Falando de Risco Soberano

 | 22.01.2012 16:06

Os mercados fecharam esta semana meio que ignorando os vários rebaixamentos ocorridos na sexta-feira anterior nos rating soberanos de vários países da zona do euro. Além da França, foram rebaixados Espanha, Portugal, Itália, Áustria, só nos mais importantes. Isto torna a capacidade de rolagem de dívida destes países cada vez mais complicada. Portugal, por exemplo, teve seus títulos rebaixados a junkbonds, e a Itália perdeu dois degraus, mesmo que ainda acima do rating do Brasil.

No entanto, ao longo da semana, nas rolagens de títulos realizadas por Portugal, Espanha e França, só para ficarmos nos mais importantes, a demanda foi forte e as taxas negociadas melhores do que o esperado. Como explicar isto ? Acreditamos que os investidores já haviam precificado estes rebaixamentos, não sendo surpresa para ninguém, o que fez com que as bolsas de valores atravessassem a semana ignorando este acontecimento. A França com uma dívida de 86% do PIB, e um déficit de 5,8% do PIB, já era considerada a bola da vez para ser rebaixada. Sendo assim, a perda do triple A para AA+, portanto, fazia todo sentido. A próxima a rebaixar deve ser a Fitch.

Sobre a situação fiscal da zona do euro, o que se tem é um cenário ainda muito delicado. O possível consenso dos 17 países membros da zona do euro, em torno da busca de uma convergência nos indicadores fiscais, pode ser um bom sinal, mas será que a Grécia consegue atingir as metas fiscais negociadas? É possível que o tal pacto fiscal seja fechado até fins de março. Nas negociações dos gregos com os credores, o que se tem é o pedido de deságios acima de 50%, podendo chegar a 70% sobre o que é devido aos credores privados. Em resumo, os bancos credores terão que arcar com pesados prejuízos neste processo.

Para piorar, Nicholas Sarkozy se confronta com uma eleição neste ano, e a possibilidade de derrota cresce depois deste rebaixamento. Neste contexto, com a zona do euro com situações fiscais tão diferenciadas, as taxas de juros locais e o custo de captação acaba tornando cada vez mais difícil qualquer convergência macro, ainda mais nos regimes fiscais diferenciados. A seguir, tentemos entender o que são estes ratings, como eles são avaliados e o que isto causa para os mercados.