Michael Kramer | 10.09.2021 09:30
Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
A reação imediata da maioria dos investidores à grande decepção com o relatório de empregos de agosto nos EUA foi acreditar que a economia americana está desacelerando, o que reduziria as chances de o Fed realizar um aperto.
Sim, o crescimento do PIB está perdendo força. O modelo divulgado pelo Fed de Atlanta, em 2 de setembro, sugere que o avanço no terceiro semestre será de 3,7%. Isso está muito longe do que muitos esperavam no início do trimestre.
No entanto, não significa que o Fed atrasará a redução de estímulos, o chamado “tapering”. Se analisarmos a fundo o último relatório de empregos, há muitas indicações de que o mercado laboral está ganhando força, e isso deve fazer com que o banco central americano siga com seu cronograma de tapering para setembro ou novembro.
h2 Relatório de empregos não deve atrasar redução de estímulos/h2Possivelmente um dos dados mais robustos do último relatório de empregos nos EUA foi a medida U-6 de desocupação. A taxa caiu para 8,8%, seu nível mais baixo na era pós-Covid. Esse número é especialmente impressionante, porque o Fed encerrou a flexibilização quantitativa em 2014, quando essa taxa era muito maior – acima de 10% – e depois elevou os juros em 2015.
Em 2004, a leitura do U-6 estava em torno de 10%, quando o Fed iniciou o aperto monetário. Pelo padrão U-6, tudo indica que o limiar para reduzir as compras de ativos foi satisfeito.
Mais impressionante ainda foi o declínio no número de pessoas desempregadas de 318.000, para 8,4 milhões, em comparação com 8,7 milhões em julho e 9,5 milhões em junho. O mais significativo em relação a esse total é que a leitura menor foi se deveu a pessoas desalentadas e, portanto, não mais contadas como desempregadas. A métrica de pessoas fora da força de trabalho registrou seu terceiro mês seguido de quedas e recuou 49.000 em agosto, para 100 milhões. Além disso, a métrica de empregados subiu 509.000, para 153,1 milhões em agosto, ante 151,6 milhões em junho. No geral, a força laboral cresceu para 161,5 milhões em agosto, uma alta de 190.000. Todos esses dados mostram que as pessoas que procuraram emprego em agosto nos EUA conseguiram encontrá-lo, e as pessoas que não faziam parte da força laboral voltaram para o mercado de trabalho.
Em vista disso, tudo leva a crer que o mercado de trabalho americano está bastante robusto e, embora o crescimento do PIB esteja arrefecendo, parece estar retornando para sua tendência de longo prazo. Esse retorno à média está acontecendo mais rápido que a maioria das pessoas esperava. No entanto, o fato de a economia americana estar retornando para sua tendência de longo prazo não é uma razão para se postergar o processo de retirada de estímulos.
Agora é momento perfeito para que o Fed retire os estímulos, em vez de prorrogá-los. O mercado de ações nos EUA está em sua máxima histórica e, em grande parte, ignorou qualquer risco de condições financeiras mais restritas decorrentes disso. Se o Fed ficar parado, não fará outra coisa senão permitir que o mercado acionário recue antes do tapering, criando uma situação que o próprio banco central deseja evitar. Uma correção do mercado acionário nunca é legal, mas pode ser mais fácil navegar a partir da máxima recorde, do ponto de vista de posicionamento.
Embora a economia americana tenha desacelerado no terceiro trimestre e o número de empregos de agosto tenha ficado aquém das expectativas, nada mudou de relevante no ponto de vista do Fed. A economia dos EUA está bastante forte e não precisa mais dessa política monetária ultra-acomodatícia.
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