Rudá Pellini | 13.04.2021 08:30
Com o grande aumento do interesse institucional pelo Bitcoin e a recente alta, aumenta também o interesse em ativos que possuam exposição direta ou indireta aos commodities , seria como se o custo para produzir a mesma quantidade de sacas de soja aumentasse cada vez que tivéssemos a entrada de novos produtores.
E qual o custo hoje? Gosto de balizar o custo de produção pelo principal insumo, que é a energia. Considerando um Energy Rate de US$ 16 por MWh, que é a faixa de preço energia que estamos fazendo as instalações de nossas novas plantas nos EUA, o custo de energia para se produzir um Bitcoin hoje é de cerca de US$ 4200.00.
Como energia não é o único custo, mas é o principal, o que vem a seguir são custos operacionais. Nesse sentido, é muito importante analisar a eficiência dos equipamentos e do Data Center. Estruturas de gestão complexas acabam aumentando substancialmente o custo de operações. Como qualquer outro modelo de negócio, um modelo Lean com baixo overhead vai sempre ser mais interessante e apresentar melhores resultados.
De nada adianta investir no melhor negócio do mundo, se você não terá garantia jurídica de que seu investimento estará seguro.
O acesso à energia barata é de fato um dos principais motivos para levar mineradores à regiões inóspitas da Russia, por exemplo, ou ainda em lugares como o Casaquistão, Irã e Venezuela. Muitos brasileiros também acabam recorrendo ao Paraguai, quando pretendem investir por conta própria nesse tipo de operação.
Na minha visão, a segurança jurídica e facilidade de fazer negócios é um dos fatores chave quando analiso oportunidades de longo prazo, principalmente quando é possível ter o mesmo custo energético em uma jurisdição confiável.
Vale ressaltar que a necessidade de investimento em infraestrutura é substancialmente elevada para uma operação de mineração. Esse é outro motivo para considerar a jurisdição um fator primordial.
A natureza da infraestrutura e o formato da operação fazem muita diferença no capex necessário para a viabilidade do negócio e influenciam diretamente no resultado final.
Por exemplo, existem hidroelétricas disponíveis para venda na América do Norte, com geração de 3-5MW, mas o investimento necessário imobilizado é relevante. Faz mais sentido comprar uma operação deste porte e ter um custo de energia mais baixo ou reduzir a necessidade de capex e pagar um pouco mais caro na energia? Esses são fatores importantes na decisão que compõe a tese de investimento em mineração.
Mineração é um business de capital intensivo e economias de escala, onde para se manter eficiente no longo prazo, investimentos em tecnologia serão necessários para ganho contínuo de eficiência. Não somente isso, ao analisar uma operação de mining é necessário entender se existe um caminho claro de crescimento do negócio, com acesso à energia barata em escala e fornecimento de hardware.
De nada adianta investir em um modelo de negócios que terá dificuldades de crescer e ganhar escala.
No gráfico abaixo separei as ações das quatro principais mineradoras listadas e comparei com o a performance do Bitcoin. Selecionei a Marathon (NASDAQ:MARA), HIVE Blockchain Technologies (TSXV:HIVE), Bitfarms (CVE: BITF) e Hut8 (TSE: Hut).
Como demonstrado, nos últimos 12 meses, as ações dessas mineradoras superaram a performance do Bitcoin com um beta médio de cerca de 2,5. Ou seja, para cada 1% de variação no preço do Bitcoin, as ações dessas mineradoras variaram na média cerca de 2.5%.
Essas quatro mineradoras estão bem posicionadas nos itens levantados acima, mas possuem, sem exceção, pontos de atenção. A Marathon, apesar de ter apresentado grande valorização, possui um alto custo operacional. Já a Hive, Bitfarms e Hut8 ainda possuem muitos equipamentos de gerações anteriores, com menor eficiência de produção.
Ainda assim, por serem as principais mineradoras do mercado, com o aumento da adoção e exposição de investidores institucionais, essas companhias passaram a ter mais acesso à capital.
Desde o final do ano passado, nomes como Fidelity Investments, Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34) e Digital Currency Group, entre outros, anunciaram investimentos significativos no setor.
Cabe ressaltar que a indústria de mineração de Bitcoins e criptoativos está diretamente relacionada e dependente da indústria de semicondutores. Atualmente, as maiores fornecedoras de semicondutores para o mercado de mining são a TSM (NYSE:TSM) e a Samsung Eletronics. No início de março a Samsung anunciou um investimento de US$ 17 bilhões em uma nova fábrica de chips nos EUA.
Além das mineradoras listadas em bolsa, ainda não existem veículos para que o investidor de varejo consiga ter exposição em mineração de forma segura. Já houveram no passado, ofertas de “cloud mining” e até “multinível” que supostamente investiriam em mineração, mas infelizmente não passaram de golpes e fraudes para ludibriar os pequenos investidores.
Investidores profissionais e instituições, como Family Offices por exemplo, conseguem acessar veículos privados em jurisdições como os EUA ou Europa. Como gestora, já viabilizamos o investimento de mais de US$ 12 milhões em operações de mineração desde 2017 nos EUA. Nossa estimativa aqui na Wise&Trust é de pelo menos quadriplicarmos esses investimentos em 2021 e acredito que ainda neste ano teremos muitas novidades para os investidores de varejo que desejam ter exposição nessa indústria de forma segura e regulada.
Uma outra possibilidade seria uma exposição indireta, através de algumas empresas de energia. Um caso recente foi da CleanSpark Inc. (Nasdaq: CLSK), empresa americana voltada para microgrids de energia e que fez um primeiro investimento de US$ 20 milhões no setor no final de 2020 e pretende ampliar ainda mais sua estrutura de mineração de Bitcoins neste ano.
A indústria de energia também começou a mirar em investimentos em mineradoras para otimização de suas operações, já que é possível utilizar a mineração como forma de balanceamento de carga para operações geradoras de energia.
Uma famosa frase dos anos 1840 diz que “na corrida do ouro, ganha dinheiro quem vende pás e picaretas”. Na corrida do ouro moderna, os fornecedores de infraestrutura e serviços para a rede (e, portanto, os vendedores de pás) são os mineradores.
Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
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