Fed Exagerou nas Ações para Combater um “Desastre Natural”?

 | 20.05.2020 16:06

É possível que o Fed tenha exagerado na reação a um desastre natural?

Ao longo da história, dois tipos distintos de eventos recessivos costumam ocorrer. O primeiro envolve uma recessão de ciclo econômico, que acontece com alguma regularidade devido ao acúmulo de excessos na economia. Esses ciclos geralmente levam de 12 a 18 meses para serem concluídos, à medida que esses excessos são revertidos.

Existem ainda as recessões motivadas por eventos, que podem ocorrer por desastres naturais. Estas geralmente apresentam uma duração muito mais curta e podem atingir setores específicos. Um evento dessa natureza foi o terremoto/tsunami de 2011 no Japão, que acabou causando uma recessão temporária na indústria do país.

É essencial que o governo compreenda o tipo de ciclo recessivo a ser combatido, a fim de levar a cabo a resposta fiscal e monetária correta. Como ocorre com qualquer enfermidade, a aplicação da medicação errada pode causar consequências imprevistas.

São cada vez maiores as expectativas de interrupção das atividades econômicas pela covid-19, e a subsequente reação recessiva não deve durar muito. A expectativa é que, com a reabertura da economia, a atividade retornará, e os negócios serão rapidamente retomados.

Se isso realmente acontecer, será que o Fed aplicou a "medicação" errada para curar o paciente econômico?

Remédio monetário

Como afirmei em um artigo recente:

“No mês passado, o Federal Reserve e o governo despejaram uma torrente de liquidez nos mercados dos EUA para compensar a crise de crédito de proporções históricas. Implementou-se uma série de programas que já ultrapassaram todas as medidas tomadas durante a Crise Financeira.

  • 06/03 – Pacote de US$ 8,3 bilhões em gastos emergenciais.

  • 12/03 – Federal Reserve fornece US$ 1,5 trilhão em liquidez.

  • 13/03 – Presidente Trump promete suspender os pagamentos de juros sobre empréstimos estudantis.

  • 13/03 – Presidente Trump declara emergência nacional e libera US$ 50 bilhões em fundos.

  • 15/03 – Federal Reserve corta taxas a zero e lança US$ 700 bilhões em flexibilização quantitativa.

  • 17/03 – Fed lança linha de crédito a instituições autorizadas para comprar títulos corporativos.

  • 18/03 – Fed cria linha de liquidez para fundos mútuos e o mercado financeiro.

  • 18/03 – Presidente Trump assina plano de alívio ao coronavírus para expandir a licença remunerada (US$100 bilhões).

  • 20/03 – Presidente Trump invoca a Lei de Produção de Defesa.

  • 23/03 – Fed promete “flexibilização ilimitada” para adquirir títulos corporativos, hipotecários e do Tesouro.

  • 23/03 – Fed lança duas linhas de crédito corporativo:

    • Uma linha de crédito para o mercado primário (Emissão de novos títulos de 4 anos para empresas).

    • Uma linha de crédito para o mercado secundário (Aquisição de títulos corporativos e ETFs de títulos corporativos).

  • 23/03 – Fed abre uma linha de crédito a termo lastreada em ativos (empréstimos a pequenos empresários).

  • 09/04 – Fed inicia diversos novos programas:

    • A linha de crédito do programa de proteção de folha de pagamento (Aquisição de US$ 350 bilhões em empréstimos da SBA).

    • Um programa de empréstimos para empresas da Main Street (US$ 600 bilhões em empréstimos adicionais a pequenas empresas).

    • A Linha de Liquidez Municipal (Aquisição de US$ 500 bilhões em títulos municipais).

    • Expansão de financiamentos para PMCCF, SMCCF e TALF de até US$ 850 bilhões.

Acúmulo de dívida

Apresentamos a seguir o balanço patrimonial do Fed até 13 de maio: