“Fatura” de Erros de Política Monetária e Econômica do Brasil Já Compromete 2022

 | 15.10.2021 07:00

É inegável que o mundo global “ao acordar” da fase mais intensa da pandemia está enfrentando uma forte tendência inflacionária de custos, e isto decorre da retomada que representa maior demanda de bens que apresentam escassez no momento e de questões climáticas imponderáveis e imprevisíveis.

Mas, é preciso separar o “joio do trigo” e não permitir se seduzir pelas alegações do governo brasileiro, em especial do Ministério da Economia, de que a “culpa é dos alimentos e da questão hídrica”, pois isto neutraliza as verdadeiras e causas iniciais do impacto na economia brasileira.

Nem tudo que vemos tem causa na pandemia, nem “a priori” na escassez de produtos, aliás teve início quando havia abundância e preços acomodados, o Brasil errou bem antes de forma dantesca em suas políticas monetária e econômica e por não ter feito as correções ao tempo certo, atualmente recebe pressões maiores, podendo mesmo comprometer seriamente as perspectivas para o ano eleitoral de 2022, atropelando as intenções políticas do atual presidente.

É preciso “retornar” no tempo para verificarmos a evidência dos erros e reconhecer que hoje temos as consequências normais, a despeito do quadro atual da inflação de demanda e escassez de produtos/insumos a nível global.

O governo atual “recebeu” o país sem “punch” interno, então, até corretamente, o Ministro da Economia lançou a campanha do “dólar alto e juro baixo”, com o claro interesse de conclamar o parque industrial e demais setores a acentuar a atividade exportadora, retrair a importação a qual atribuía a derrocada da indústria brasileira com desnacionalização e incentivar o empresariado ao investimento produtivo.

Não demorou muito tempo para que ficasse evidente a percepção de que o “teórico não se confirmava na prática”, as reações não corresponderam ao ideário, e, era o momento de revisão da estratégia, visto que o único setor da acentuar suas transações externas foi o de commodities, que já tinha preços internacionais extremamente aviltados e assim juntou os dois fatores, preço alto e taxa da moeda para conversão elevada e hoje representa 70% da pauta exportadora brasileira, retornando o Brasil colonial, deixando pífios 30% para todos os demais produtos brasileiros, que a rigor, com raríssimas exceções tem baixo valor agregado.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Com o mote mantido do “câmbio alto e juro baixo” foi dado o “start” para a dinamização da inflação no Brasil, o que aconteceu gradualmente enquanto os preços subiam, mas ainda havia fartura de estoques.

O erro estratégico foi persistido, faltou sensibilidade ao Ministério da Economia para revisão do que não estava dando certo, e ao seu subordinado BC/COPOM a percepção de que se acentuava o rebote dos preços internacionais agravados pelo câmbio alto local se transformando em inflação que requeria enfrentamento mais incisivo. O governo manteve inalterada a estratégia beneficiando um único setor, o agronegócio, e o BC/Copom usava a metáfora enganosa de que a inflação era “temporária”.

Este é o “x” da questão brasileira, por isso nosso quadro prospectivo no todo é pior que o do mundo global, a pandemia do coronavírus se assentou já num cenário comprometido por erros crassos, posteriormente relegados a plano secundário e, atualmente, ocorre tão somente a consequência dos erros do passado recente.

Agora, até parece um sofisma quando o Ministro da Economia vai ao FMI e diz que “está tudo sob controle na parte fiscal, no déficit etc...”, quando todos sabem que não é bem assim, danos irreparáveis para este governo estão presentes e podem neutralizar projeções para 2022 na medida em que cresce a percepção de que “a situação brasileira” é a pior entre os emergentes e não tem solução fácil mesmo que tardiamente procure reparar os estragos.

Há uma sensação de que não há mais tempo para a reação “causa-efeito” no prazo de 1 ano no mínimo.

Vai continuar timidamente elevando a Selic, com baixo efeito reflexivo na curva inflacionária que é forte e consistente e “criada por nossos próprios erros de forma sólida” agora se sustenta do quadro global.

Quadro extremamente preocupante para as perspectivas para 2022, sensação clara de que não há como recuperá-las da tendência negativa, o país deve crescer menos, bem menos do que o esperado, a FBCF está cadente, os investimentos estrangeiros idem, há um estado letárgico predominante que dá suporte ao desemprego e pobreza crescente, há percepção de pouco governo e planos e muita politicagem, reformas não avançam, cultivo de ambiente irritadiço entre os poderes.

As grandes economias passam por ajustes e até algumas crises pontuais, mas todos os “ventos” que poderão advir serão contrários, o Brasil não se ajudou para ser ajudado, não há como se falar em “redução da aversão ao risco” ou coisas semelhantes.

O juro com o IPCA aquecido e o mercado praticando IPCA + 4/5%aa tende a concorrer com a Bovespa em atratividade de rentabilidade e o dólar pode ficar sendo “mascarado” com leilões de swaps pontuais ou impontuais dentro de uma anormalidade que evidencia o grau de desestruturação, mas uma irrealidade.

Enfim, o olhar cético provoca preocupações fundadas, o tempo deverá mostrar com fatos consumados, mas o que o desafio brasileiro é magnânimo e desalentador.

Não há como ancorar projeções mais assertivas, a chance de erro é enorme, ainda há espaço para piorar.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações