre em direção às bolhas é que se desenvolve a ideia, rigorosamente equivocada, de que “dessa vez é diferente”, “estamos em uma nova era” ou que “há inovações”. Esses componentes psicológicos que configuram o pensamento de todos os indivíduos que colaboram para inflar as bolhas, do lado dos perdedores, se confunde com coisas muito reais que nos movem no dia a dia. Os avanços científicos que se disseminam pela sociedade, levando a humanidade ao progresso, com certeza são espetaculares.

O problema é confundirmos as coisas reais que nos levam para um futuro realmente moderno, como o sistema de distribuição desenvolvido pela Amazon, com coisas estúpidas como as empresas “ponto com” dos anos 1990, os fundos e títulos subprime de 2008 e atual febre das “criptomoedas” (sobre a qual falarei na semana que vem). As bolhas são difíceis de serem identificadas, mas essa tarefa não é impossível.

As ações estão subindo no Brasil porque estão subindo em todo mundo, porque os juros estão caindo fortemente e porque a economia em recuperação pode levar os múltiplos das empresas a melhorarem de sorte que as vejamos como muito baratas e não como caras.

No mundo as ações estão em seus patamares mais elevados porque os juros estão muito baixos e ficarão assim por muito tempo. Os juros abaixo são os dos títulos de dez anos dos EUA:

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